terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Sri Sri Siksastaka (verso4)

Composição de Sua Onipotência Sri Krsna Caitanya Mahaprabhu
Significados de Sua Divina Graça Bhaktisiddhanta Sarasvati

Verso 4

na dhanam na janam na sundarim
kavitam va jagad-isa kamaye
mama janmani janmanisvare
bhavatad bhaktir ahaituki tvayi


Ó Senhor todo-poderoso, não tenho o desejo de acumular riquezas, tampouco desejo belas mulheres ou me envolver com as atividades fruitivas descritas em linguagem florida, nem quero um grande número de seguidores. Tudo o que desejo é o seu serviço devocional imotivado nascimento após nascimento.

“Ó Jagadisa, Senhor do universo! Não tenho interesse por riquezas, seguidores ou belas poesias materiais (sundari kavita) embelezadas com adornos literários. Você é o meu objeto de adoração e de amor devocional nascimento após nascimento. Meu único desejo é que eu permaneça ocupado no serviço devocional imotivado a Seus pés de lótus (ahaituki bhakti)”.

Sundari kavita se refere à religiosidade material (dharma) descrita nos Vedas; dhanam se refere a riquezas (artha); e janam, a esposa, filhos, parentes e assim por diante.

“Eu não apenas abomino o desfrute material na forma de dharma, artha e kama - respectivamente, religiosidade, desenvolvimento econômico e gratificação sensorial -, mas me aterroriza até mesmo a idéia do desejo por moksa, a liberação do ciclo de nascimentos e mortes. Eu me recuso a ser seduzido por estas quatro metas Védicas ou a adorá-lO em troca da obtenção delas, senão que a única coisa que desejo é poder servi-lO e assim Lhe dar prazer”.

A oração do rei-devoto Kulasekhara expressa essa disposição:

yad yad bhavyam bhavatu bhagavan purva-karmanurupam
etad-prarthyam mama bahumatam janma-janmantare 'pi
tvat-padambhor- uhayugagata niscala bhaktir-astu
naham vande padakamalayor- dvandvam- advandva- heto
kumbhipakam gurum-api hare narakam napanetum
ramyaramamrdutanula tanandane nabhirantum
bhave bhave hrdaya-bhavane bhavayeyam bhavantam

“Ó Senhor Supremo, meu Senhor. Não desejo acumular imensas quantidades de atividades piedosas através da realização de sacrifícios e da execução de deveres como recomendam as escrituras, tampouco desejo grandes opulências ou gratificação sensorial. Mesmo que eu acaso estivesse para obter soberania sobre este planeta Terra, não tenho nenhuma fé de que algum benefício verdadeiro nasceria disso. Qualquer que seja o objeto de gratificação sensorial que possa existir nos planetas intermediários ou celestiais, eu não o desejo. As reações que o meu destino me obrigará a sofrer ou desfrutar, que venham – eu não oro que me libere do mais temível e horrendo inferno, o inferno Kumbhipaka, tampouco oro que me permita desfrutar da companhia das belíssimas donzelas celestiais nos aprazíveis jardins Nandana-kanana dos planetas superiores. Pelo que oro, Ó meu Senhor, é que a disposição devocional de meu coração permaneça indesviável e fixa a Seus pés de lótus nascimento após nascimento”.

Aqueles que possuem fé nos Vedas e que anseiam por religiosidade ordinária adoram o deus do sol; aqueles que anseiam por riquezas adoram Ganesa; aqueles que anseiam por variedades de desfrutes sensuais adoram Durga ou Kali; aqueles que anseiam pela liberação adoram Siva; e aqueles cuja devoção é misturada com o desejo de desfrutar dos resultados de suas atividades adoram o Senhor Visnu. Este tipo de adoração Védica é conhecido como pancopasana. Pancopasana é sakama upasana, adoração com desejos materiais. Quando tais pretensos seguidores dos Vedas adoram sem desejos materiais (niskama) essas cinco personalidades; porque tratam o Senhor Visnu como no mesmo nível que os semideuses - e não como a Suprema Personalidade de Deus - eles estão adorando, de fato, o brahman impessoal (nirguna-brahman), a única existência que aceitam como o supremo. Para se adorar o Senhor Visnu correta e puramente, o adorador deve prestar a Ele serviço devocional imotivado (ahaituki bhakti).

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