terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Dia 30 de Dezembro, desaparecimento de Srila Jiva Gosvami



JIVA GOSWAMI, o sobrinho e discípulo de Srila Rupa Goswami, era um dos seis Goswamis de Vrindavana. Depois do desaparecimento de Rupa Goswami e Sanatana Goswami, Sri Jiva Goswami se tornou o principal acharya para a comunidade vaishnava. Srila Jiva Goswami foi o maior e o mais prolífico estudante do seu tempo. Ele compôs meio milhão de versos em sânscrito sobre a ciência da devoção e as glórias de Krishna. (Veja Sri Caitanya-caritamrta, Adi-lila 10.85).

sábado, 27 de dezembro de 2008


Minhas manifestações são ilimitadas. Eu sou o Espírito supremo que reside em todos como a superalma. Eu, também, sou o criador, mantenedor e destruidor; o começo, o meio e o fim de todos os seres. Eu sou o sustentador. Entre as luminárias Eu sou o sol; Eu sou o controlador do vento; entre as estrelas Eu sou a lua. Eu sou os Vedas. Eu sou o controlador celeste. Entre os sentidos Eu sou a mente; Eu sou a consciência nas entidades vivas. Eu sou o Senhor Shiva. Eu sou o deus da riqueza; Eu sou o deus do fogo e as montanhas. Eu sou o sacerdote e o general do exército dos controladores celestes. Eu sou o oceano entre os copos da água. Eu sou o grande sábio Bhrigu. Eu sou a monossílaba cósmica "AUM" por entre as palavras; Eu sou a repetição silenciosa do mantra (japa) por entre as disciplinas espirituais, e, entre as montanhas, Eu sou o Himalaia. Entre as árvores, eu sou a sagrada figueira; entre os sábios Eu sou Narada, e Eu sou o celestial regulador. Conheça-Me como o animal celestial entre os animais, e o Rei entre os homens. Eu sou o raio entre as armas, e Eu sou o cupido para a procriação. Eu sou o deus da água e das serpentes. Eu sou o controlador da morte. Eu sou o tempo ou a mortalidade entre os remédios; o leão entre os animais, e o rei dos pássaros entre os pássaros. Entre os purificadores Eu sou o vento, e entre os guerreiros Eu sou o Senhor Rama. Eu sou o crocodilo entre os peixes, e o sagrado rio Ganges entre os rios. Eu sou o começo, o meio e o fim de toda a criação. Entre o conhecimento, Eu sou o conhecimento do Ser Supremo. Eu sou a lógica dos lógicos. Eu sou a letra "A" dos alfabetos. Eu sou o composto dual entre as palavras compostas. Eu sou o tempo sem fim. Eu sou o sustentador, e Eu sou onisciente. Eu sou a morte a que tudo devora, e também a origem dos futuros seres. Eu sou a fama, a prosperidade, a fala, a memória, a inteligência, a decisão e o perdão. Eu sou os hinos védicos. Eu sou os mantras; Eu sou o mês de Novembro e Dezembro entre os meses; e entre as estações Eu sou a primavera. Eu sou a aposta dos apostadores; a resplandecência do esplendor; a vitória dos vitoriosos; a decisão das decisões; e o bom da bondade. Eu sou Krishna, Vyasa, Arjuna, e o poder dos reguladores, a política dos que buscam a vitória. Entre os segredos Eu sou o silêncio, e do auto-conhecimento Eu sou o conhecível. Eu sou a origem de todos os seres. Não há nada, animado ou não, que possa existir sem Mim.

BG 10 (19 ao 39)

quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Se Deus é tão bom, bem como Todo-poderoso, por que ele não evita o sofrimento? Como devemos reagir quando acontecem coisas que não nos fazem sentido?



A causa primária do sofrimento é a ignorância, que resulta em pecado. Quando alguém tem uma doença contagiosa, podemos invariavelmente concluir que ele contraiu a infecção de alguma forma, mesmo que não esteja claro de onde, como e assim por diante. Similarmente, quando há algum sofrimento, podemos concluir que houve o cometimento de algum ato pecaminoso no passado por parte da pessoa em questão, nesta vida ou em uma vida anterior, consciente ou inconscientemente.
Todos neste mundo material, mesmo aqueles que são piedosos e possuidores de um coração moderadamente bom, executam muitas atividades pecaminosas. Mesmo nos atos aparentemente inofensivos - como o nosso cozinhar e comer, ou mesmo os atos de caminhar e respirar - causamos sofrimento a outras entidades vivas, o que dizer de outros atos de deliberada aspereza na fala e na atividade e de nossa exploração das energias de Krsna para fins egoístas! Cada um destes atos traz reações conseqüentes.
Atividades piedosas têm suas próprias reações kármicas (a saber, “punya”), mas punya, mesmo em grandes ou imensas quantidades, não nega ou neutraliza as reações pecaminosas. A pessoa tem tanto que desfrutar os resultados de punya como sofrer qualquer reação pecaminosa cabida a ela. Quando vemos uma pessoa assim-chamada “ruim” prosperando, devemos entender que ela está simplesmente colhendo os resultados de algumas atividades piedosas pretéritas.
Se toda atividade envolve algum bom ou mau karma, temos de nos conformar que o sofrimento é inevitável? Não. O Bhagavad-gita apresenta uma solução para essa situação desagradável: todo trabalho deve ser feito como um sacrifício a Visnu, pois semelhante trabalho não traz nem reações piedosas nem reações pecaminosas, e assim não condiciona.

S.S. Romapada Swami www.romapadaswami. com

O Senhor Caitanya Mahaprabhu instruiu Seus discípulos a escrevem livros sobre a ciência de Krsna, uma tarefa que Seus seguidores continuam a realizar até os dias atuais. As elaborações e exposições sobre a filosofia ensinada pelo Senhor Caitanya são, de fato, as mais volumosas, exatas e consistentes –isto devido ao sistema de sucessão discipular. Embora fosse amplamente conhecido como um erudito em Sua juventude, o Senhor Caitanya nos deixou apenas oito versos, chamados Siksastaka. Estes oitos versos revelam de forma concisa e clara os ensinamentos de Sri Caitanya Mahaprabhu, cuja essência é o cantar do santo nome.


O primeiro verso estabelece sraddha, fé no santo nome, enumerando suas sete qualidades transcendentais.


O segundo verso descreve o progresso de sadhu-sanga e bhajana-kriya a anartha-nivrtti apresentando a grande potência espiritual do santo nome como o melhor processo de sadhana e enfatizando a importância de nos livrarmos dos anarthas por meio da evitação das dez ofensas contra o santo nome.


O terceiro verso ilustra o humor de profunda humildade de um devoto que alcançou o estágio de nistha, fé estável.


O quarto verso expressa a atitude de um devoto no estágio de ruci, o qual esquece seus desejos materiais e desenvolve devoção imaculada a Krsna.


O quinto verso retrata a oração de um devoto dotado de asakti, profunda afeição a Krsna, e que não anseia por nada senão Sua associação.


O sexto verso apresenta os sintomas extáticos de um devoto que obteve bhava, amor extático por Krsna.


O sétimo verso expressa o sentimento de separação (vipra-lambha) de um devoto que, por fim, alcançou o estágio supremo de prema, amor puro por Deus.


Finalmente, o oitavo verso é a oração do devoto em prema-bhakti, o qual possui plena realização de sua relação individual eterna com Krsna e experimenta sambhoga, associação direta com o Senhor.

Srila Bhaktivinoda Thakura conclui esta descrição em seu Bhajana-rahasya com o seguinte pedido: Ó irmãos, o santo nome jamais perde qualquer potência quer no estágio de prática quer no estágio de perfeição; cantem o santo nome, portanto, e considerem tal cantar o seu único objetivo, sem levar em consideração nenhuma outra forma de sadhana.

A.C. Bhaktivedanta Svami Prabhupada

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Sri Sri Siksastaka (verso 8)

Composição de Sua Onipotência Sri Krsna Caitanya Mahaprabhu
Significados de Sua Divina Graça Bhaktisiddhanta Sarasvati

Verso 8

aslisya va pada-ratam pinastu mam
adarsanan marma hatam karotu va
yatha tatha va vidadhatu lampato
mat-prana-nathas tu sa eva naparah

Que Krsna abrace com firmeza esta criada, a qual está caída a Seus pés de lótus, ou que Ele pise em mim ou despedace o meu coração evitando estar presente diante de mim. Ele é um libertino, afinal, e pode fazer o que bem entender. Entretanto, Ele sempre será o Senhor adorável de meu coração incondicionalmente.

“Sou meramente uma despretensiosa criada das gopis, as quais estão absortas no variado serviço aos pés de lótus de Sri Krsna. Krsna talvez me abrace, talvez tire proveito de mim, ou Ele talvez parta o meu coração não Se colocando em minha presença. Ele é um libertino (lampatah) sempre ocupado em seduzir e desonrar as jovens gopis. Que Ele triunfe fazendo o que quer que Lhe compraza; Ele, independente de tudo, é o amado Senhor de meu coração – nada senão o amado Senhor de meu coração – e não me há ninguém além dEle. Sri Krsna é a Pessoa Suprema, plenamente independente; e agir de acordo com os Seus desejos é a minha única religião. Eu não sou nem independente nem suficientemente caprichosa para me desviar dessa atitude de serviço ou para ir contra a Sua vontade”.

No estágio de perfeição, a alma espiritual é destituída tanto de designações materiais corpóreas como de designações mentais de mesma categoria e alcança então o reino transcendental de Vrndavana-davana, o parque de diversões eterno do Senhor Krsna, onde todos os desejos dEle são atendidos. Então, a alma espiritual se torna uma assistente feminina de uma gopi e serve Krsna em sua identidade espiritual original (siddha-deha) abençoada com sentidos supramundanos (aprakrta). Seu único objeto de meditação é a satisfação dos desejos de Krsna – esta é a verdadeira forma de prema-bhakti, a devoção imaculada ou o amor a Deus.
A alma espiritual, agora livre de toda contaminação e existindo no mundo espiritual, jamais deve se considerar como a asraya-vigraha, ou o eterno emblema sustentador do amor espiriual a Sri Krsna, senão que deve sempre se considerar subserviente à verdadeira asraya-vigraha, Srimati Radharani, sempre considerando- se Sua seguidora e uma aspirante à Sua misericórdia. Muito embora a alma espiritual seja querida ao Senhor Krsna; tanto por constituição como pelo desejo do Senhor, ela é da categoria de jiva-tattva, parte e parcela distinta do Senhor.

Sumário e Encerramento

Em todos os oito slokas do Siksastaka, os três princípio de sambhandha, abhidheya e prayojana foram explicados por intermédio de abhidheya. No primeiro sloka, o processo (sadhana) de Sri-krsna-sankirtan a foi descrito de maneira geral; no segundo, apresentou-se a consciência da própria inaptidão para a execução da tão-excelente forma de sadhana anteriormente apresentada; no terceiro sloka, ensinou-se o método para se cantar o santo nome; no quarto, apresentou-se a necessidade da pessoa se livrar de desejos desfavoráveis (pratikula vancha) e da frustração (kaitava) na forma da busca por moksa; no quinto, introduziu-se a identidade espiritual original da jiva (svarupa-jnana); no sexto, apresentou-se como a pessoa experimenta sua boa fortuna de se aproximar do Senhor; no sétimo, descreveu-se o humor de separação (vipralambha) naqueles que obtiveram qualificação superior; e no oitavo e último, apresentou-se como obter a perfeição mais elevada da busca pela meta absoluta pessoal (sva-prayojana).
Nos primeiros cinco slokas, instruções referente a sambandha-jnana, ou o conhecimento referente à nossa eterna relação com o Senhor Supremo e a Suas potências multifárias, foram apresentadas pelo intermédio de abhidheya. Em todos os oito slokas, o princípio de abhidheya, ou prestação de serviço devocional, foi descrito. Nos três slokas finais, encontram-se instruções referentes a prayojana, ou a meta última.
Os primeiros cinco slokas descrevem sadhana-bhakti, os dois seguintes, bhava-bhakti. Os slokas do sexto ao oitavo, e especialmente o sétimo e o oitavo, lidam com prema-bhakti.
Com a apresentação do seguinte sloka composto por Srila Visvanatha Cakravarti Thakura, verso este que expressa os meus sentimentos, ofereço minhas reverências aos pés de todos os leitores e encerro minha dissertação:

aradhyo bhagavan vrajesa-tanayas- tad-dhama vrndavanam
ramya kacid-upasana vraja-vadhu- vargena ya kalpita
srimad bhagavatam pramanam-amalam prema pumartho mahan
sri caitanya mahaprabhor- matam-idam tatradaro nah parah

“A Suprema Personalidade de Deus, Sri Krsna, o filho de Maharaja-nanda, e Sua morada transcendental, Sri Vrndavana-dhama, os quais se contituem da mesma substância espiritual, são o meu objeto de adoração. O mais excelente método de adoração a Krsna é o método adotado pelas jovens e belas vaqueirinhas de Vraja, e o Srimad-Bhagavatam é completamente imaculado (nirmala) e a mais autorizada de todas as escrituras (sabda-pramana). Krsna-prema é a quinta e mais elevada aquisição da vida humana (pancama-purusartha ou parama-purusartha), superior às quatro metas Védicas de dharma, artha, kama e moksa. Tal é a opinião conclusiva do Senhor Caitanya, conclusão esta que é absolutamente estimada e favorecida por nós. Pelas demais opiniões, não temos nem interesse nem respeito”.
Tradução: Bhagavan dasa

22/12 - Desaparecimento de SRI DEVANANDA PANDITA


SRI DEVANANDA PANDITA era um recitador profissional do Srimad-Bhagavatam que se voltou para o serviço devocional puro durante a época do Senhor Caitanya. Devananda Pandita explicava o Srimad-Bhagavatam por meio de interpretações impersonalistas. Porque ele tinha ofendido um devoto, ele não podia entender a essência do Bhagavatam — amor e devoção a Krishna. Mas quando Devananda Pandita serviu um devoto avançado, o Senhor Caitanya ficou satisfeito com ele e revelou-lhe o caminho da devoção a Krishna.
(Sri Caitanya-caritamrta, Adi-lila 10.77).

domingo, 21 de dezembro de 2008

Sri Sri Siksastaka (verso 7)

Composição de Sua Onipotência Sri Krsna Caitanya Mahaprabhu
Significados de Sua Divina Graça Bhaktisiddhanta Sarasvati

Verso 7

yugayitam nimesena
caksusa pravrsayitam
sunyayitam jagat sarvam
govinda-virahena me

Ó Govinda, sentindo Tua separação, estou considerando um instante como um grande milênio. Lágrimas fluem de meus olhos como torrentes de chuva, e sinto que o mundo está vazio com Tua ausência.

“Ó Govinda, em Sua ausência, todo este universo me parece vazio. De meus olhos, chovem lágrimas como chovem as nuvens de monção, e um instante (nimesa) me parece durar um milênio (yuga)”.

Este é um excelente exemplo de vipralambha-rasa, ou humor de separação. Para os jata-rati-bhaktas, é absolutamente essencial que busquem pela experiência de vipralambha-rasa e não se importem com sambhoga, ou encontro com o Senhor. Este sétimo sloka foi falado com o propósito de apresentar esse ponto.

O sentimento de separação que é experimentado nos relacionamentos materiais é simplesmente repleto de aflição; o sentimento de separação no plano transcendental (aprakrta vipralambha-rasa), contudo, resulta em imenso êxtase (paramananda), muito embora externamente pareça tratar-se de um sofrimento muito intenso e penoso. Em relação à separação experienciada pelo Vaisnava, diz-se o seguinte [no Caitanya Bhagavata, Madhya 9.240]:

yata dekha vaisnavera vyavahara duhkha
niscaya janiha sei parananda sukha

“Conquanto os sentimentos de separação experienciados por um Vaisnava aparentemente se assemelhem ao sofrimento ordinário, deve-se entender que, para o Vaisnava, tais sentimentos não são nada além de bem-aventurança transcendental”.

Vipralambha sempre fomenta sambhoga. De fato há sambhoga em prema-vaicitra, a variedade amorosa dentro de vipralambha-rasa, mas somente externamente, pois, embora a pessoa esteja diretamente na presença do Senhor (sambhoga), ela sente intensa separação (vipralambha) devido ao medo de se separar do Senhor. Vipralambha é marcada pela incessante e intensa lembrança do Senhor Krsna e de Seus passatempos, não havendo nenhuma possibilidade de esquecimento do Senhor nem mesmo por um ínfimo instante. Este é o estágio culminante de todo o bhajana.

A licenciosa exibição de sambhoga-rasa feita pelo grupo conhecido como gaura-nagari, o qual não se constitui de seguidores sinceros do Senhor Krsna, é produto de hipocrisia; tal exibição só faz criar obstáculos no caminho à devoção pura. Os sambhogavadis, aqueles que aspiram por sambhoga, não buscam nada senão o auto-engrandecimento e a autogratificação, sendo, por conseguinte, destituídos de devoção pura a Krsna.

Se os gaura-nagaris entendessem o significado do sloka citado a seguir, eles não se deixariam ser aferroados pelo desfrute de seus sentidos; no caso específicos deles, sob o falso pretexto de apresentarem o Senhor Caitanya como um buscador de prazer, ou nagari. O verso [do Caitanya-Caritamrta, Adi-lila 4.165] é o seguinte:

atmendriya-priti-vancha-tare bali kama
krsnendriya-priti-iccha dhare prema nama

“O desejo de gratificar os próprios sentidos é kama (luxúria), mas o desejo de satisfazer os sentidos do Senhor Krsna é prema (amor)”.

Abandonando todas as concepções equivocadas, a pessoa deve realizar bhajana sob a orientação dos Vaisnavas.

O significado esotérico dos passatempos do Senhor Caitanya é que, embora o Senhor Krsna tenha aceitado os sentimentos de um devoto, Ele está sempre situado no humor de vipralambha. A jiva é um devoto; para ela desfrutar completamente de sambhoga-rasa e dar completa expressão a tal, ela tem que se refugiar em vipralambha, o humor de amor em separação. A fim de propagar e demonstrar essa verdade, o Senhor Krsna manifestou Sua forma eterna como o Senhor Caitanya (Gaura-svarupa), que é a personificação de vipralambha-rasa. Os devotos devem, portanto, rejeitar qualquer idéia relativa a empenhos focados em sambhoga-rasa, visto que semelhantes empenhos jamais poderão ser bem-sucedidos.
Tradução: Bhagavan dasa

Por que Coisas Ruins Acontecem a Pessoas Boas?


Aqueles que se renderam completamente a Krsna não estão mais sob a influência da energia externa do Senhor, o agente do karma, e essa é a solene promessa de Krsna. Tais devotos estão agindo sob a potência interna de Krsna, e, mesmo quando há alguma dificuldade vindo da energia material, ela deve ser compreendida como um lembrete de seus erros passados enviado diretamente por Krsna, diretamente orquestrado por Krsna para o maior avanço deles em devoção. Tais eventos NÃO devem ser vistos como decretados pela energia material externa.

Não devemos compreender erroneamente a proteção de Krsna como proteção material absoluta, e isso é, de fato, um ponto que os devotos freqüentemente tendem a compreender de modo errado na empolgação e no idealismo iniciais de quando entram em contato com a filosofia da consciência de Krsna. A promessa de Krsna de proteger Seus devotos significa que o corpo de um devoto jamais irá minguar ou morrer? Ou que devotos jamais sofrerão um acidente ou fracassarão em algum empreendimento. Não. O devoto puro, entretanto, não é afetado por tais mudanças externas, estando situação em sua posição constitucional e absorto em sua relação com Krsna. Alguém também pode perguntar, sobre a condição de aparente definhamento do corpo de Srila Prabhupada em direção ao fim de sua presença física entre nós ou sobre as debilitações físicas a que ele aparentemente se sujeitou. Muito ao contrário, ao invés de diminuir a fé de seus discípulos, os próprios sintomas em si aumentaram a apreciação deles acerca das glórias de um devoto puro dado que a consciência de Prabhupada sempre permaneceu transcendentalmente centrada até o último momento, inafetada pelo exterior. Krsna, sendo completamente independente, possui maneiras muito especiais para lidar com Seus devotos, e, qualquer que seja a maneira, o devoto não se queixa. Todavia, a promessa de Krsna em relação à vitória final de Seu devoto jamais terá sido em vão.
Sua Santidade Romapada Svami

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

O presente momento


Todos nós temos muito o que comemorar, afinal, estamos vencendo corajosamente as batalhas que têm surgido ao longo das existências. Com lucidez, coragem e determinação subjulgaremos os inimigos, que não são outros senão as reações das ações que realizamos no passado. Portanto, prestemos mais atenção no presente, não o presente físico, bem embalado, com laçarotes e fitas, mas o presente momento, este instante real e único no qual temos a possibilidade de "plantar as boas sementes" preparando assim a melhor safra para o futuro.
Boas festas a todos!

Sri Sri Siksastaka (verso 6)

Composição de Sua Onipotência Sri Krsna Caitanya Mahaprabhu
Significados de Sua Divina Graça Bhaktisiddhanta Sarasvati

Verso 6
nayanam galad-asru-dharaya
vadanam gadgada-ruddhaya gira
pulakair nicitam vapu kada
tava nama-grahane bhavisyati


Ó meu Senhor, quando meus olhos se decorarão com lágrimas de amor fluindo constantemente ao cantar Teu santo nome? Quando minha voz se embargará, e quando os pêlos de meu corpo se arrepiarão com a recitação do Teu nome?

“Ó Senhor Krsna, Ó desfrutador das gopis, quando os olhos desta gopi irão se decorar com um cascatear de lágrimas decorrente da recitação de Seu nome? Quando a minha voz se embargará, e quando o meu corpo irá estremecer e arrepiar-se em êxtase?”.

Esta oração é um exemplo de lalasamayi vijnapti. A palavra vijnapti se refere a uma categoria de súplica ou oração submissa. Tais súplicas ou orações submissas são descritas como existentes em três categorias: samprarthanatmika, uma oração com completa submissão da mente, do corpo e de tudo ao Senhor, a qual visa o despertar de rati (ou bhava) na pessoa em quem este ainda não foi desperto; dainnyavodhika, a oração que visa o reconhecimento da própria insignificância e inutilidade; e, finalmente, lalasamayi, que se aplica unicamente à pessoa em quem rati já se despertou. Lalasa significa “anseio intenso”. Após a manifestação de rati no coração, manifesta- se um intenso anseio por servir o Senhor de uma maneira em particular de acordo com a sthayi bhava pessoal. Lalasamayi, portanto, é uma oração com o intento de obter o serviço pelo qual a pessoa sempre anseia.

No Bhakti-Rasamrta-Sindhu (1.2.156), outro exemplo de lalasamayi vijnapti é apresentado:

kadaham yamuna-tire namani tava kirtayan
udvaspah pundarikaksa racayisyami tandavam


[Narada Muni se dirige ao Senhor:] “Ó Krsna de olhos de lótus! Enquanto canto o Seu santo nome às margens do Yamuna, quando minha voz irá se embargar e gaguejarei em êxtase? Quando me absorverei em sentimentos espirituais e dançarei tal qual um louco que não se importa com os estranhos ao seu redor?

Quanto ao cantar dos nomes secundários de Krsna (gauna-ama), não existe a possibilidade de serem cantados com expressões de prema. Com relação a isto, o Senhor Caitanya, citando Srila Vyasadeva, afirma [como registrado no Padyavali 39]:

srutamapyaupanisadam dure hari-kathamrtat
yanna santi dravac-citta-kampasru-pulakadayah


“O tema dos Upanisads é muito distante dos nectáreos tópicos referentes ao Senhor Hari e a Seus passatempos. Eles, portanto, não são capazes de derreter o coração do ouvinte/leitor e levá-lo às lágrimas e aos arrepios de êxtase”.

Brahman, o tema dos Upanisads, é apenas remotamente conectado às doces narrações dos passatempos do Senhor Krsna. Histórias sobre Krsna sempre inundam o coração, o que conduz a tremores, choro, transformações corpóreas e assim por diante. Este verso não se refere àqueles que têm olhos naturalmente umedecidos ou que sofrem afetivamente de êxtases artificiais. Quando a alma se torna purificada e se atrai espontaneamente ao serviço amoroso a Krsna, seu corpo e sua mente se tornam servilmente obedientes aos eternos êxtases que ocupam o íntimo de seu coração. Desta forma, o derretimento do coração e outros sintomas de êxtase que comandam a mente e o corpo são manifestos unicamente nos devotos puros, os devotos absolutamente absolvidos de todos os anarthas. Neófitos que tentam reproduzir artificialmente as emoções e os sintomas extáticos do maha-bhagavata simplesmente para enganarem as pessoas em geral estão, de fato, criando gigantescos obstáculos em seu caminho rumo ao serviço devocional puro.
Tradução: Bhagavan dasa

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Govinda, I am still in love with You



Nam Myoho Renge Kyo Buddha, please
Can you help a little peasant that's begging on her knees
Illusion fills my head like an empty can
Spent a million lifetimes loving the same man

Every drop that run through the vein
Always makes it's way back to the heart again
And by the way you look fantastic
In your boots of Chinese plastic

Hare Krishna, Hare Rama too
Govinda, I am still in love with You
I see you in the birds and in the trees
That's why they call me Krishna Mayee

Every drop that run through the vein
Always makes it's way back to the heart again
And by the way you look fantastic
In your boots of Chinese plastic

Hofra told us we should tolerate
The people and the things that make me wanna hate
Oh, have a little mixed mercy on me
This seasoned beauty in this human pageantry

Jesus Christ came down here as a living man
If He can live a life of virtue then I hope I can
Unto others as you would have a turn
Back here and repeat until you learn, learn, learn

Every drop that run through the vein
Always makes it's way back to the heart again
And every dog that lived his life on a chain
Knows what it's like waiting for nothing
And by the way you look fantastic
In your boots of Chinese plastic

http://www.youtube.com/watch?v=nDZrzd4yA-8&feature=related

Chrissie Hynde (Pretenders)

Sri Sri Siksastaka (verso5)

Composição de Sua Onipotência Sri Krsna Caitanya Mahaprabhu
Significados de Sua Divina Graça Bhaktisiddhanta Sarasvati

Verso 5

ayi nanda-tanuja kinkaram
patitam mam visame bhavambudhau
krpaya tava pada-pankaja-
sthita-dhuli-sadrsam vicintaya

Ó Krsna, filho de Maharaja Nanda, sou Teu servo eterno, porém, de alguma forma caí no oceano de nascimentos e mortes. Por favor, retira-me deste oceano de mortes e coloca-me como uma partícula de poeira a Teus pés de lótus.
O Senhor Krsna, o filho de Maharaja Nanda, é o objeto da devoção de todos. A postura de serviço eterno ao Senhor Krsna é um aspecto inerente à identidade espiritual pura (svarupa) de toda alma espiritual. A jiva, ou alma espiritual, tendo se tornado indiferente ao serviço ao Senhor Krsna, afoga-se repetidamente no intransponível e medonho oceano da existência material, onde é atormentada pelas três classes de misérias. Em tal situação, sua única chance de sobrevivência é o recebimento da misericórdia do Senhor Supremo. Se o Senhor Sri Krsna, em virtude de Sua misericórdia sem causa, aceita a jiva como uma partícula de poeira a Seus pés de lótus, então a identidade encoberta da alma espiritual, bem como sua propensão eterna a servir o Senhor Krsna, tornam-se novamente manifestas.
A tentativa de obter os pés de lótus de Sri Krsna através do próprio empenho é chamada “arohapantha”. Krsna não pode ser obtido por esse método, senão que, somente por meio da rendição ao desejo e à misericórdia do Senhor Krsna, pode a jiva obter o serviço a Ele. O termo pada-dhuli (uma partícula de poeira a Seus pés de lótus) aqui utilizado evidencia o conceito da identidade original da jiva como parte e parcela infinitesimal de Krsna.
Até o momento em que a jiva se situe completamente em sua svarupa, ou identidade espiritual original, a presença de anarthas, ou desejos inconvenientes, é inevitável. Nesse estado, a definição da meta última permanece indeterminada, obscurecida por impurezas. O cantar puro do santo nome começa após o despertar de sambandha-jnana, e somente através de tal cantar puro é possível a obtenção de prema. Quando, por meio do contínuo cantar do suddha-nama, rati aos pés de lótus do Senhor desperta no coração da jiva, ela é então conhecida como jata-rati-bhakta, um devoto em cujo coração rati se manifestou. A diferença entre um ajata-rati-sadhaka e um jata-rati-bhakta é a qualidade do cantar de cada um. Mentirosamente apresentar-se como um jata-rati-bhakta – ou seja, apresentar-se assim antes de ter atingido tal estágio – é completamente inapropriado. Após anartha-nivrtti, a pessoa se situa em “naivantarya”, estado este caracterizado por ininterrupta estabilidade na prática do sadhana (sravana, kirtana e assim por diante). Em seguida, obtém-se “sveccha-purvika”, ou invocação voluntária dos passatempos de Krsna em meditação, um estágio avançado de lembrança do Senhor, o qual se manifesta no estágio de asakti. Este é seguido pela condição conhecida como “svarasiki”, desperta no estágio de bhava, na qual os passatempos imanifestos do Senhor manifestam-se automaticamente no coração em um fluir ininterrupto. Por fim, após estes três estágios, aufere-se a perfeição final de krsna-prema.
Tradução de Bhagavan dasa (DvS)

terça-feira, 16 de dezembro de 2008


Sri Sri Siksastaka (verso4)

Composição de Sua Onipotência Sri Krsna Caitanya Mahaprabhu
Significados de Sua Divina Graça Bhaktisiddhanta Sarasvati

Verso 4

na dhanam na janam na sundarim
kavitam va jagad-isa kamaye
mama janmani janmanisvare
bhavatad bhaktir ahaituki tvayi


Ó Senhor todo-poderoso, não tenho o desejo de acumular riquezas, tampouco desejo belas mulheres ou me envolver com as atividades fruitivas descritas em linguagem florida, nem quero um grande número de seguidores. Tudo o que desejo é o seu serviço devocional imotivado nascimento após nascimento.

“Ó Jagadisa, Senhor do universo! Não tenho interesse por riquezas, seguidores ou belas poesias materiais (sundari kavita) embelezadas com adornos literários. Você é o meu objeto de adoração e de amor devocional nascimento após nascimento. Meu único desejo é que eu permaneça ocupado no serviço devocional imotivado a Seus pés de lótus (ahaituki bhakti)”.

Sundari kavita se refere à religiosidade material (dharma) descrita nos Vedas; dhanam se refere a riquezas (artha); e janam, a esposa, filhos, parentes e assim por diante.

“Eu não apenas abomino o desfrute material na forma de dharma, artha e kama - respectivamente, religiosidade, desenvolvimento econômico e gratificação sensorial -, mas me aterroriza até mesmo a idéia do desejo por moksa, a liberação do ciclo de nascimentos e mortes. Eu me recuso a ser seduzido por estas quatro metas Védicas ou a adorá-lO em troca da obtenção delas, senão que a única coisa que desejo é poder servi-lO e assim Lhe dar prazer”.

A oração do rei-devoto Kulasekhara expressa essa disposição:

yad yad bhavyam bhavatu bhagavan purva-karmanurupam
etad-prarthyam mama bahumatam janma-janmantare 'pi
tvat-padambhor- uhayugagata niscala bhaktir-astu
naham vande padakamalayor- dvandvam- advandva- heto
kumbhipakam gurum-api hare narakam napanetum
ramyaramamrdutanula tanandane nabhirantum
bhave bhave hrdaya-bhavane bhavayeyam bhavantam

“Ó Senhor Supremo, meu Senhor. Não desejo acumular imensas quantidades de atividades piedosas através da realização de sacrifícios e da execução de deveres como recomendam as escrituras, tampouco desejo grandes opulências ou gratificação sensorial. Mesmo que eu acaso estivesse para obter soberania sobre este planeta Terra, não tenho nenhuma fé de que algum benefício verdadeiro nasceria disso. Qualquer que seja o objeto de gratificação sensorial que possa existir nos planetas intermediários ou celestiais, eu não o desejo. As reações que o meu destino me obrigará a sofrer ou desfrutar, que venham – eu não oro que me libere do mais temível e horrendo inferno, o inferno Kumbhipaka, tampouco oro que me permita desfrutar da companhia das belíssimas donzelas celestiais nos aprazíveis jardins Nandana-kanana dos planetas superiores. Pelo que oro, Ó meu Senhor, é que a disposição devocional de meu coração permaneça indesviável e fixa a Seus pés de lótus nascimento após nascimento”.

Aqueles que possuem fé nos Vedas e que anseiam por religiosidade ordinária adoram o deus do sol; aqueles que anseiam por riquezas adoram Ganesa; aqueles que anseiam por variedades de desfrutes sensuais adoram Durga ou Kali; aqueles que anseiam pela liberação adoram Siva; e aqueles cuja devoção é misturada com o desejo de desfrutar dos resultados de suas atividades adoram o Senhor Visnu. Este tipo de adoração Védica é conhecido como pancopasana. Pancopasana é sakama upasana, adoração com desejos materiais. Quando tais pretensos seguidores dos Vedas adoram sem desejos materiais (niskama) essas cinco personalidades; porque tratam o Senhor Visnu como no mesmo nível que os semideuses - e não como a Suprema Personalidade de Deus - eles estão adorando, de fato, o brahman impessoal (nirguna-brahman), a única existência que aceitam como o supremo. Para se adorar o Senhor Visnu correta e puramente, o adorador deve prestar a Ele serviço devocional imotivado (ahaituki bhakti).

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Sri Sri Siksastaka (verso3)

Composição de Sua Onipotência Sri Krsna Caitanya Mahaprabhu
Significados de Sua Divina Graça Bhaktisiddhanta Sarasvati
Verso3
trnad api sunicena
taror api sahisnuna
amanina manadena
kirtaniyah sada hari

O santo nome do Senhor deve ser cantado em um estado de espírito humilde, considerando-se inferior à palha na rua; deve-se ser mais tolerante do que uma árvore, destituído de todo sentido de falso prestígio, e deve-se estar pronto para oferecer todo o respeito aos outros. Em tal estado de espírito, o santo nome do Senhor pode ser cantado constantemente.

A entidade viva é, por constituição, serva eterna do Senhor Krsna. Seu dharma eterno, portanto, é cantar os santos nomes do Senhor Supremo, quer enquanto em trânsito pelo mundo material quer residindo no mundo espiritual. O cantar do santo nome é tanto o meio para a obtenção (upaya) como o objeto a ser obtido (upeya). Não há nada melhor para o benefício e sucesso da humanidade além do cantar do santo nome, o qual invoca toda sorte de auspiciosidade tanto para quem o canta quanto para os demais. Sri Caitanya Mahaprabhu, em virtude de Sua compaixão para com as entidades vivas, compôs este verso a fim de descrever às jivas como elas podem cantar o santo nome evitando as plataformas de nama-aparadha e namabhasa.

Aquele cujo coração não é inclinado ao serviço a Krsna, mas antes ao intoxicante desfrute material, é completamente incapaz de perceber seu verdadeiro tamanho infinitesimal. Por natureza, alguém que se empenha em ser o desfrutador não pode compreender verdadeiramente a realidade de sua insignificância; e tampouco pode ser tolerante. O desfrutador dos sentidos materiais é completamente incapaz de renunciar seu falso ego e seu falso prestígio, e não possui qualquer inclinação a demonstrar respeito por outros materialistas similares, senão que eles sempre se invejam mutuamente. Por outro lado, o Vaisnava que se extasia com o nome do Senhor é mais humilde até mesmo do que uma folha de grama, e mais tolerante do que uma árvore; enquanto mantém uma postura indiferente – ou até mesmo avessa – ao prestígio voltado a ele, está sempre ansioso por mostrar respeito a outros. Neste mundo material, ninguém além de tal alma elevada é digno e capaz de cantar o santo nome constantemente.

Quando essas almas imaculadas glorificam e adoram o guru e outros Vaisnavas, elas o fazem inspiradas por sua propensão inata de exaltar outros (manada). E quando afetuosamente aconselham discípulos e sadhakas a cantarem, elas o fazem os encorajando com palavras de apreciação, o que expressa sua inata qualidade de amanina –ausência de desejo por respeito ou louvor em troca.

O devoto puro compreende que essas palavras glorificativas e apreciadoras não se tratam de alguma espécie de bajulação barata, senão que reconhece suas qualidades espirituais; quando algum tolo, entretanto, equivocadamente as considera como mundanas, o devoto tolera seus comentários insultuosos e assim transparece sua qualidade da clemência. Essa é a sua natureza. O Vaisnava perfeito, aquele que canta sem ofensas, considera a si mesmo inferior à palha na rua, a qual é por todos pisoteada. Um verdadeiro santo jamais se considera um Vaisnava ou clama ser guru. Ele se considera discípulo do mundo inteiro, bem como a alma mais caída e insignificante de todas. Reconhecendo todo átomo e entidade viva infinitesimal como residência do Senhor Krsna, ele jamais considera algo ou alguém como inferior a ele. O devoto absorto no cantar do santo nome jamais deseja algo deste mundo, tampouco requer algo a alguém. E se alguém demonstra malícia contra ele ou o violenta, tal devoto nem retalha nem adota uma postura vingativa; ao contrário, ele ora pelo bem-estar de seu atormentador.

O Devoto Puro é Fiel ao Seu Guru

O devoto que canta o santo nome adornado com as qualidades acima mencionadas jamais rejeita o processo devocional recebido de seu guru com o intento de adotar métodos novos e divergentes. Ele jamais inventa versos para cantar no lugar do maha-mantra, senão que permanece sempre sob a guia do guru, prega as glórias do santo nome, escreve livros baseados no serviço devocional e se ocupa em bhajana e kirtana do nome de Hari –tudo em rigorosa adesão às instruções do guru. Ocupando-se nestas atividades, não há transgressão da humildade Vaisnava, pois o devoto sempre se considera baixo e caído. Ele jamais tenta enganar outros por meio de uma falsa exibição de humildade visando obter riquezas ou adoração barata –tal categoria de humildade não é de valia alguma. O maha-bhagavata, em companhia do constante cantar, não vê este mundo material como algo a ser explorado para o seu ganho pessoal, mas o vê como uma parafernália multiforme propícia para o serviço a Krsna e a Seus devotos. Em outras palavras, ele vê tudo neste mundo como relacionado a Krsna. Muito embora se torne perito no cantar do maha-mantra, ele nunca cogita abandonar tal prática obtida de seu guru, tampouco tem ele interesse em propagar novas teorias e opiniões.

O maha-bhagavata entende que se considerar o guru de um Vaisnava é contrário ao princípio da humildade. A grande verdade é que aqueles que não atentam seriamente às instruções do Senhor Caitanya neste Siksastaka, esquecidos de sua identidade espiritual, estão buscando avidamente por prestígio e ganho material a fim de satisfazerem seus sentidos. Aquele que está ávido pela obtenção do prestígio da posição social de Vaisnava ou guru jamais pode cantar o santo
nome, pois se trata de um ofensor. E mesmo se um discípulo sincero e fiel ouve o santo nome de tal ofensor – apesar de sua sinceridade e fidelidade –ele não é digno do ouvir e cantar do santo nome puro.
Tradução: Bhagavan dasa

Hoje, desaparecimento de Srila Bhaktisiddantha Sarasvati Thakura


Bhaktisiddhanta Sarasvati Thakura foi o mestre espiritual de Sua Divina Graça A. C. Bhaktivedanta Swami Prabhupada, o Fundador-Acarya da ISKCON. Srila Bhaktisiddhanta Saraswati espalhou poderosamente os ensinamentos do Senhor Caitanya Mahaprabhu no início do século vinte. Ele pregou fortemente contra o sistema de castas enraizado e o impersonalismo. Reunindo estudantes, pedagogos e outros líderes e escrevendo mais de 108 composições e livros, se esforçou para apresentar a consciência de Krishna como uma ciência a ser altamente estimada. Estabeleceu 64 templos, conhecidos como Gaudiya Maths, dentro e fora da Índia.

domingo, 14 de dezembro de 2008

Um Convite ao Heroísmo Espiritual


O Ramayana é uma antiga saga Védica de ação, romance, sabedoria e aventura, uma saga que inspirou grande parte da população mundial por milênios; uma saga que descreve um passado em que seres com poderes celestiais - tanto divinos quanto demoníacos - interagiam em nosso reino terrestre; uma saga com a batalha entre o bem e o mal, uma saga na qual Deus advém e ensina virtude, retidão e espiritualidade por meio de Seu sólido exemplo pessoal.
A despeito da antiguidade histórica do Ramayana, seu enredo é similar ao de um filme típico: ele traz um herói, uma heroína e um vilão que deseja a heroína, e narra um empolgante confronto entre o herói e o vilão, confronto este que culmina na morte do vilão e na reunião do herói com a heroína. Mas há uma diferença vital entre o Ramayana e um filme moderno: em um filme, o herói, a heroína e o vilão são todos, na verdade, vilões.
Por quê? Muitos pensam em um vilão como alguém que desfruta através da exploração e da injúria de outros. Embora não incorreta, tal concepção de mal é incompleta e ingênua visto que ignora uma realidade fundamental: nosso pai amável e supremamente responsável, Deus. Muitos de nós jamais tivemos a educação espiritual necessária para entender que é Deus quem abnegadamente nos provê nossa alimentação diária. É verdade que temos que trabalhar para sobrevivermos, mas nosso esforço é secundário. É como o árduo trabalho dos pássaros buscando por grãos: Sem Deus provendo os grãos através da natureza, a busca deles, independente de o quanto minuciosa, seria infrutífera. Similarmente, sem a criação de Deus do milagroso mecanismo da fotossíntese, que transforma "lama em mangas" (uma proeza muito superior ao que fazem os melhores cientistas e computadores de última geração) e nos permite ter acesso a algum alimento, não haveria qualquer relevância para o quanto nos esforçássemos. Todas as nossas necessidades – calor, luz, ar, água, saúde – são similarmente satisfeitas primeiramente por arranjo divino e secundariamente por empenho humano.
Infelizmente, nossas mídia, cultura e educação nos ocupam com tantos atrativos materialistas que ficamos cegos ao fato de nossa dependência de Deus e de nossos deveres para com Ele. Temor a Deus é o começo da sabedoria, assim como o medo saudável de um pai amável é necessário para que uma criança inquieta e levada se torne disciplinada e responsável. E amor a Deus é a culminação da sabedoria, assim como gratidão e amor por um pai benevolente demonstra a maturidade de um filho crescido.
Lamentavelmente, os formadores de opinião de nossa sociedade nem amam a Deus nem O temem, senão que exaltam o materialismo egoísta e ímpio. Consequentemente, nos dias atuais, muitas pessoas são extremamente egoístas em sua relação com Deus. Elas não dedicam sequer alguns instantes à pessoa que lhes deu a própria vida. Em uma família, se um filho não cuida de seu pai, que é sua conexão com seus irmãos, ele logo deixará de se importar com eles também. De fato, ele talvez até mesmo se torne mal disposto com eles porque eles serão seus competidores na obtenção da herança. De maneira similar, egoísmo para com Deus é a origem de todo o mal. Todos nós plantamos essa semente maligna em nossos próprios corações e agora estamos forçosamente tendo de nos alimentar de seus frutos amargos – terrorismo, corrupção, crime, exploração – tudo isso produto de nossa luta entre nós mesmos pelo domínio sob os recursos do mundo, a herança de Deus para nós.


Heróis Divinos


O Ramayana nos brinda com um vislumbre de heroísmo e vilania, de amor desmotivado e de luxúria egoísta. O Senhor Rama e Sua consorte, Sita, são os eternos herói e heroína. Hanuman, o herói religioso, personifica a tendência de desinteressadamente assistir ao Senhor em Seu amor divino; ao passo que Ravana, o irreligioso vilão, personifica a tendência egoísta de nos assenhorearmos da propriedade do Senhor para a nossa própria satisfação luxuriosa. O piedoso herói aspira desfrutar com Deus, enquanto que o impiedoso vilão deseja desfrutar como Deus.
Entretanto, em um filme típico, todos os personagens principais – o herói, a heroína e o vilão – têm a mesma mentalidade nociva de querer desfrutar sem se importar com Deus. No herói e na heroína, as vestes de romance mascaram essa disposição mental, enquanto que o vilão a expressa sem reservas. Mas todos eles são Ravanas, a diferença estando apenas nas tonalidades de cinza.
Nosso empenho egoísta em imitar heróis e heroínas, quer em filmes quer na vida real, é intrinsecamente maléfico, e serve de combustível para todos os males maiores que tememos. Em última instância, nosso mal retorna para nós tal qual um bumerangue, pois ele perpetua a ilusão de nossa identificação corpórea equivocada, e nosso corpo nos sujeita às torturas da velhice, da doença, da morte e do renascimento – mais uma vez, mais uma vez e mais uma vez.
É claro que não temos que sufocar nosso impulso natural de querermos ser especiais. Como Hanuman, todos nós também podemos ser heróis – a serviço do herói supremo. Infelizmente, nossa sociedade apresenta a tendência Ravânica como heróica e a propensão Hanumânica como ultrapassada.


Uma Lição de Esperança


O Ramayana revela que Ravana, apesar de sua extraordinária propensão, nunca estava satisfeito, mas antes sempre ávido por mais. Não é essa a condição de nossa civilização moderna? Todo o poderio e riqueza de Ravana não puderam nem lhe dar felicidade nem salvá-lo da destruição final. A derrota final de Ravana nos lembra do destino que aguarda a nossa sociedade se ela continuar com seu egoísmo ateu.
Contudo, a queda de Ravana não é apenas um aviso apocalíptico; é também um arauto de esperança e felicidade, porque nos ensina que o Senhor é competente na destruição do mal tanto interior como exterior. O mesmo Senhor Rama que destruiu Ravana há milênios apareceu agora como Seu santo nome para destruir o Ravana no íntimo do coração das pessoas. O santo nome nos oferece felicidade verdadeira, não por meio da imitação de Deus, mas por meio do amor a Deus; não nos tornando heróis de imitação, mas nos tornando heróis-servos.

por Caitanya Carana Dasa

Sri Sri Siksastaka (verso2)

Composição de Sua Onipotência Sri Krsna Caitanya Mahaprabhu
Significados de Sua Divina Graça Bhaktisiddhanta Sarasvati

Verso 2

namnam akari bahudha nija-sarva-saktis
tatrarpita niyamitah smarane na kalah
etadrsi tava krpa bhagavan mamapi
durdaivam idrsam ihajani nanuragah

Ó meu Senhor, somente Teu santo nome pode conceder todas as bênçãos aos seres vivos, e por isso possuis centenas e milhões de nomes, como Krsna e Govinda. Nestes nomes transcendentais, aplicaste todas as Tuas potências transcendentais. Nem mesmo há regras rígidas e severas para cantar estes nomes. Ó meu Senhor, por bondade, facilmente nos possibilitas aproximarmo-nos de Ti por meio de Teus santos nomes, mas, desventurado como sou, não sinto atração por eles.

“Ó Senhor, motivado por Sua misericórdia sem-causa, Você manifestou Seus inumeráveis nomes e os investiu com o poder de Suas potências transcendentais. Quanto ao cantar e ao lembrar desses nomes, você não impôs nenhuma restrição. Mesmo enquanto comendo, sentado reclinado ou dormindo, a pessoa pode cantar os Seus nomes. Eu, contudo, sou tão deplorável que não sinto atração pelo cantar de tais nomes tão liberais e magnânimos”.

Nomes Primários e Secundários

A palavra bahu, ou muitos, indica dois tipos de santos nomes do Senhor: os primários e os secundários. Os nomes primários incluem Krsna, Radha-ramana e Gopijana-vallabha, que representam a disposição do Senhor em amor íntimo e doce (madhurya); e os nomes Rama, Vasudeva, Narasimha e semelhantes, que O abordam em Sua disposição de opulência e respeito (aisvarya). Brahma, Paramatma e similares são Seus nomes secundários; eles são incompletos, separados e parciais. Os nomes primários do Senhor são não-diferentes dEle, e possuem todas as Suas potências; enquanto que os nomes secundários representam Suas potências apenas parcialmente.

A Causa do Sofrimento Material

A alma espiritual é consciente (cetana). O principal significado da palavra cetana é que a alma espiritual possui independência. Entretanto, pelo mau uso de sua independência, ela se torna contrária ao serviço amoroso ao Senhor e é aprisionada no reino ilusório e efêmero de maya. Desta forma, é estabelecido o seu infortúnio (durdaiva). Quando a alma espiritual aceita o caminho tríplice de anyabhilasita, ou desejos materiais, karma e jnana, ela se esquece de sua verdadeira identidade espiritual, ou svarupa, e assim causa grande infortúnio para si mesma. Sob o encanto dos desejos materiais, ela abandona o serviço a Krsna e se intoxica com o desejo de satisfazer sua mente e seu corpo pessoais. Assim, ela se atrai pela felicidade deste mundo material inerte e se ocupa em atividades piedosas a fim de obter os fugazes prazeres celestiais. Quando, no meio de tal desfrute, ela é forçada a experimentar aflição, ela renuncia sua inclinação ao desfrute material e busca se liberar por meio da imersão no aspecto impessoal do Supremo.

Nama-aparadha, Namabhasa e Suddha-nama

Muito afortunada, a alma espiritual obtém a associação dos devotos do Senhor. Em virtude da associação de tais devotos e devido às instruções recebidas do mestre espiritual e também à misericórdia do Senhor, ela se torna favorável ao serviço amoroso ao Supremo. Esta é a ocupação natural e eterna da jiva, ou alma espiritual.

No momento atual, a boa fortuna das entidades vivas encontra-se seriamente comprometida em razão de estar encoberta pelo seu envolvimento com os anteriormente mencionados anyabhilasita, karma e jnana. Elas seguem ocupadas em diversas buscas, como a busca por religiosidade (dharma), por desenvolvimento econômico (artha) e por gratificação sensorial (kama). Algumas vezes, enojadas de seu envolvimento em abomináveis atividades pecaminosas, a jiva aceita o cantar do santo nome, mas, com as dez ofensas, ela ofende ainda mais o nome. Neste estágio, o seu cantar do nome não é o cantar puro (suddha-nama), mas o cantar ofensivo (nama-aparadha).

Algumas vezes, atormentada por seu estado caótico, onde a paz encontra-se muito longe de seu alcance, a alma espiritual tenta evitar a gratificação dos sentidos materiais. Ela aceita o cantar, mas é ignorante e desinteressada do cultivo de sambandha-jnana, o conhecimento referente à sua eterna relação com o Senhor Supremo e a Suas potências multifárias. O cantar neste estágio não é puro, mas o praticante já deu início, e está cantando a “sombra do nome”, ou namabhasa. Seu cantar é apenas semelhante ao nome puro. Cantando em namabhasa, a pessoa se libera do conceito materialista de vida e se torna elegível para a prestação do serviço devocional ao Senhor Supremo. As almas elevadas, tendo livrado a si mesmas do infortúnio da existência material e da liberação impessoal, cantam o santo nome do Senhor puramente e, assim, obtêm amor puro por Krsna.

O Processo para a Liberação de Nama-aparadha

Vendo o miserável destino das almas condicionadas, Sri Caitanya Mahaprabhu adveio e trouxe conSigo o processo transcendental do cantar dos santos nomes do Senhor. Instruindo as almas condicionadas acerca deste cantar, Ele notou o lamentável desinteresse delas. No entanto, apesar dessa condição calamitosa, a misericórdia do Senhor está sempre presente e a postos.

Há um método para se livrar das ferrenhas garras do cantar ofensivo. Considerando as ofensas tão perigosas quanto raios, a pessoa deve identificá-las e deliberadamente evitá-las enquanto canta continuamente o santo nome. Este cantar, de nome namabhasa, eleva o praticante à plataforma de mukti, ou liberação, livrando-o do apego e da dependência da gratificação dos sentidos materiais. A partir de então, ele obtém a qualificação para cantar o santo nome com toda a pureza.

A obtenção de todas estas oportunidades providenciadas pelo Senhor Supremo indica o ilimitado e perene fluir de Sua compaixão. O simples cantar dos nomes primários de Deus evoca o único e verdadeiro benefício para toda a humanidade.

Niyamitah smarane na kalah

No que concerne à satisfação dos desejos relativos à insignificante gratificação dos sentidos materiais, há rígidas considerações quanto a tempo, lugar, pessoa, qualificação, etc. O Senhor, no entanto, devido à Sua misericórdia para com as jivas, não estabeleceu nada parecido em relação ao cantar dos santos nomes; em outras palavras, pode-se cantar o santo nome do Senhor em qualquer momento ou condição.

No Caitanya-Bhagavata [Madhya 28.28], encontramos a seguinte declaração de Sri Caitanya Mahaprabhu:

ki sayane, ki bhojane, kiva jagarane
ahirnasa cinta krsna, balaha vadane

“Sempre se lembrem de cantar o santo nome – quer dormindo, comendo ou caminhando”.

Em Madhya 23.78, também encontramos:

sarvaksana balaithe vidhi nahi ara

“Não há regras rígidas e severas para cantar, portanto cantem sempre”.

Essa mesma instrução é repetida no Caitanya-Caritamrta [Antya 20.18]:

khaite suite yatha tatha laya
kala, desa niyama nahi, sarva sidhi haya

“Independente de tempo ou lugar, alguém que canta o santo nome, mesmo enquanto come ou dorme, obtém toda a perfeição”.

Amanhã, dia 15 de Dezembro, dia do desaparecimento de Srila Bhaktisiddhanta Sarasvati Thakura


Srila Bhaktisiddhanta, mestre espiritual de Srila Prabhupada, divulgou com muito vigor os ensinamentos do Senhor Caitanya Mahaprabhu no começo do século vinte. Ele pregou contra as influências profundamente enraizadas do sistema de castas e do impersonalismo. Encontrando-se com eruditos acadêmicos, educadores e outros líderes da sociedade e escrevendo mais de 108 ensaios e livros, ele trabalhou para apresentar a consciência de Krishna como uma ciência altamente exata; estabeleceu 64 templos, conhecidos como Gaudiya Mathas, dentro e fora da Índia.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Sri Sri Siksastaka (verso1)

Composição de Sua Onipotência Sri Krsna Caitanya Mahaprabhu
Significados de Sua Divina Graça Bhaktisiddhanta Sarasvati

Verso 1

ceto-darpana- marjanam bhava-maha-davagni- nirvapanam
sreyah-kairava- candrika- vitaranam vidya-vadhu- jivanam
anandambudhi- vardhanam prati-padam purnamrtasvadanam
sarvatma-snapanam param vijayate sri-krsna-sankirtan am

Glórias ao Sri-krsna-sankirtan a, que remove do coração toda a poeira acumulada por anos e extingue o fogo da vida condicionada, que se apresenta sob a forma de repetidos nascimentos e mortes. Este movimento de sankirtana é a principal bênção para toda a humanidade em geral porque espalha os raios da lua da bênção. É a vida de todo o conhecimento transcendental. Ele aumenta o oceano de êxtase transcendental, e nos capacita a saborearmos completamente o néctar pelo qual sempre ansiamos.

Há inúmeras maneiras para se executar serviço devocional, o Srimad-Bhagavatam e o Hari-bhakti- vilasa descrevem vários deles. De maneira geral, sessenta e quatro ramos do serviço devocional são considerados as principais disciplinas ou processos da bhakti-yoga. Eles são todos agrupados sob as categorias de vaidhi-bhakti (serviço devocional de acordo com as regras e regulações) e raganuga-bhakti (serviço devocional espontâneo). No Srimad-Bhagavatam, Prahlada Maharaja glorifica especialmente o serviço devocional puro e espontâneo. Como dito pelo Senhor Gaurasundara: “O canto congregacional do santo nome do Senhor é a forma mais perfeita de serviço devocional”.
Aqueles que são instruídos na ciência transcendental da Verdade Absoluta definiram a substância não-dual suprema, conhecida no estágio preliminar por meio de jnana, como brahman. Compreendido mais profundamente em seu aspecto eterno, ela é definida como paramatma, ou a Superalma. Na completa e plena manifestação de todas as suas potências e de sua natureza transcendental de conhecimento pleno, eternidade e bem-aventurança, a Suprema Verdade Absoluta é conhecida como bhagavan. Bhagavan, ou a Suprema Personalidade de Deus, é chamado Vasudeva quando manifesta Sua opulência suprema, e Krsna quando encobre Sua opulência com Seu humor de amor conjugal. O Senhor Narayana reciproca Seus devotos principalmente em duas doçuras, ou rasas, enquanto que o Senhor Krsna é o objeto adorável de todas as cinco rasas. O Senhor Balarama, a expansão vaibhava prakasa do Senhor Krsna manifesta em relação a Suas excelências, é o Senhor Supremo de Vaikunthaloka, residindo permanentemente ali em Suas eternas expansões de catur-vyuha.
O cantar apropriado em japa é possível unicamente na mente. Assim irá o praticante do cantar obter a perfeição desejada. O canto audível com movimentos labiais é kirtana; este é mais efetivo do que o cantar em japa, e traz para o praticante o maior benefício. Sankirtana significa “kirtana completo”, pois não é necessário executar nenhuma outra atividade devocional se a pessoa realiza sankirtana. Kirtana parcial ou imperfeito do santo nome do Senhor Krsna não é o mesmo que sankirtana. O cantar imperfeito do nome de Krsna é incapaz de causar a grandessíssima e perfeita mudança espiritual das entidades vivas. Ao contrário, tal cantar imperfeito irá fazer com que elas duvidem da potência de kirtana. Desta forma, que o cantar completo e perfeito do santo nome de Krsna, ou nama-sankirtana, seja vitorioso.
O conhecimento de um indivíduo acerca de tópicos mundanos é fragmentado. No mundo espiritual, contudo, o Senhor Krsna é o tópico último, e, sendo transcendental, esse plano permanece eternamente intocado pela natureza material. Através da discussão sobre tópicos transcendentais, ou Sri Krsna, obtém-se perfeições supramundanas. Sete dessas perfeições, especialmente relacionadas ao cantar do santo nome do Senhor Krsna, são mencionadas neste sloka.

(1) ceto-darpana- marjanam (tira do coração toda a poeira acumulada)

O cantar do nome do Senhor Krsna limpa o espelho do poluído coração da alma condicionada, que está completamente coberto por três contaminações, a saber, (1) desejos separados do interesse do Senhor, (2) desfrute de frutos de atividades mundanas, e (3) renúncia não observada com o intuito de aprazer ao Senhor. O processo mais efetivo para a limpeza do coração da jiva de todas essas impurezas é o cantar do nome do Senhor Krsna. Tais contaminações desleais cobrem o espelho da consciência e fazem com que a jiva rejeite sua natureza verdadeira. Somente o nome de Krsna é suficiente para livrar a consciência de todas essas aberrações. Assim, cantando constantemente, refugiando-se completamente no santo nome, a jiva gradualmente começa a ver sua forma espiritual refletida no espelho do coração e entende: “Eu sou serva do Senhor Krsna”.

(2) bhava-maha-davagni- nirvapanam (extingue o fogo da vida condicionada)

Esta existência material apenas parece ser doce e prazerosa, mas, na realidade, é como um incêndio no íntimo da floresta, o qual algumas vezes pode reduzir toda a floresta a cinzas. Não-devotos, aqueles destituídos de fé no Senhor Krsna, têm que tolerar constantemente a escaldante dor deste incêndio da existência material. Por outro lado, quando o nome do Senhor Krsna é perfeitamente cantando, os devotos são protegidos dessas abrasantes chamas, muito embora talvez estejam no meio da floresta do mundo material.

(3) sreya-kairava- candrika- vitaranam (espalha os raios da lua da bênção)

Cantar o santo nome do Senhor Krsna com todo o coração é a bondade e a munificência mais elevadas. Sreyah significa “bênção”, kairava significa “lírios brancos”, e candrika são os raios da lua. Assim como, por meio dos mitigantes raios da lua, a beleza do lírio branco se destaca na noite, o cantar do nome de Krsna traz o melhor no homem e ilumina o escuro universo com o derramar de sua bênção divina. A sociedade humana não se beneficia nem com desejos materiais de gozo dos sentidos nem com conhecimento especulativo nem com atividades fruitivas, senão que é o cantar do nome de Krsna que abençoa a todos com a maior das prosperidades.

(4) vidya-vadhu- jivam (a vida de todo o conhecimento transcendental)

O Mundaka Upanisad menciona dois tipos de conhecimento: material e transcendental. O cantar do santo nome do Senhor Krsna é indiretamente o manancial do conhecimento material, mas é primariamente a vida e alma do conhecimento transcendental, ou supramundano. O cantar induz a jiva a quebrar os grilhões do falso-ego e do falso-prestígio – produtos do conhecimento material – e a conduz à compreensão de sua relação eterna com o Supremo Senhor Sri Krsna, o filho do rei de Vraja. O intento último de todo conhecimento transcendental é, portanto, o cantar do santo nome de Krsna.

(5) anandambudhi- vardhanam (aumenta o oceano de êxtase transcendental)

O cantar do santo nome expande o ilimitado oceano de bem-aventurança transcendental e permite que a pessoa desfrute plenamente do mais doce néctar a todo instante. A palavra “oceano” não pode ser aplicada a um pequeno reservatório d’água, daí ser apropriada a comparação da ilimitada bem-aventurança oriunda do cantar do santo nome a um oceano.

(6) prati-padam purnamrtasvadanam (nos capacita a saborear o néctar pelo qual sempre ansiamos)

Estas experiências transcendentais, uma vez que são eternas e intocadas por qualquer sorte de imperfeição, não carecem nem de plenitude nem de constância.

(7) sarvatma-snapanam (banha completamente o corpo, a mente e o atma)

Mesmo os objetos e a natureza espirituais tornam-se mais tenros em contato com o cantar do santo nome de Krsna. No reino mundano, o corpo e a mente, e, acima deles, a alma, não só se tornam purificados pelo nome de Krsna, mas, gradual e inevitavelmente, tornam-se tenros como ele. As contaminações sutis e grosseiras concomitantes da concepção material de vida quase devoraram a alma espiritual, mas essas doenças materiais podem ser imediatamente extirpadas pelo cantar do santo nome. Quando livre de suas designações materiais, a entidade viva volta sua atenção para Sri Krsna e se ocupa no serviço devocional sob a fresca e confortante sombra de Seus pés de lótus.

Srila Jiva Gosvami escreve em seu Bhakti-sandarbha [273], e no Krama-sandarbha:

ata eva yadyapyanya bhaktih kalau kartavyatada kirtanakhya- bhakti-samyogena iva

Isto quer dizer que, embora seja necessária em Kali-yuga a observância dos outros oito ramos do serviço devocional – a saber, sravana, smaranam, pada-sevanam, arcanam, vandanam, dasyam, sakhyam e atma nivedanam – eles têm de ser realizados juntamente com o cantar (kirtanam).


quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

"Perdão ou o uso da força"



Prahlada Maharaja explica acerca do perdão.

Um certo dia Bali aproximou-se de Prahladda e perguntou, "O que é mais meritório, o perdão ou o uso da força?

Prahlada: Nem o perdão, nem o uso da força são meritórios em todas as situações. Se alguém sempre perdoar, então seus servos, dependentes, inimigos, e mesmo estranhos irão desrespeitá-lo. Quando alguém sempre perdoa, então seus servos com a mente decidida irão gradualmente tirar toda sua riqueza e não mais obedecerão suas ordens. Por outro lado, alguém que simplesmente pune e nunca perdoa, rapidamente ver-se-á sem amigos. Na verdade, todos irão detestar esta pessoa que nunca perdoa, e quando houver uma pequena oportunidade farão tudo para feri-lo. Portanto, a conclusão é que o uso da força e o perdão devem ser exibidos nos momentos correctos. Meu querido Bali, as seguintes pessoas devem ser perdoadas: aquele que fez um excelente serviço no passado, mesmo que seja culpado de uma grande falta, aquele que ofende simplesmente por ignorância ou tolice, aquele que é ofensor pela primeira vez, alguém que cometeu um acto errado contra a sua vontade; e adicionando, outros ofensores podem ser as vezes perdoados simplesmente para criar-se uma boa imagem pública. As seguintes pessoas não devem ser perdoadas: aquele que claramente ofendeu mas reivindica inocência, mesmo que sua ofensa seja pequena; e, um ofensor reincidente, não interessando quão pequeno seja seu crime."

Mahabharata, Vana Parva p. 13.

Há muitos nomes de Deus e muitos caminhos que conduzem a Ele, assim como há muitos caminhos e nomes que levam a outros lugares. Várias companhias aéreas e rotas podem nos levar a Tóquio. Se durante nossa viagem para Tóquio, pensamos estar no único avião que vai para lá, ou mesmo na única linha aérea, intoxicamos a nós mesmos com o álcool do orgulho. Claro que nem toda empresa aérea tem vôos para o oriente, tampouco todo avião que está cruzando os ares neste momento está indo em direção a Tóquio, ou talvez nem sequer esteja indo para o Japão. Dentre as empresas aéreas que de fato vão até Tóquio, algumas têm rotas mais diretas, melhores serviços ou menores preços.
Aquele que cuidadosamente estuda a ciência de bhakti, a ciência do serviço devocional a Krsna, que inclui a prática do cantar de Hare Krsna, irá rapidamente entender que esta rota do amor por Deus é direta. O vôo inclui amplo serviço de bordo, e o preço é apenas um pouco de desejo sincero. Para que nosso cantar de bhakti seja efetivo, devemos distinguir entre adoração ao Absoluto e ao relativo, enquanto honramos todas as formas e nomes do Absoluto. Então, nosso cantar de Hare Krsna irá, sem demora, dar-nos a realização de nosso eu e de nossa doce relação com o único, o todo atrativo Senhor Sri Krsna.

Urmila dd

Todos os nomes de Deus são igualmente sagrados


Srila Prabhupada escreve: “A segunda ofensa é ver os santos nomes do Senhor em termos de distinções mundanas. O Senhor é o proprietário de todos os universos e, portanto, Ele talvez seja conhecido em diferentes lugares por diferentes nomes, mas esses nomes, de forma alguma, não qualificam Deus plenamente. Qualquer nome atribuído ao Senhor Supremo é tão sagrado quanto qualquer outro, porque todos eles se referem ao Senhor. Tais nomes sagrados são tão poderosos quanto o Senhor, e não há nada que impeça alguém, em nenhuma parte da criação, de cantar e glorificar o Senhor pelo nome que Ele é conhecido naquele determinado local. Eles são todos auspiciosos, e não se deve fazer distinção entre os nomes do Senhor como se faz com mercadorias em uma prateleira” (Srimad-Bhagavatam 2.1.11, Significado).
Muito sofrimento, mesmo na forma de tortura e guerra, foi promovido por discussões acerca do nome do Senhor Supremo. Se você não gosta de como eu chamo Deus, você talvez me chame de herege. Mas é razoável entender que Deus, que criou e possui tudo, tem inúmeros nomes. Mesmo nós, pessoas comuns, temos muitos nomes, como nome legal, apelido entre amigos, apelido íntimo e títulos. Às vezes, o que parece ser vários nomes para Deus é apenas o mesmo termo em diferentes línguas, como nomes que significam “o Provedor”, “o Mantenedor”, “o Curador” ou “o Criador”. Seguidores das escrituras Védicas cantam uma longa canção com mil nomes de Visnu em Sânscrito, e outros sistemas religiosos ensinam noventa e nove nomes, quinze nomes e assim por diante, de acordo com sua língua e compreensão.
Se um devoto de Deus, que O chama através de qualquer um de Seus santos nomes, discrimina de forma mundana Seus outros nomes, o nome é ofendido - pois Deus está plenamente presente em todos os Seus nomes. Ele acaba por se afastar de tal pessoa reducionista que busca se engrandecer a custo de diminuir outros.

Urmila dd

O nome de Krsna é o próprio Krsna, pleno de variedade espiritual


Neste mundo”, Srila Prabhupada escreve, “o santo nome de Visnu é todo-auspicioso. O nome, a forma, as qualidades e os passatempos de Visnu são todos transcendentais, perfazendo um conhecimento absoluto. Assim, se alguém tenta separar a Personalidade Absoluta do Supremo de Seu santo nome ou de Suas qualidades, forma e passatempos transcendentais, pensando que são materiais, isso é ofensivo [...] Essa é a segunda ofensa aos pés de lótus do santo nome do Senhor” (Caitanya Caritamrta, Adi-lila 8.24, Significado).
Primeiro aprendemos a respeitar igualmente todos os nomes de Deus. Agora aprendemos a respeitar o nome de Krsna como sendo absolutamente igual a Ele. Não há nenhuma hierarquia mundana para os diferentes nomes de Deus. Deus é um, e Seus nomes também são um. Não há mais de um Deus. Ainda assim, como o Senhor tem diversas encarnações e expansões, Seus inumeráveis nomes apresentam diferentes humores e doçuras espirituais. Alguns nomes de Krsna, por exemplo, são mais íntimos do que outros, assim como “meu bem” é uma forma mais íntima de tratar alguém do que “Meritíssimo” – muito embora possam se referir a mesma pessoa.
Nomes como “o Criador”, “o Provedor” e outros, têm relação com o papel que Deus desempenha em relação com a criação material ou com nossas vidas aqui. Assim como “juiz” e “Meritíssimo”, eles dizem sobre o “trabalho” de Deus. Tendo como foco a postura de Krsna perante nossos interesses, esses nomes tendem a ser centrados no homem.
Outros nomes de Deus são referentes a Seus passatempos em Sua morada espiritual. Embora estes nomes também indiquem a relação de Krsna com outros, esses “outros” são Seus devotos puros, não almas rebeladas.
Infelizmente, a maioria das tradições espirituais e religiosas do mundo conhece apenas os nomes de Deus referentes à criação material. Há pouco conhecimento sobre a vida pessoal de Krsna em Seu reino pessoal, ou sobre Seus nomes lá. Quando tal conhecimento existe, não é, de maneira geral, tratado como parte essencial dos ensinamentos e práticas. Em contraste, escolas Vaisnavas, especialmente o Vaisnavismo Gaudiya (que inclui o movimento Hare Krsna), provêm a seus membros ricas e detalhadas informações acerca dos devotos, atividades, nomes e morada de Krsna.
Srila Prabhupada explica que o nome Krsna é o nome supremo porque significa “o todo atrativo”. Ele inclui todos os aspectos do Senhor e destaca a opulência e a doçura das qualidades de Deus. Porque Krsna é a Personalidade de Deus original, todos os demais nomes de Deus estão incluídos em Seu nome.
Os devotos de Krsna distribuem Seu nome porque querem envolver outros na doçura divina que transpassa a meditação da opulência majestosa do Senhor. Nomes que expressam as funções de Deus neste mundo dão menos do que a satisfação plena que a alma anseia. E o Senhor sente muito mais prazer quando se dirigem a Ele em relação com Seus queridos devotos santos do que através de nomes que glorificam Seu papel neste mundo.
Assim como aqueles que conhecem apenas as atividades e nomes de Deus relacionados ao mundo material não devem rejeitar os demais nomes, da mesma forma, aqueles têm a fortuna de conhecer os nomes íntimos de Krsna não devem pensar que o conhecimento superior faz do conhecedor superior. Ao contrário, com humildade e visão equânime, aqueles que cantam e recitam mantras como o Hare Krsna, Hare Krsna, Krsna Krsna, Hare Hare, Hare Rama, Hare Rama, Rama Rama, Hare Hare devem demonstrar todo o respeito por aqueles absortos apenas na compreensão secundária. Assim daremos prazer ao santo nome.
Mesmo dentro do reino de Krsna, há variedade em termos de níveis de intimidade com Krsna. Mas tal variedade não recebe os atributos de “superior” e “inferior” como no mundo material. Uma pessoa que pensa que determinado nome é inferior porque é associado a uma atividade de menor intimidade do Senhor faz uma distinção mundana. E se uma pessoa denigre um devoto que adora Deus por um nome associado a Sua realeza, a ofensa é ainda mais grave.
Determinar se um nome de Deus em particular é embebido no humor de reverência ou no humor de intimidade não é algo muito simples, diga-se de passagem. A diferença entre nomes íntimos e nomes reverenciais pode estar mais no humor e compreensão daqueles que os pronunciam do que na sua definição literal. Mesmo as mais íntimas devotas de Krsna, Suas namoradas vaqueirinhas, às vezes chamam Krsna de Acyuta (Infalível), Vishabha (a Pessoa Mais Elevada) ou Natha (Senhor).
A distinção entre as várias formas de Deus e seus respectivos nomes não se baseia em potência, mas em relacionamentos. Assim, para manter determinados relacionamentos, algumas formas e nomes de expansões plenárias de Krsna nunca exibem certas qualidades. Cada tipo de relacionamento com o Senhor é glorioso. Quando Krsna apareceu como Seu próprio devoto, como Caitanya Mahaprabhu, Ele encorajou a todos que se focassem em Deus em Sua forma original, plena de doçura e de todos os relacionamentos - Krsna. Quando Ele se encontrava com pessoas plenamente devotadas a formas de Krsna como Ramacandra ou Narayana, todavia, Ele glorificava o apego e amor dessas pessoas por Deus.
Embora os nomes descritivos de Deus sejam inumeráveis, Ele não “tem” um nome no sentido de ter uma denominação arbitrária, temporária e diferente dEle. Uma alma condicionada é diferente de sua mente, de seu corpo e de seu nome. Assim, quando chamo o nome de minha amiga, olho para sua foto ou penso em suas qualidades, não tenho contato direto com ela. Mas Krsna, sendo absoluto, é idêntico a seus nomes, forma e qualidades. Contato com qualquer um deles é contato direto com Ele. Enquanto que há unidade e diferença simultâneas entre o Senhor e Suas energias, há apenas unidade entre Ele e Seus atributos pessoais, dentre os quais se inclui Seu nome. Dizer e ouvir o nome de Krsna com amor puro é estar plenamente em Sua presença. Essa unidade entre o Senhor e Seu nome é válida para todos os Seus nomes, sejam em relação à criação ou ao reino espiritual.

Urmila dd

terça-feira, 9 de dezembro de 2008


Existem duas classes de homens, a saber, o devoto e o demônio. O Senhor escolheu Arjuna para receber esta grande ciência devido ao fato de ele ser um devoto do Senhor, mas não é possível que um demônio entenda esta grande ciência misteriosa. Há inumeráveis edições deste grande livro do conhecimento. Algumas delas têm comentários dos devotos, e outras têm comentários dos demônios. O comentário feito pelos deotos é verdadeiro, ao passo que o comentário dos demônios é inútil. Arjuna aceita Sri Krishna como a Suprema Personalidade de Deus, e qualquer comentário sobre o Gita que siga os passos de Arjuna é verdadeiro serviço devocional em prol desta grande ciência. As pessoas demoníacas, no entanto, não aceitam o Senhor Krishna como Ele é. Aoinvés disso, elas inventam algo sobre Krishna e em geral desviam os leitores, afastando-os das instruções de Krishna. Aqui fica uma advertência sobre esses caminhos enganosos. Todos devem tentar seguir a sucessão discipular procedente de Arjuna, e assim beneficiar-se com esta grande ciência do Srimad Bhagavad Gita.

Srila Prabhupada BG 4.3 sig

9 de Dezembro - Suddha Ekadasi


Moksada Ekadasi


MaharajaYudhisthira disse:
-Ó Vishnu, mestre de todos, ó deleite dos três mundos, ó Senhor do universo, ó criador do mundo, ó mais idosa das personalidades, ó melhor de todos os seres, eu ofereço minhas mais respeitosas reverências a Você. Ó Senhor dos senhores, para o benefício de todas entidades vivas, responda algumas perguntas que eu tenho, qual o nome do Ekadasi que ocorre durante o quarto crescente do mês Margasirsa(novembro/dezembro), o qual remove todos os pecados? Como alguém deve observá-lo corretamente e qual é a deidade adorável neste dia santo? Ó Senhor, por favor explique isto para mim.
O Senhor Sri Krishna respondeu:
-Ó Yudhisthira, sua pergunta é muito auspiciosa e lhe trará fama. Assim como lhe expliquei anteriormente o querido Utpanna maha-dvadasi(nota 1), o qual ocorre durante o quarto minguante do mês Margasirsa(novembro/dezembro), e que foi o dia quando Ekadasi-devi apareceu do Meu corpo para matar o demônio Mura, beneficiando a todos seres animados e inanimados nos três mundos, assim mesmo devo lhe explicar agora o Ekadasi que ocorre no quarto crescente do mês margasirsa. Este Ekadasi é famoso como Moksada por que purifica o devoto fiel de todas as reações pecaminosas concedendo-lhe a liberação. A deidade adorável deste dia é o Senhor Damodara. Com toda atenção deve-se adora-lo com incenso, lamparina de ghee, flores e manjaris de Tulasi.
Ó melhor dos reis, por favor ouça enquanto Eu narro para você a história antiga e auspiciosa deste Ekadasi. Simplesmente por ouvir esta história, pode-se obter o mesmo mérito alcançado pela execução de um sacrifício Asvamedha. E pela influência deste mérito, os antepassados, mães, filhos e outros parentes que foram ao inferno, vão ao céu. Somente por esta razão, ó rei, você deve ouvir cuidadosamente esta narração.
Certa vez, Havia uma bela cidade chamada Campakanagara, a qual estava habitada por vaishnavas devotados. Ali o melhor dos reis santos, Maharaja Vaikhanasa, governava seus súditos como se fossem seus próprios filhos e filhas. Os brahmanas nesta capital eram bem expertos nos quatro tipos de conhecimento védico. Enquanto governava apropriadamente, o rei certa noite teve um sonho no qual seu pai estava sofrendo as dores da tortura em um planeta infernal. O rei ficou tomado de compaixão e chorou. Na manhã seguinte, Maharaja Vaikhanasa narrou seu sonho ao seu conselho de brahmanas duas vezes nascidos.
-Ó brahmanas, disse o rei, em um sonho na última noite eu vi meu pai sofrendo em um planeta infernal. Ele estava gritando: "Ó filho, por favor liberte-me do tormento deste inferno." Agora eu não tenho paz e até mesmo este belo reino tornou-se insuportável para mim. Nem mesmo meus cavalos, elefantes e quadrigas me dão alguma alegria e meu vasto tesouro não me dá nenhum prazer.
Tudo, ó sábios brahmanas, até mesmo minha própria esposa e filhos, tornou-se fonte de infelicidade desde que soube que meu querido pai está sofrendo as torturas do inferno. Onde devo ir? Que devo fazer? Ó brahmanas, para aliviar este sofrimento? Meu corpo está queimando de temor e lamentação! Por favor digam-me qual o tipo de caridade, qual o modo de jejuar, qual a austeridade ou qual a meditação profunda que tenho que executar, para libertar meu pai desta agonia e conceder a liberação ao meus antepassados? Ó melhores dentres os brahmanas, Qual a vantagem de se ter um filho poderoso se o próprio pai sofre em um planeta infernal? De fato, a vida de tal filho é totalmente inútil!
Os brahmanas duas vezes nascidos responderam:
-Ó rei, na floresta da montanha, não muito distante daqui há um asrama onde reside o grande santo Parvata muni. Por favor vá até lá, pois ele conhece o passado, presente e o futuro de tudo e certamente lhe ajudará em sua miséria.
Após ouvir este conselho, o sofrido rei partiu imediatamente numa viagem ao asrama do famoso sábio Parvata muni. O asrama era muito grande e abrigava muitos sábios eruditos expertos no cantar dos hinos sagrados dos quatros vedas(nota 2). Aproximando-se do sagrado asrama, o rei viu Parvata muni sentado entre os sábios como se fosse um outro senhor Brahma, o criador não nascido.
Maharaja Vaikhanasa ofereceu as suas humildes reverências ao muni, curvando sua cabeça e então prostando todo seu corpo. Após o rei ter se acomodado, Parvata muni perguntou-lhe sobre o bem estar dos sete membros do seu extenso reino(nota 3). O muni também lhe perguntou se o reino estava livre de problemas e se todos estavam em paz e felizes. Para estas perguntas o rei respondeu:
-Por sua misericórdia, ó sábio glorioso, todos os sete membros do meu reinado estão indo muito bem. Mesmo assim, há um problema que surgiu recentemente e para resolvê-lo vim lhe procurar, ó brahmana, buscando seu conselho experto.
Então Parvata muni, o melhor de todos os sábios, fechou os olhos e meditou no passado presente e futuro do pai do rei. Após alguns momentos ele abriu seus olhos e disse:
-Seu pai está sofrendo os resultados de ter cometido um grande pecado e eu descobri qual foi este pecado; em sua vida anterior, ele brigou com a esposa quando desejava desfrutar sexualmente dela durante o período menstrual. Ela tentou resistir aos avanços dele e gritou: "Alguém por favor me salve! Por favor, ó marido, não interrompa meu período mensal!" Mesmo assim ele não a deixou só. É devido a este grande pecado que seu pai caiu em total condição infernal.
Então o rei Vaikhanasa disse:
-Ó maior dos sábios, por qual processo de jejum ou caridade eu posso libertar meu querido pai de tal condição? Diga-me por favor como poderei remover a carga de suas reações pecaminosas, as quais são um grande obstáculo ao progesso dele rumo à liberação última.
Parvata muni respondeu:
-Durante o quarto-crescente do mês Margasirsa(novembro/dezembro) ocorre um certo Ekadasi chamado Moksada. Se você respeitar estritamente este Ekadasi sagrado, jejuando completamente e dando diretamente ao seu pai sofredor o mérito que obter desta maneira, ele se livrará do sofrimento e liberta-se-á imediatamente.
Ouvindo isto, Maharaja Vaikhanasa agradeceu profundamente ao grande sábio e retornou então ao seu palácio. Ó Yudhisthira, quando finalmente chegou o quarto-cescente do mês Margasirsa, Maharaja Vaikhanasa observou o jejum de Ekadasi fiel e perfeitamente junto com a esposa, filhos e outros parentes. Ele deu devidamente o mérito do jejum ao seu pai e enquanto fazia o oferecimento, belas flores cairam do céu. O pai do rei foi então levado pelos mensageiros dos semideuses e conduzido às regiões celestiais. Enquanto passava por seu filho, o pai disse ao rei:
-Meu querido filho, toda a auspiciosidade a você! Por fim ele chegou ao reino celestial(nota 4).
Ó filho de Pandu, concluiu o Senhor Sri Krishna, quem quer que observe estritamente o sagrado Moksada Ekadasi, seguindo as regras e regulações estabelecidas, alcança liberação plena e perfeita após a morte. Ó Yudhisthira, não há melhor dia para se jejuar do que este Ekadasi do quarto-crescente do mês Margasirsa, pois este é um dia impecável e claro como o cristal. Quem quer que fielmente observe este jejum do Ekadasi, o qual é como a jóia Cintamani(que concede todos os desejos), alcança um mérito especial que é muito difícil de calcular, pois este dia pode elevar a pessoa aos planetas celestiais e além; à liberação perfeita.
-NOTAS-

1)Quando o Ekadasi cai em combinação com o Dvadasi, os devotos o chamam de Maha Dvadasi, e o jejum de cereais e feijões é feito neste (Maha) Dvadasi.
2)Os quatros vedas são: Sama, Yajur, Rg e Atharva.
3)Os sete membros do domínio de um rei são: o próprio rei, seus ministros, seu tesouro, suas forças militares, seus aliados, os brahmanas, os sacrifícios executados em seu reino e as necessidades de seus súditos.
4)Se alguém observa o jejum de Ekadasi para um antepassado falecido que esteja sofrendo no inferno, então o mérito assim obtido capacita o antepassado a deixar o inferno e entrar no reino celestial onde então poderá praticar serviço devocional a Krishna ou Vishnu e ir de volta ao Supremo. Mas quele que observa Ekadasi para sua própria elevação espiritual, volta ao Supremo pessoalmente, nunca retornando ao mundo material.