quinta-feira, 31 de julho de 2008

Consciência de Krishna no Lar



A finalidade destas informações é mostrar que é possível e benéfico praticar a consciência de Krishna em sua vida diária, enquanto você vive e trabalha fora de um templo ou ashrama. A consciência de Krishna depende de você seguir os princípios de bhakti-yoga em todas as suas atividades. Naturalmente, viver em associação com os devotos torna mais fácil praticar o serviço devocional, mas, se você está determinado, pode seguir os ensinamentos do Senhor Krishna e do mestre espiritual em sua casa e assim transformá-la num templo de Krishna. De fato, se você seguir séria e constantemente a orientação do mestre espiritual, você afinal estará qualificado para aceitar a iniciação.A vida espiritual, como a vida material, quer dizer atividade prática. A diferença é que enquanto praticamos atividades materiais para nós mesmos e aqueles que consideramos ligados a nós, as atividades espirituais são praticadas em prol de Krishna, sob a guia de um mestre espiritual genuíno (guru) e das escrituras reveladas (shastra). A chave para o sucesso espiritual é aceitar a orientação do guru e das escrituras. Krishna declara no Bhagavad-gita que a pessoa não pode alcançar a felicidade nem o destino supremo da vida, isto é, voltar para o Supremo, voltar para o Senhor Krishna, se ela não seguir os preceitos das escrituras. Os preceitos das escrituras são traduzidos em ocupações práticas no serviço ao Senhor por um mestre espiritual genuíno. De fato, o princípio básico na vida espiritual é aceitar a orientação de um mestre espiritual e seguir suas instruções como vida e alma. Sem seguirmos as instruções de um mestre espiritual que esteja numa corrente autorizada de sucessão discipular, não podemos progredir espiritualmente. As práticas delineadas aqui são práticas de bhakti-yoga de tempos imemoriais como foram dadas pelo mais importante mestre espiritual e expoente da consciência de Krishna de nossos tempos - Sua Divina Graça A. C. Bhaktivedanta Swami Prabhupada - fundador-acharya da Sociedade Internacional para a Consciência de Krishna (ISKCON).A finalidade do conhecimento espiritual é nos trazer para mais perto de Deus ou Krishna. Krishna diz no Bhagavad-gita (18.55) que bhaktya mam abhijanati: "Eu só posso ser conhecido pelo serviço devocional". O conhecimento nos guia na ação apropriada.O conhecimento espiritual nos guia em todos aspectos de nossa vida, com o objetivo de fazer de cada ato, um ato de amor e devoção a Deus, cheio de bem-aventuranç a transcendental e a satisfazer os desejos de Krishna através de ocupações práticas no serviço amoroso a Ele. Sem aplicação prática, o conhecimento espiritual tem pouca validade. O conhecimento espiritual é para nos dirigir em todos os aspectos da vida. Devemos nos esforçar para reorganizar nossas vidas de modo a seguir os ensinamentos de Krishna tanto quanto possível. Tente fazer o melhor que pode, fazer mais do que é simplesmente conveniente em sua situação presente. Deste modo, é possível viver dentro deste mundo material sem ser afetado por ele, mesmo morando longe de um templo.

-Adoração em casa

Cantar o mantra Hare Krishna o princípio mais básico no serviço devocional é que a pessoa deve cantar sempre o mantra Hare Krishna:

Hare Krishna, Hare Krishna, Krishna Krishna, Hare HareHare Rama, Hare Rama, Rama Rama, Hare Hare

Você pode cantar os santos nomes do Senhor em qualquer lugar e hora, mas é melhor determinar uma hora especial do dia para cantar regularmente (as horas da madrugada são as melhores).O cantar pode ser feito de duas maneiras: cantar propriamente (em grupo, se possível), chamado kirtana, e individualmente, chamado japa (que literalmente quer dizer falar em voz baixa). Você deve se concentrar em ouvir o mantra. Enquanto está cantando clara e distintamente numa atitude de oração a Krishna, você deve prestar toda a atenção em ouvir o mantra. Quando sua mente divaga e você perde a concentração, torne a trazer sua atenção ao mantra. Cantar é uma prece a Krishna que significa: "Ó Senhor todo-atrativo, ó energia do Senhor, por favor, ocupe-me em seu serviço". Quanto mais cuidadosa e sinceramente você cantar estes nomes de Deus, mais progredirá espiritualmente. Deve-se entender que os nomes de Deus e o próprio Deus são idênticos. Isto significa que quando cantamos os santos nomes de Krishna e Rama estamos nos associando pessoalmente com Deus. Estamos nos purificando através de nossa associação com Deus; portanto, devemos sempre cantar com grande respeito e reverência. As escrituras declaram que Krishna está dançando pessoalmente na sua língua quando você canta o Seu santo nome.Individualmente é melhor cantar nas contas de japa, para poder contar o número de vezes que você canta o mantra diariamente, e também para ajudar a fixar a atenção. Cada cordão de contas de japa contém cento e oito contas mais uma conta maior (a conta principal ou conta de Krishna). Começando na conta próxima à conta principal e cantando todo o mantra Hare Krishna em cada uma das cento e oito contas até chegar de novo à conta principal (mas sem cantá-la) você completa uma volta.Os devotos iniciados e os que vivem no templo cantam um mínimo de dezesseis voltas diárias, o que leva mais ou menos duas horas. Mesmo que você só possa cantar uma volta por dia, o principal é que você deve completar esta volta todos os dias sem falta. Quando você sentir que pode cantar mais, aumente o número de voltas diárias. Você pode cantar mais, porém deve manter um número mínimo fixo de voltas diárias. Por favor, observe que as contas são sagradas e portanto não devem ser postas no chão ou deixadas num lugar sujo. Para conservá-las limpas, recomenda-se deixá-las num saquinho especial, como fazem os devotos.Além de cantar japa, você pode ainda ocupar-se em kirtana, cantar o santo nome do Senhor . Isto em geral se faz congregacionalmente , mas também pode ser feito individualmente. Se você mora com a família ou amigos, o kirtana será especialmente benéfico e animador para todos. Há melodias e instrumentos tradicionais usados em nossos templos, mas você pode cantar com qualquer melodia e usar qualquer instrumento para acompanhar o canto.Estabelecendo seu altar A japa e o kirtana são mais eficientes e agradáveis se feitos diante de um altar. O Senhor Krishna e Seus devotos puros são tão bondosos que podem receber nossa adoração e devoção através de seus quadros. Não se pode mandar uma carta colocando-a em qualquer caixa, deve-se usar a caixa do correio que é autorizada pelo governo. Assim também, não podemos imaginar uma forma de Deus e adorá-la, mas podemos adorar a forma autorizada ou pintura da forma de Deus, e Krishna aceita esta adoração através deste quadro.Estabelecer um altar quer dizer receber o Senhor e Seus devotos puros como seus hóspedes mais honrados. Onde você deve armar o altar? Bem, onde você receberia um hóspede?O lugar ideal seria limpo, bem iluminado, livre de correntes de ar e de perturbações domésticas. Seu hóspede, é claro, precisaria de uma cadeira confortável, mas para o quadro da forma de Krishna, uma prateleira de parede, um consolo de lareira, uma mesa de canto ou a prateleira superior de uma estante de livros servem. Você não mandaria um hóspede sentar-se em sua casa e depois o ignoraria; você arranjaria um lugar para você também se sentar onde poderia olhar confortavelmente para ele e gozar sua companhia. Então, não faça o seu altar inacessível.

O que é preciso para um altar? O essencial é o seguinte:

1. Quadros de Shrila Prabhupada e do guru de quem você pretende tomar iniciação, se você já escolheu um.

2. Um quadro do Senhor Caitanya Mahaprabhu e Seus associados.

3. Um quadro de Shri Shri Radha-Krishna.

Alguns de vocês também podem querer uma toalha de altar e itens para oferecer a Krishna, como copos d’água (um para cada quadro), velas e castiçais, um prato especial para oferecer alimento, um sininho, incenso e incensário e flores frescas, que se podem oferecer em vasos ou colocar simplesmente aos pés da pessoa a quem se oferecem. Se você está interessado numa adoração mais elaborada da Deidade, como é feita no templo, por favor, sinta-se à vontade para perguntar.A primeira pessoa que adoramos no altar é o mestre espiritual. O mestre espiritual é o mais querido servo de Deus. Só Deus é Deus. Mas, porque é o mais querido servo de Deus, o mestre espiritual merece o mesmo respeito e honra dados a Deus. Ele une o discípulo com Deus, e lhe explica o processo de bhakti-yoga. Sua posição é análoga à de um embaixador, que é tratado exatamente como se fosse o presidente. Porque ele foi autorizado pelo presidente, e porque é autorizado, suas palavras e ações têm o mesmo peso que teriam se ele fosse o presidente.Há duas espécies de gurus: o guru instrutor e o guru iniciador. Todos no Ocidente que adotam o processo de bhakti-yoga têm uma dívida imensa para com Sua Divina Graça A. C. Bhaktivedanta Swami Prabhupada. Antes que Shrila Prabhupada viesse para o Ocidente, ninguém aqui sabia nada sobre a prática do serviço devocional puro ao Senhor Krishna. Portanto, todos os que aprenderam sobre o processo através de seus livros, sua revista De Volta ao Supremo, suas fitas ou seu movimento Hare Krishna, devem oferecer respeito a Shrila Prabhupada. Como fundador e guia espiritual da Sociedade Internacional da Consciência de Krishna, ele é o guru instrutor de todos nós.À medida que progredir em bhakti-yoga, você poderá finalmente querer aceitar iniciação. Shrila Prabhupada, antes de deixar este mundo em 1977, autorizou um sistema no qual devotos avançados e qualificados continuariam seu trabalho iniciando discípulos de acordo com suas instruções. Atualmente há muitos mestres espirituais em nossa sociedade. Pergunte no templo mais perto de você como encontrá-los para orientação espiritual e associação ou então mande-nos um email.Outro quadro no seu altar é o do panca-tattva, o Senhor Chaitanya Mahaprabhu e Seus associados. Shri Chaitanya Mahaprabhu é a encarnação de Deus para esta era. Ele é o próprio Krishna, que desceu na forma de seu próprio devoto para nos ensinar como nos rendermos a Ele, especificamente através do cantar de Seus santos nomes e através da realização de outras atividades de bhakti-yoga. Shri Chaitanya Mahaprabhu é a encarnação mais misericordiosa – Sua misericórdia é que Ele tornou o amor a Deus facilmente acessível a qualquer pessoa mediante o cantar do mantra Hare Krishna.E naturalmente seu altar deve ter um quadro da Suprema Personalidade de Deus, Shri Krishna, com Sua consorte eterna, Shrimati Radharani. Shrimati Radharani é a potência espiritual de Shri Krishna. Ela é o serviço devocional personificado, e os devotos sempre se abrigam nEla para aprender a servir Krishna.Você pode dispor os quadros da seguinte maneira: os quadros dos mestres espirituais na frente, com Shrila Prabhupada à direita de você. O quadro do Senhor Caitanya Mahaprabhu e Seus associados pode ficar no meio, e o quadro de Radha e Krishna, que deve ser um pouco maior que os outros, pode ficar num nível um pouco elevado, atrás, no centro, ou pode ser pendurado acima na parede.Cada manhã você deve limpar cuidadosamente o altar. A limpeza é essencial na adoração da Deidade. Lembre-se que você não deixaria de limpar o quarto de um hóspede importante em sua casa. Se você tem copos d’água, lave-os e ponha água fresca neles diariamente. Ponha-os convenientemente perto dos quadros. Você deve tirar as flores logo que elas fiquem um pouco murchas se estiverem em vasos, ou diariamente se você as ofereceu, colocando-as na base dos quadros. Você pode oferecer incenso novo pelo menos uma vez por dia, e pode acender velas quando está cantando diante do altar.Experimente o que sugerimos até aqui. Realmente é muito simples: se você tenta amar a Deus, gradualmente despertará à compreensão de quanto Deus o ama. Esta é a essência da bhakti-yoga.

-Prasadam

Alimentos oferecidos ao Senhor com amor e devoção.

Por meio de suas imensas energias transcendentais, Krishna pode realmente converter matéria em espírito. Se pusermos uma barra de ferro no fogo, em pouco tempo a barra se tornará incandescente e tomará todas as qualidades essenciais do fogo. Da mesma forma, a substância material do alimento que é oferecido a Krishna se torna completamente espiritualizada. Este alimento chama-se prasadam, uma palavra sânscrito que significa "misericórdia" do Senhor.Comer prasadam é uma prática fundamental da bhakti-yoga. Em outras formas de yoga, a pessoa deve refrear os sentidos, mas o bhakti-yogi pode usar os sentidos em várias atividades espirituais agradáveis. Por exemplo, pode-se usar a língua para saborear os deliciosos alimentos oferecidos ao Senhor Krishna. Por meio destas atividades, os sentidos gradualmente se espiritualizam e automaticamente são atraídos aos prazeres divinos que ultrapassam em muito qualquer experiência material.As escrituras védicas contêm muitas descrições da prasadam e seus efeitos. O Senhor Chaitanya, uma encarnação do Senhor Supremo, que apareceu na Índia há 512 anos, disse da prasadam: "Todo mundo já saboreou estas substâncias materiais. Porém, nestes ingredientes há sabores extraordinários e fragrâncias incomuns. Apenas saboreie e veja a diferença de experiência. Além do sabor, até a fragrância agrada à mente e faz esquecer qualquer outra doçura. Portanto, deve-se compreender que o néctar espiritual dos lábios de Krishna tocou estes ingredientes comuns e transferiu para eles todas as suas qualidades espirituais" .Comer só alimentos oferecidos a Krishna é a perfeição final de uma dieta vegetariana. Afinal, mesmo muitos animais como pombos e macacos são vegetarianos, assim tornar-se vegetariano não é em si a maior proeza. Os Vedas nos informam que a finalidade da vida é tornar a despertar a relação original da alma com Deus, e só quando passamos além do vegetarianismo para a prasadam, o ato de comer pode nos ajudar a alcançar esta meta. No Bhagavad-gita, o Senhor Krishna diz que a pessoa só deve comer alimentos oferecidos em sacrifício a Ele; senão ela ficará envolvida nas reações do karma.

Como preparar e oferecer prasadam

Nossa consciência do objetivo superior do vegetarianismo começa ao percorrermos os corredores do supermercado selecionando os alimentos que ofereceremos a Krishna. No Bhagavad-gita, o Senhor Krishna declara que todos os alimentos podem ser qualificados conforme os três modos da natureza material: bondade, paixão e ignorância. Produtos lácteos, doces naturais, vegetais, frutas, nozes e grãos são alimentos no modo da bondade e podem ser oferecidos a Krishna. Como regra geral, os alimentos nos modos da paixão e ignorância não podem ser oferecidos a Krishna, que diz no Gita que estes comestíveis "causam dor, tristeza e doença" e são "podres, decompostos e impuros". Como se pode deduzir, carne, peixe e ovos são alimentos nos modos inferiores. Mas há também alguns poucos artigos vegetarianos que são classificados nos modos inferiores. Alho e cebola, por exemplo não devem ser oferecidos a Krishna. (Hing, às vezes chamado assafétida, é um substituto aceitável na culinária védica e se encontra em lojas de especialidades orientais e indianas). Café e chás que contenham cafeína também estão nos modos inferiores. Se você gosta deste tipo de bebida, pode comprar café descafeinado ou cevada e chás de ervas.Ao fazer compras, você deve saber que poderá encontrar produtos de carne, peixe e ovos misturados com outros alimentos; por isso não deixe de estudar cuidadosamente os rótulos. Por exemplo, algumas marcas de iogurte e requeijão contêm gelatina, que é preparada com os chifres, cascos e ossos de animais mortos. Além disso, muitos produtos industrializados de sabor morango contém um corante natural chamado de cochonila, que é feito com uma lesma de cor avermelhada de mesmo nome. Cuidado para não comprar queijo que contenha coalho, uma enzima extraída dos tecidos do estômago dos bezerros. A maioria dos queijos contém coalho, portanto cuidado, só compre queijos cujo rótulo indicar coalho vegetal.Você deve também evitar alimentos pré-cozidos por pessoas que não sejam devotos de Krishna. Segundo as sutis leis da natureza, o cozinheiro age sobre o alimento não apenas física, mas também mentalmente. Assim o alimento se torna um meio para influências sutis em sua consciência. Pelo mesmo princípio, um quadro não é apenas uma coleção de traços numa tela, mas é uma expressão do estado de espírito do artista, e este conteúdo mental é absorvido pela pessoa que olha para o quadro. Igualmente, se comemos alimentos cozidos por pessoas carentes de consciência espiritual (empregados que trabalham numa fábrica em algum lugar), então certamente absorveremos uma dose de energias mentais materialistas. Então, faça o possível para usar só ingredientes frescos e naturais.No preparo do alimento, limpeza é o princípio mais importante. Nada impuro deve ser oferecido a Deus, então conserve bem limpa a sua cozinha. Sempre lave completamente as mãos antes de preparar os alimentos. Enquanto prepara, não experimente a comida, porque você não está cozinhando só para você, mas para o prazer de Krishna, que deve ser o primeiro a saboreá-la. Disponha porções da comida em louça especial para este fim. Ninguém a não ser o Senhor deve comer nestes pratos. A forma de oferenda mais simples é dizer simplesmente: "Meu querido Senhor Krishna, por favor, aceite este alimento", e cantar as seguintes orações três vezes cada, tocando um sino:

l. Oração a Shrila Prabhupada:

nama om vishnu-padaya krishna-presthaya bhu-tale shrimate bhaktivedanta- svamin iti namine

Ofereço minhas respeitosas reverências a Sua Divina Graça A.C. Bhaktivedanta Swami Prabhupada, que é muito querido pelo Senhor Krishna, por ter se refugiado em Seus pés de lótus.

namas te sarasvate deve gaura-vani-pracarin e nirvishesha- shunyavadi- pascatya- desha-tarine

Nossas respeitosas reverências a ti, ó mestre espiritual, servo de Sarasvati Gosvami. Estás bondosamente pregando a mensagem do Senhor Chaitanyadeva e libertando os países ocidentais, que estão repletos de impersonalismo e niilismo.

2. Oração ao Senhor Chaitanya:

namo maha-vadanyaya krishna-prema- pradaya te krishnaya krishna-chaitanya- namne gaura-tvishe namah

Ó encarnação mais munificente! És o próprio Krishna aparecendo como Shri Krishna Chaitanya Mahaprabhu. Assumiste a cor dourada de Shrimati Radharani, e estás distribuindo à vontade o amor puro por Krishna. Oferecemos nossas respeitosas reverências a Ti.

3. Oração ao Senhor Krìshna:

namo brahmanya-devaya go-brahmana- hitaya ca jagad-hitaya krishnaya govindaya namo namah

Meu Senhor, és o benquerente das vacas e dos brahmanas, és o benquerente de toda a sociedade humana e do mundo inteiro.

Lembre-se que a verdadeira finalidade disso tudo é mostrar sua devoção e gratidão ao Senhor. O próprio alimento que você está oferecendo é secundário. Krishna aceita o sentimento devocional. Deus é completo em Si mesmo. Ele não precisa de nada. Nossa oferenda é apenas um meio de mostrar nosso amor e gratidão a Ele. Em seguida à oferenda, a pessoa deve cantar por alguns minutos o mantra Hare Krishna (ou pelo menos 3 vezes):

Hare Krishna, Hare Krishna, Krishna Krishna, Hare HareHare Rama, Hare Rama, Rama Rama, Hare Hare.

Então, pode-se servir a prasadam. Tente apreciar a qualidade espiritual da prasadam lembrando que, por Krishna tê-la aceitado, ela não é diferente de Krishna e por comê-la a pessoa se purifica.Tudo o que é oferecido em seu altar se torna prasadam, a misericórdia do Senhor. Restos de flores, incenso, água e comida – tudo o que se oferece para o prazer do Senhor se torna espiritualizado. O Senhor entra nas oferendas, e os restos desta oferenda são diretamente o próprio Senhor. Portanto você não só deve respeitar profundamente as coisas que Lhe ofereceu, mas deve distribuí-las aos outros. Esta distribuição de prasadam, a misericórdia do Senhor, é uma parte essencial da adoração à Deidade.

-Vida diáriaOs quatro princípios reguladoresQualquer candidato seriamente interessado em fazer progresso em qualquer forma de disciplina de yoga deve esforçar-se para evitar as seguintes quatro atividades materiais:

1. Consumo de carne, peixe e ovos. Como foi explicado acima, estes são os alimentos na qualidade da ignorância e não podem ser oferecidos ao Senhor.

2. Jogos de azar. Eles invariavelmente deixam a pessoa ansiosa e alimentam a inveja, a cobiça e a ira.

3. Uso de intoxicantes. Drogas, álcool e cigarro, bem como qualquer bebida ou alimento que contenha cafeína. Usar estas substâncias obscurece sem necessidade a mente, que já está obscurecida por toda a espécie de conceitos materiais de vida.

4. Sexo ilícito. Sexo ilícito quer dizer sexo fora do casamento ou sexo no casamento sem o propósito de conceber um filho que será educado para tornar-se consciente de Deus. Os Vedas afirmam que os pais são responsáveis pelas reações kármicas de seus filhos. Em outras palavras, se seu filho incorre em mau karma, você mesmo deve sofrer uma parte deste karma. As crianças devem ser ensinadas a amar a Deus obedecendo às leis de Deus e evitando comportamento pecaminoso.

Ocupação em serviço devocional prático

Todos devem trabalhar para a simples manutenção do corpo, mas se o trabalho é feito só para a satisfação da pessoa, ela deve aceitar as reações boas e más deste trabalho. No Bhagavad-gita, o Senhor Krishna diz que o trabalho deve ser executado para a satisfação do Senhor: "É necessário executar trabalho em sacrifício a Vishnu (Deus), de outro modo o trabalho nos ata a este mundo material." (Bg. 3.9)Não é necessário mudar de profissão. A pessoa pode ser um escritor e escrever para Krishna, um artista e pintar para Krishna, um cozinheiro e cozinhar para Krishna. Também a pessoa pode ajudar o templo diretamente em seu tempo livre e, além disso, ela pode sacrificar os frutos de seu trabalho contribuindo com uma parte de seus ganhos para ajudar a propagar o movimento da consciência de Krishna no mundo todo. Por exemplo, em nosso programa de membros vitalícios, os patronos oferecem doações regulares ao templo. Alguns compram nossos livros e os distribuem a seus amigos e parentes, ou se ocupam numa variedade de serviços no templo. Nós os incentivamos a participar nessas atividades. Contudo, você não deve trabalhar como açougueiro ou vendedor de talões de jogos de azar.

Princípios devocionais adicionais

1. Estudar a literatura da consciência de Krishna. O fundador-acharya da ISKCON, Shrila Prabhupada, dedicou a maior parte de seu tempo a escrever livros, porque está dito que ouvir as escrituras de um mestre espiritual realizado é uma das práticas espirituais mais importantes. Tente reservar algum tempo todos os dias para ler os livros de Shrila Prabhupada.

2. Associar-se com os devotos. O movimento Hare Krishna foi estabelecido para dar às pessoas em geral a oportunidade de associar-se com os devotos do Senhor. Associando-se com os devotos, ganha-se fé e entusiasmo no serviço devocional. Ao contrário, se alguém mantém relações íntimas com não devotos, a vida espiritual se torna enfadonha. O progresso na consciência de Krishna se faz muito facilmente na associação com os devotos.

3. Programa de residência. Para aqueles de vocês que estão interessados em progredir mais na consciência de Krishna, temos disponível um programa introdutório de residência que educa a pessoa em todos os aspectos básicos da filosofia consciente de Krishna e também a treina nos aspectos básicos de bhakti-yoga. Se você está interessado no curso introdutório, por favor, mande-nos um email.

-Conclusão:

Esta exposição é apenas um esquema básico de como praticar a consciência de Krishna em sua própria casa. A beleza da consciência de Krishna é que você pode aceitar tanto quanto esteja preparado para ela. Ninguém vai lhe obrigar a seguir nada. Você mesmo é que decide o quanto vai praticar do que recomendamos aqui. O próprio Krishna promete no Bhagavad-gita: "Não há perda nem diminuição neste esforço, e mesmo um pequeno progresso neste caminho protege a pessoa do maior tipo de medo". Então, coloque Krishna na sua vida diária. Garantimos que você sentirá os efeitos. E sinta-se à vontade para perguntar sobre os assuntos aqui tratados, ou quaisquer outras dúvidas que você acaso tenha.
enviado p/ Alemão

terça-feira, 29 de julho de 2008


Faz somente quinhentos anos, o Senhor Caitanya Mahaprabhu, um grande santo e místico, profetizou que o mantra Hare Krishna seria executado em todos os povoados e aldeias do mundo. Em uma época em que o homem ocidental estava dirigindo seu espírito explorador para estudos sobre o universo físico e a circunavegação do globo, na Índia, Sri Caitanya estava inaugurando e dirigindo uma revolução canalizada para o eu interno do indivíduo. Seu movimento inundou o subcontinente, conquistou milhões de seguidores, e influenciou profundamente o futuro do pensamento filosófico e religioso tanto da Índia como do Ocidente. No seguinte discurso apresentado em novembro de 1969 no Conway Hall de Londres, Srila Prabhupada descreve a divina aparição de Sri Caitanya.
Sri Caitanya Mahaprabhu, o avatara dourado, apareceu na Índia há aproximadamente quinhentos anos. Na Índia é costume chamar um astrólogo quando nasce uma criança. Quando o Senhor Krishna, a Suprema Personalidade de Deus, apareceu há cinco mil anos atrás, Seu pai mandou chamar Gargamuni, e este disse: “Esta criança encarnou-Se anteriormente em três cores: branco, vermelho e dourado, e agora Ele aparece em cor negra.” Nas escrituras descreve-se que a cor de Krishna é negra, assim como a cor de uma nuvem. Entende-se que o Senhor Caitanya é Krishna que aparece com tez dourada.
Há muitas evidências na literatura védica de que Caitanya Mahaprabhu é uma encarnação de Krishna, e isto é confirmado por eruditos e devotos. No Srimad-Bhagavatam confirma-se que a encarnação de Krishna, ou Deus, nesta era atual, Kali-yuga, estará sempre ocupada em descrever Krishna. Ele é Krishna, mas, como um devoto de Krishna, Ele Se descreve. E nesta era a cor de Seu corpo não será negra. Isto significa que poderia ser branca, vermelha ou amarela porque essas quatro cores – branco, vermelho, amarelo e negro – são as cores assumidas pelas encarnações para as diferentes eras. Portanto, uma vez que as cores vermelha, branca e negra já haviam sido assumidas por encarnações anteriores, a cor restante, dourada, é assumida por Caitanya Mahaprabhu. Sua tez não é negra, mas Ele é Krishna.
Outra característica deste avatara é que Ele está sempre acompanhado por Seus associados. No quadro de Caitanya Mahaprabhu encontrá-lO-emos acompanhado por muitos devotos cantando. Sempre que Deus Se encarna Ele tem duas missões, como se afirma no Bhagavad-gita. Ali Krishna diz: “Sempre que Eu apareço, Minha missão é salvar os devotos piedosos e aniquilar os demônios.” Quando Krishna apareceu, Ele teve que matar muitos demônios. Se virmos um quadro de Visnu, perceberemos que Ele tem um búzio, uma flor de lótus, maça e disco. Estes dois últimos artigos destinam-se a matar demônios. Dentro deste mundo há duas classes de homens – os demônios e os devotos. Os devotos chamam-se semideuses; eles são quase como Deus porque têm qualidades divinas. Aqueles que são devotos são chamados pessoas divinas, e aqueles que são não-devotos, ateístas, são chamados demônios. De modo que Krishna, ou Deus, vem com duas missões: dar proteção aos devotos e destruir os demônios. Nesta era, a missão de Caitanya Mahaprabu também é essa: salvar os devotos e aniquilar os não devotos, os demônios. Mas nesta era Ele tem uma arma diferente. Essa arma não é uma maça, nem disco, nem qualquer arma mortal – Sua arma é o movimento sankirtana. Ele matou a mentalidade demoníaca das pessoas introduzindo o movimento sankirtana. Esta é a importância específica do Senhor Caitanya. Nesta era, as pessoas já estão se matando. Elas têm descoberto armas atômicas com as quais se matam, de modo que não há necessidade de que Deus venha matá-las. Porém, Ele apareceu para matar a mentalidade demoníaca delas. Isto é possível através deste movimento para a consciência de Krishna.
Portanto, no Srimad-Bhagavatam se diz que esta é a encarnação de Deus para esta era. E quem O adora? O processo é muito simples. Simplesmente mantenha um quadro do Senhor Caitanya com Seus associados. O Senhor Caitanya está no meio, acompanhado por Seus associados principais – Nityananda, Advaita, Gadadhara e Srivasa. Tem-se simplesmente que manter este quadro. Podemos mantê-lo em qualquer parte. Não é que seja preciso as pessoas virem até nós para ver este quadro. Qualquer um pode ter seu quadro em casa, cantar este mantra Hare Krishna e desse modo adorar o Senhor Caitanya. É este o simples método. Mas quem entenderá este simples método? Aqueles que têm inteligência. Sem muito incômodo, alguém que simplesmente mantenha um quadro de Sri Caitanya Mahaprabhu em casa e cante Hare Krishna, compreenderá Deus. Qualquer um pode adotar este simples método. Não é dispendioso, é isento de impostos, e não é necessário construir igreja ou templo. Qualquer um, em qualquer parte, pode sentar-se na rua ou debaixo de uma árvore, cantar o mantra Hare Krishna e adorar Deus. Portanto, está é uma grande oportunidade. Por exemplo, no comércio ou na política, às vezes encontramos uma grande oportunidade. Aqueles que são políticos inteligentes aproveitam essas boas oportunidades e fazem sucesso imediatamente. De modo semelhante, nesta era, aqueles que têm inteligência suficiente adotam este movimento sankirtana, e avançam rapidamente.
O Senhor Caitanya é chamado “o avatara dourado.” Avatara significa “descer, advir.” Assim como alguém pode descer do quinto andar ou do centésimo andar de um prédio, da mesma forma um avatara desce dos planetas espirituais no céu espiritual. O céu que vemos a olho nu ou com um telescópio é apenas o céu material. Mas, além deste há outro céu, que não podemos ver com nossos olhos ou com instrumentos. Esta informação encontra-se no Bhagavad-gita; não é imaginação. Krishna diz que além do céu material existe outro céu, o céu espiritual.
Temos de aceitar as palavras de Krishna tais como elas são. Por exemplo, ensinamos às crianças que além da Inglaterra há outros lugares chamados Alemanha e Índia, e as crianças têm de aprender esse assunto através da versão do professor, porque esses lugares estão além de sua esfera. Analogamente, além deste céu material existe outro céu. Não podemos esperar encontrá-lo, assim como uma criança não pode esperar achar a Alemanha ou a Índia. Isso não é possível. Se quisermos obter conhecimento, teremos de aceitar uma autoridade. De modo semelhante, se quisermos conhecer o que está além do mundo material, teremos de aceitar a autoridade védica, senão não haverá possibilidade de conhecer esse assunto. Isso está além do conhecimento material. Não podemos ir nem sequer aos planetas distantes deste universo, e o que dizer de ir além deste universo? Faz-se a estimativa de que, para ir ao planeta mais elevado deste universo, com máquinas modernas, seria preciso viajar durante quarenta mil anos luz. Não podemos nem sequer viajar dentro deste céu material. Nossa vida e nossos meios são tão limitados que não podemos ter conhecimento apropriado nem sequer deste mundo material.
No Bhagavad-gita, quando Arjuna perguntou a Krishna, “podeis, por favor explicar as dimensões dentro das quais Vossas energias funcionam?”, o Senhor Supremo deu-lhe muitos exemplos, e por fim disse, “Meu caro Arjuna, que poderei explicar sobre Minhas energias? Na verdade, não é possível que tu entendas. Porém, podes apenas imaginar a expansão de Minhas energias: este mundo material, que consiste em milhões de universos, é manifestação de apenas uma quarta parte de Minha criação.” Não podemos nem sequer avaliar a posição de um só universo, e há milhões de universos. Depois, além disso está o céu espiritual, e existem milhões de planetas espirituais. Toda esta informação é dada pela literatura védica. Se aceitamos a literatura védica, podemos adquirir este conhecimento. Se não a aceitamos, não há outra alternativa. Essa é a nossa escolha. Portanto, segundo a civilização, sempre que um acarya fala ele imediatamente cita referências da literatura védica. Então outras pessoas aceitá-la-ão: “Sim, isto é correto.” Em uma corte judicial o advogado cita referências de julgamentos passados da corte, e se o caso é justo, o juiz aceita. Analogamente, se alguém pode dar evidências dos Vedas, sua posição é compreendida como real.
O avatara para esta era, Senhor Caitanya, é descrito na literatura védica. Não podemos aceitar qualquer um como avatara a não ser que seus sintomas sejam descritos nas escrituras. Não aceitamos caprichosamente o Senhor Caitanya como avatara, na base da votação. Hoje em dia tornou-se moda qualquer homem vir e dizer que é Deus ou encarnação de Deus; e há alguns tolos e patifes que o aceitarão: “Oh! ele é Deus!” Não aceitamos um avatara assim. Baseamo-nos nas evidências dos Vedas. È preciso que os sintomas do avatara coincidam com as descrições dos Vedas. Aí então o aceitamos; de outro modo, não. Para cada avatara há uma descrição nos Vedas: Ele aparecerá em tal e tal lugar, com tal e tal forma, e agirá assim. Essa é a natureza das evidências védicas.
No Srimad-Bhagavatam, há uma lista dos avataras, a qual menciona o nome do Senhor Buddha. Este Srimad-Bhagavatam foi escrito há cinco mil anos, e menciona diferentes nomes para tempos futuros. Ele diz que no futuro o Senhor apareceria como o Senhor Buddha, o nome de sua mãe seria Anjana, e ele apareceria em Gaya. Assim é que Buddha apareceu há dois mil e seiscentos anos, e o Srimad-Bhagavatam, que foi escrito há cinco mil anos, mencionou que ele apareceria no futuro. De modo semelhante, faz-se menção do Senhor Caitanya, e do mesmo modo o último avatara desta Kali-yuga é mencionado no Bhagavatam. Menciona-se que a última encarnação desta era é Kalki. Ele aparecerá como o filho de um brahmana cujo nome é Visnu-yasa, em um local chamado Sambhala. Há um local na Índia com esse nome, de modo que talvez seja lá que o Senhor aparecerá.
Assim, um avatara tem seus sintomas confirmados pelas descrições encontradas nos Upanisads, Srimad-Bhagavatam, Mahabharata e outros textos védicos. Baseados na autoridade da literatura védica e no comentário de grandes e resolutos gosvamis como Jiva Gosvami, que foi o maior erudito e filósofo do mundo, podemos aceitar o Senhor Caitanya como uma encarnação de Krishna.
Por que o Senhor Caitanya apareceu? No Bhagavad-gita o Senhor Krishna diz, “Abandona todas as outras ocupações e simplesmente ocupa-te em Meu serviço, Hei de proteger-te de todos os resultados de ações pecaminosas.” Neste mundo material, na vida condicionada, simplesmente criamos reações pecaminosas. Isso é tudo. E por causa das reações pecaminosas, recebemos este corpo. Se nossas reações pecaminosas cessassem, não precisaríamos aceitar um corpo material; obteríamos um corpo espiritual.
Que é um corpo espiritual? O corpo espiritual é um corpo livre de morte, nascimento, doença e velhice. É um corpo eterno, pleno de conhecimento e bem-aventuranç a. Diferentes corpos são criados por diferentes desejos. Enquanto tivermos desejos de diferentes tipos de desfrute, teremos de aceitar diferentes tipos de corpos materiais. Krishna, Deus, é tão bondoso que nos concede tudo o que quisermos. Se quisermos um corpo de tigre, com força e dentes de tigre para poder capturar animais e sugar sangue fresco, então Krishna dar-nos-á esta oportunidade. Se quisermos o corpo de uma pessoa santa, um devoto ocupado apenas no serviço ao Senhor, Ele dar-nos-á este corpo. Isso é afirmado no Bhagavad-gita.
Se uma pessoa ocupada em yoga, o processo de auto-realizaçã o, de alguma forma não consegue completar o processo, ela recebe outra oportunidade; Ela nasce em família de um brahmana puro ou de um homem rico. Se alguém tem a fortuna de nascer em tal família, ela obtém todas as facilidades para compreender a importância da auto-realizaçã o. Já desde o começo da vida, nossos filhos conscientes de Krishna estão tendo a oportunidade de aprender a cantar e a dançar, de modo que, ao crescerem, não mudarão, mas, ao invés, automaticamente farão progresso. Eles são muito afortunados. Quer nasça na América ou na Europa, a criança avançará se seu pai e sua mãe forem devotos. Ela terá esta oportunidade. Se uma criança nasce em família de devotos, isto significa que em sua vida passada ela já havia aceitado o processo de yoga, mas, de algum modo, não pôde completá-lo. Portanto, a criança recebe outra oportunidade de avançar mais sob os cuidados de um bom pai e uma boa mãe para que possa continuar avançando. Dessa maneira, assim que completamos nosso desenvolvimento de consciência de Deus, não precisamos mais nascer neste mundo material, senão que regressamos ao mundo espiritual.Krishna diz no Bhagavad-gita: “Meu caro Arjuna, se alguém compreende Meu aparecimento, desaparecimento e atividades, simplesmente por causa desta compreensão ele recebe a oportunidade de nascer no mundo espiritual após abandonar este corpo.” Temos que abandonar este corpo – hoje, amanhã ou talvez depois de amanhã. É compulsório. Mas uma pessoa que tenha compreendido Krishna não terá que aceitar outro corpo material. Ela irá diretamente ao mundo espiritual e nascerá em um dos planetas espirituais. Então Krishna diz que tão logo obtenhamos este corpo atual – não importa que seja da Índia, ou da lua, ou do sol, ou de Brahmaloka, ou de qualquer parte deste mundo material – devemos entender que isto se deve a nossas atividades pecaminosas. Há gradações de atividades pecaminosas, de modo que, conforme o grau de pecaminosidade, toma-se um corpo material determinado. Portanto, nosso problema verdadeiro não é como comer, dormir, acasalar-se e defender-se – nosso problema mesmo é como obter um corpo que não seja material, mas sim espiritual. Esta é a solução final para todos os problemas. Assim Krishna garante que se alguém se render a Ele, se alguém se tornar plenamente consciente de Krishna, então Ele protege-lo-a de todas as reações à vida pecaminosa.
Esta certeza foi dada por Krishna no Bhagavad-gita, mas havia muitos tolos que não puderam compreender Krishna. No Bhagavad-gita eles são descritos como mudhas. Mudha significa “patife,” e Krishna diz no Gita, “Eles não sabem o que Eu sou realmente.” De maneiras que muitas pessoas mal entenderam Krishna. Embora Krishna nos desse esta mensagem no Bhagavad-gita para que pudéssemos compreendê-lO, muitas pessoas perderam a oportunidade. Por isso Krishna, por Sua compaixão, veio novamente, como um devoto, e nos mostrou como render-nos a Krishna. O próprio Krishna veio ensinar-nos a rendição. Sua última instrução no Bhagavad-gita é a rendição, mas as pessoas – mudhas, patifes – diziam, “Por que deveria eu me render?” Portanto, embora Caitanya Mahaprabhu seja o próprio Krishna, dessa vez Ele nos ensina praticamente a como executar a missão do Bhagavad-gita. Isso é tudo. Caitanya Mahaprabhu não está ensinando nada de extraordinário; nada mais que o processo de render-se à Suprema Personalidade de Deus, que já fora ensinado no Bhagavad-gita. Não há outro ensinamento, mas o mesmo ensinamento é apresentado de diferentes maneiras para que diferentes tipos de pessoas o adotem e aproveitem a oportunidade para se aproximarem de Deus.Caitanya Mahaprabhu nos dá a oportunidade de chegar a Deus diretamente. Quando Rupa Gosvami, o principal discípulo do Senhor Caitanya, viu o Senhor Caitanya pela primeira vez, ele era ministro no governo da Bengala, mas queria juntar-se ao movimento de Caitanya Mahaprabhu. Então ele abandonou sua posição como ministro, e, após juntar-se ao movimento de Caitanya, ao render-se, ele Lhe ofereceu uma bela oração. Esta oração diz:
namo maha-vadanyayakrishna-prema- pradaya tekrishnaya Krishna-caitanya-namne gaura-tvise namah“Meu caro Senhor, sois a mais magnânima de todas as encarnações.” Por que? Krishna-prema- pradya te: “Estais diretamente dando amor a Deus. Não tendes outro objetivo. Vosso processo é tão maravilhoso que uma pessoa pode imediatamente aprender a amar a Deus. Por isso, sois a mais magnânima de todas as encarnações. Não é possível que alguma personalidade, exceto o próprio Krishna, conceda esta bênção; é por isso que digo que Vós sois Krishna.” Krishnaya krishna-caitanya- namne: “Vós sois Krishna, mas assumistes o nome de Krishna Caitanya. Rendo-me a Vós.”
Então é este o processo. Caitanya Mahaprabhu é o próprio Krishna, e está ensinando a como desenvolver amor por Deus através de um método muito simples. Ele diz simplesmente para cantar Hare Krishna.harer nama harer namaharer namaiva kevalamkalau nasty eva nasty evanasty eva gatir anyatha“Nessa era, simplesmente prossiga cantando o mantra Hare Krishna. Não há outra alternativa.” Como as pessoas estão embaraçadas com tantos métodos de realização, elas não podem adotar os verdadeiros processos ritualísticos de meditação ou yoga; isto não é possível. Por isso, o Senhor Caitanya diz que se alguém aceitar este processo de cantar, imediatamente poderá alcançar a plataforma da realização.O processo de cantar oferecido pelo Senhor Caitanya para atingir amor a Deus é chamado sankirtana. Sankirtana é uma palavra sânscrita. Sam significa samyak—“completo.” E kirtana significa “glorificar” ou “descrever.” Assim, descrição completa significa glorificação completa do Supremo, ou o Completo Todo Supremo. Não é que alguém possa descrever qualquer coisa ou glorificar qualquer coisa e isso será kirtana. Do ponto de vista gramatical isso pode ser kirtana, mas, segundo o sistema védico, kirtana significa descrever a autoridade suprema, a Verdade Absoluta, a Suprema Personalidade de Deus. Isso se chama kirtana.
Este serviço devocional começa com o método de sravana. Sravana significa “ouvir,” e kirtana significa “descrever.” Alguém deve descrever, e outrem deve ouvir. Ou a mesma pessoa pode fazer ambas as coisas, descrever e ouvir. Ela não precisa da ajuda de ninguém. Quando cantamos Hare Krishna, cantamos e ouvimos. Isto é completo. Este é um método completo. Mas o que é este cantar e ouvir? Deve-se cantar e ouvir sobre Visnu, Krishna. E não sobre qualquer coisa. Sravanam kirtanam visnoh: podemos compreender Visnu, a onipenetrante Verdade Absoluta, a Suprema Personalidade de Deus, pelo método de ouvir.
Temos que ouvir; se alguém simplesmente ouve, este é o começo. Não é necessário ter alguma educação ou desenvolvimento de conhecimento material. A criança, por exemplo: Assim que ela ouve, imediatamente pode responder e dançar. Assim, por natureza, Deus nos deu estes ótimos instrumentos— ouvidos—para que possamos ouvir. Mas devemos ouvir da fonte correta. Isso é afirmado no Srimad-Bhagavatam. Deve-se ouvir daqueles que são devotados à Suprema Personalidade de Deus. Eles são chamados satam. Se ouvimos da fonte certa, de uma alma realizada, isto surtirá efeito. E essas palavras de Deus, ou Krishna, são muito saborosas. Se uma pessoa for inteligente o bastante, ouvirá o que fala a alma realizada. Então brevemente ela se libertará dos enredamentos materiais.Esta vida humana destina-se ao avanço no caminho da liberação. Isto se chama apavarga, libertação do enredamento. Estamos todos enredados. O fato de termos aceitado este corpo material significa que já estamos enredados. Mas não devemos progredir no processo de enredamento. Este processo chama-se karma. Enquanto a mente estiver absorta em karma, teremos que aceitar um corpo material. No momento da morte, nossa mente poderá estar pensando: “Oh! não pude completar este trabalho. Oh! estou morrendo! Tenho que fazer isso! Tenho que fazer aquilo!” Isto significa que Krishna dar-nos-a outra oportunidade de fazê-lo, e desse modo teremos que aceitar outro corpo. Ele dar-nos-a a oportunidade: “Está bem. Você não pode fazê-lo. Agora faça-o. Tome este corpo.” Por isso o Srimad-Bhagavatam diz: “Esses patifes embriagaram- se loucamente; por causa da embriaguez estão fazendo algo que não deveriam ter feito.” Que estão fazendo? Maharaja Dhrtarastra é um ótimo exemplo disso. Maharaja Dhrtarastra estava astutamente planejando matar os Pandavas a fim de favorecer seus próprios filhos. Então Krishna mandou Seu tio, Akrura, aconselhá-lo a não fazer aquilo. Dhrtarastra compreendeu os conselhos de Akrura, mas disse: “Meu caro Akrura, o que estás dizendo é totalmente correto, mas não entra em meu coração; portanto não posso mudar minha política. Tenho que seguir esta política e deixar acontecer o que tiver que acontecer.”
Assim, quando os homens querem satisfazer seus sentidos, eles ficam loucos, e nesta loucura são capazes de fazer qualquer coisa. Por exemplo, há muitos casos na vida material em que alguém enlouqueceu por algo e por causa disso chegou a cometer assassinato: não conseguiu se conter. De forma semelhante, estamos acostumados ao gozo dos sentidos. Estamos loucos, e por isso nossas mentes estão completamente absortas em karma. Isto é muito triste porque nosso corpo, embora temporário, é o reservatório de todos os infortúnios e misérias; ele está sempre nos dando trabalho. Esses assuntos devem ser estudados. Não devemos ser loucos. A vida humana não foi feita para isso. O defeito da civilização atual é que as pessoas andam loucas atrás de gozo dos sentidos. Isso é tudo. Elas não conhecem o real valor da vida, e por isso estão negligenciando a forma mais valiosa da vida, esta forma humana.
Quando este corpo se acaba não há garantia de que tipo de corpo se obterá a seguir. Suponha que em minha próxima vida eu por acaso obtenha o corpo de uma árvore. Por milhares de anos terei que ficar parado, de pé. Mas as pessoas não são muito sérias. Elas chegam mesmo a dizer: “Que é isso? Mesmo que eu tenha que ficar de pé, me esquecerei disso.” As espécies inferiores de vida estão situadas no esquecimento. Se uma árvore não estivesse no esquecimento ser-lhe-ia impossível viver. Suponha que nos dissessem: “fique aí de pé durante três dias!” Como não estamos no esquecimento, ficaríamos loucos com isso. Assim, pela lei da natureza, todas essas espécies inferiores de vida estão no esquecimento. A consciência delas não é desenvolvida. Uma árvore tem vida, mas mesmo que alguém a corte, por sua consciência não ser desenvolvida, ela não reage. De forma que devemos ser muito cuidadosos em utilizar esta forma humana de vida apropriadamente. O movimento para a consciência de Krishna destina-se àqueles que desejam alcançar a perfeição na vida. Não se trata de farsa ou exploração, mas infelizmente as pessoas estão acostumadas a ser trapaceadas. Há um verso de um poeta indiano: “se alguém falar coisas sensatas, as pessoas brigarão com ele: “Oh! que disparate estás a falar.’ Mas, se ele as trapacear, elas ficarão muito contentes.” Se um trapaceiro diz: “Faça isso, dê-me uma gratificação e dentro de seis meses você tornar-se-a Deus,” eles concordarão: “Sim, tome aí sua gratificação, que dentro de seis meses tornar-me-ei Deus.” Não. Esses processos enganosos não resolverão nosso problema. Se alguém quiser realmente solucionar os problemas da vida nesta era, então terá que aceitar este processo de kirtana. É este o processo recomendado.
harer nama harer namaharer namaiva kevalamkalau nasty eva nasty evanasty eva gatir anyathaNesta era, Kali-Yuga, não se pode executar nenhum processo de auto-realizaçã o ou perfeição da vida, exceto o processo de kirtana. Kirtana é essencial nesta era.
Em todos os textos védicos confirma-se que devemos meditar na Suprema Verdade Absoluta, Visnu, e não em algo mais. Mas há diferentes processos de meditação recomendados para diferentes eras. O processo de meditação da yoga mística era possível em Satya-yuga, quando os homens viviam por muitos milhares de anos. Atualmente as pessoas não acreditam nisso, mas em uma era anterior havia pessoas que viviam cem mil anos. Essa era chamava-se Satya-yuga, e a meditação da yoga mística era possível naquele tempo. Nessa era, o grande yogi Valmiki Muni meditou durante sessenta mil anos. Portanto este é um processo que requer um período prolongado, não sendo possível executá-lo nesta era. Se alguém deseja fazer uma farsa, isso é outra coisa. Mas aquele que quer realmente praticar tal meditação levará um tempo extremamente prolongado para aperfeiçoar-se. Na era seguinte, Treta-yuga, o processo de realização consistia em executar os vários sacrifícios ritualísticos recomendado nos Vedas. Na era seguinte, Dvapara yuga, o processo era a adoração no templo. Na era atual, o mesmo resultado pode ser atingido através do processo de hari-kirtana, glorificação de Hari, Krishna, a Suprema Personalidade de Deus.
Nenhum outro kirtana é recomendado. Este hari-kirtana foi iniciado há quinhentos anos na Bengala pelo Senhor Caitanya. Na Bengala, há competição entre os Vaisnavas e os saktas. Os saktas introduziram certo tipo de kirtana chamado kali-kirtana. Porém, nas escrituras védicas, não se recomenda kali-kirtana. Kirtana significa hari-kirtana. Ninguém pode dizer: “Ah! O senhor é vaisnava. O senhor pode executar hari-kirtana. Eu executarei siva-kirtana ou devi-kirtana ou ganesa-kirtana.” Não. As escrituras védicas não autorizam nenhum kirtana além do hari-kirtana. Kirtana significa hari-kirtana, a glorificação de Krishna.
De modo que este processo de hari-kirtana é muito simples: Hare Krishna, Hare Krishna, Krishna Krishna, Hare Hare/ Hare Rãma, Hare Rãma, Rãma Rãma, Hare Hare. Na realidade, são apenas três palavras: Hare, Krishna e Rãma. Mas elas são tão bem dispostas para o canto que todos podem pegar o mantra e cantar Hare Krishna, Hare Krishna, Krishna Krishna, Hare Hare. Desde que começamos este movimento nos países ocidentais, europeus, americanos, africanos, egípcios e japoneses estão cantando. Não há dificuldade. Eles estão cantando com muita alegria, e estão obtendo os resultados. Qual seria a dificuldade? Estamos distribuindo este canto sem cobrar nada, e ele é muito simples. Simplesmente por cantar, podemos ter auto-realizaçã o, realização de Deus, e, quando há realização de Deus, a realização da natureza também está incluída. Por exemplo, se alguém aprende um, dois, três, quatro, cinco, seis, sete, oito, nove e zero, então já estudou toda a matemática, porque matemática significa simplesmente mudar esses dez algarismos de lugar. Isso é tudo. De modo semelhante, se simplesmente estudarmos Krishna, então todo o nosso conhecimento será perfeito. E Krishna é facilmente compreendido simplesmente por se cantar este mantra, Hare Krishna. Por que, então, não aproveitar esta oportunidade?
Aproveite esta oportunidade que está sendo oferecida à sociedade humana. É algo muito antigo e científico. Não se trata de uma invenção que perdurará apenas três ou quatro anos. Não. No Bhagavad-gita o próprio Krishna diz: “Esta filosofia é inexaurível e indestrutível. Jamais se perde nem se destrói.” Pode ser que por algum tempo fique coberta, mas nunca é destruída. Por isso ela é chamada avyayam. Vyaya significa “exaustão.” Por exemplo, pode ser que alguém tenha cem dólares, mas, se os for gastando, um após o outro, chegará um dia a ter zero dólar. Isso é vyaya, exaurível. Mas a consciência de Krishna não é assim. Se você cultivar este conhecimento da consciência de Krishna, ele aumentará. Isso é atestado pelo Senhor Caitanya Mahaprabhu. Anandambudhi- vardanam. Ananda significa “prazer”, “bem-aventuranç a transcendental,” e ambudhi significa “oceano.” No mundo material, vemos que o oceano não aumenta. Mas, se alguém cultivar consciência de Krishna, sua bem-aventuranç a transcendental aumentará. Anandambudhi- vardhanam. E eu devo sempre lembrar a todos que o processo é muito simples. Qualquer um pode cantar, em qualquer parte, sem pagar impostos nem perder nada, mas o lucro é muito grande.
Sri Caitanya Mahaprabhu explica este movimento kirtana em Seu Siksastaka. Siksa significa “instrução,” e astaka significa “oito.” Ele nos deu oito versos para nos ajudar a compreender este movimento para a consciência de Krishna, e agora vou explicar a primeira dessas instruções. O Senhor diz: ceto-darpana- marjanam: deve-se purificar o coração. Tenho explicado isso várias vezes, mas a repetição dessa explicação nunca se torna monótona. É assim como o cantar de Hare Krishna: nunca se torna cansativo. Nossos estudantes podem cantar o mantra Hare Krishna vinte e quatro horas por dia, que nunca ficarão cansados. Eles continuarão a dançar e a cantar. E qualquer um pode experimentar isso; por não ser algo material, uma pessoa jamais se cansará de cantar Hare Krishna. No mundo material, se alguém canta algo, qualquer nome de sua predileção, três, quatro ou dez vezes, ficará cansado disso. Isso é um fato. Mas, porque Hare Krishna não é material, aquele que cantar este mantra jamais se cansará dele. Quanto mais cantar, mais seu coração se purificará da sujeira material e mais os problemas de sua vida dentro deste mundo material serão resolvidos.
Qual é o problema de nossas vidas? Isso nós não sabemos. A educação moderna não dá nenhum esclarecimento sobre o verdadeiro problema da vida, que é indicado no Bhagavad-gita. Aqueles que são educados e estão avançando em conhecimento devem saber qual é o problema da vida. Este problema é declarado no Bhagavad-gita: devemos sempre considerar as inconveniências do nascimento, da morte, da velhice e da doença. Infelizmente ninguém presta atenção a esses problemas. Quando um homem está doente ele pensa: “Tudo bem. Deixe-me ir ao médico. Ele me receitará algum remédio e eu ficarei bom.” Mas ele não medita seriamente sobre o problema. “Eu não queria ficar doente. Por que existe doença? Acaso não é possível tornar-se livre de doenças?” Ele nunca pensa assim. Isto porque sua inteligência é de nível muito baixo, tal qual a de um animal. O animal sofre, mas não tem consciência disso. Se um animal é trazido para o matadouro e vê que o animal à sua frente está sendo morto, ele ainda assim permanece ali, alegremente comendo capim. Isso é vida animal. Ele não sabe que vai ser o próximo a ser sacrificado. Eu tive a oportunidade de ver isso. Em um templo de Kali vi uma cabra parada, prestes a ser sacrificada, enquanto outra cabra alegremente comia capim.
De forma semelhante, Maharaja Yudhisthira foi indagado por Yamaraja: “Qual é a coisa mais admirável que há neste mundo? Poderias explicar-me isso?” Então Maharaja Yudhisthira respondeu: “sim. A coisa mais admirável é que a cada momento alguém pode ver que seus amigos, seus pais e seus parentes estão morrendo, mas ainda assim ele pensa, ‘Eu viverei para sempre.’” Ele nunca pensa que morrerá, assim como um animal nunca pensa que no próximo momento poderá ser sacrificado. Ele se satisfaz com o capim, isso é tudo. Ele se satisfaz com o gozo dos sentidos. Ele não sabe que também vai morrer.Meu pai morreu, minha mãe morreu, ele morreu, ela morreu. De modo que eu também terei de morrer. Então o que acontece após a morte? Eu não sei. Este é o problema. As pessoas não levam este problema a sério, mas o Bhagavad-gita indica que isto é educação verdadeira. Educação verdadeira é indagar por que, apesar de não querermos morrer, a morte vem. Isto é educação verdadeira. Não queremos nos tornar velhos. Por que a velhice nos ataca? Temos muitos problemas, mas esta é a essência de todos eles.
A fim de solucionar este problema, o Senhor Caitanya Mahaprabhu prescreve o cantar de Hare Krishna. Tão logo nosso coração se purifique através do cantar deste mantra Hare Krishna, o fogo ardente de nossa problemática existência material se extingue. Como ele se extingue? Quando purificamos nosso coração compreenderemos que não pertencemos a este mundo material. Porque as pessoas estão se identificando com este mundo material, elas estão pensando: “eu sou indiano, eu sou inglês, eu sou isso, eu sou aquilo.” Mas aquele que cantar o mantra Hare Krishna compreenderá que não é este corpo material. “Eu não pertenço a este corpo material nem a este mundo material. Sou alma espiritual, parte integrante do Supremo. Estou eternamente relacionado com Ele, e nada tenho a ver com o mundo material.” Isso se chama liberação, conhecimento. Se eu nada tenho a ver com este mundo material, então estou liberado. E este conhecimento chama-se brahma-bhuta.
Uma pessoa com esta compreensão não tem dever a cumprir. Porque agora estamos identificando nossa existência com este mundo material, temos muitos deveres. O Srimad-Bhagavatam diz que enquanto não houver auto-realizaçã o, teremos muitos deveres e dívidas. Temos dívidas para com os semideuses. Os semideuses não são apenas personagens fictícias. Eles são reais. Há semideuses controlando o sol, a lua e o ar. Assim como há diretores dos departamentos governamentais, da mesma forma para o departamento de calefação existe o deus do sol, para o departamento de circulação do ar existe Varuna, e, de modo semelhante, existem outros semideuses setoriais. Nos Vedas eles são descritos como deidades controladoras, de maneiras que não podemos negligenciá-los. Além disso, existem grandes sábios e filósofos que nos dão conhecimento, e nós temos dívidas para com eles. Assim, tão logo nasçamos estamos em dívida com tantas entidades vivas, mas é impossível liquidar todas essas dívidas. Portanto, a literatura védica recomenda que nos refugiemos aos pés de lótus de Krishna. E Krishna diz: “Se alguém se refugia em Mim não tem que se refugiar em ninguém mais.”
Portanto, aqueles que são devotos conscientes de Krishna refugiam-se em Krishna, e o começo do processo é ouvir e cantar. Sravanam kirtanam visnoh. Então, nosso apelo fervoroso e humilde a todos é que, por favor, aceitem este canto. Este movimento da consciência de Krishna foi introduzido pelo Senhor Caitanya há quinhentos anos na Bengala, e agora em toda Índia e especialmente na Bengala há milhões de seguidores de Caitanya Mahaprabhu. Agora este movimento está começando nos países ocidentais, por isso tentem entendê-lo seriamente. Não criticamos nenhuma outra religião. Não considerem que o façamos. Não temos nenhum interesse em criticar qualquer outro processo de religião. A consciência de Krishna está dando às pessoas a mais sublime religião—o amor a Deus. Isso é tudo. Estamos ensinando o amor a Deus. Todos já estão amando, mas esse amor está sendo mal empregado. Amamos este rapaz, ou esta moça, ou este país, ou aquela sociedade, ou mesmo os cães e os gatos, mas não estamos satisfeitos. Por isso devemos depositar nosso amor em Deus. Se depositarmos nosso amor em Deus seremos felizes.Não pensem que este movimento para a consciência de Krishna é um novo tipo de religião. Qual é a religião que não reconhece Deus? Podemos chamar Deus de “Alá” ou “Krishna” ou algo mais, mas qual é a religião que não reconhece Deus? Estamos ensinando que as pessoas devem simplesmente tentar amar a Deus. Sentimo-nos atraídos por tantas coisas, mas se nosso amor for depositado em Deus, ai então seremos felizes. Não é preciso aprender a amar ninguém mais; tudo o mais estará automaticamente incluído. Apenas tentem amar a Deus. Não tentem amar apenas a árvores, ou plantas, ou insetos. Isso jamais será satisfatório. Aprendam a amar a Deus. Esta é a missão de Caitanya Mahaprabhu; esta é a nossa missão.

Srila Prabhupada

segunda-feira, 28 de julho de 2008

Os Passatempos Escolares do Senhor Caitanya


Um professor inovador, um estudante erudito e o mestre da argumentação. O Senhor Caitanya exibiu a vida ideal.

Navadvipa dhama, a terra sagrada dos passatempos do Senhor Caitanya, está situada a aproximadamente 95 quilômetros a noroeste de Calcutá. Ali, a medida que a foz em delta do Ganges começa a se formar, os diferentes afluentes do rio circundam uma área de 50 quilômetros quadrados e a divide em nove ilhas. Navadvipa significa “nove ilhas”. Ali, a Suprema Personalidade de Deus, o Senhor Caitanya, residiu pelos primeiros vinte e quatro anos de Seu aparecimento neste mundo.

Navadvipa é tradicionalmente conhecida como um centro de educação formal. Antigamente, muitos sanscritólogos eruditos se reuniriam em Navadvipa para discutirem a literatura Védica, e, porque esses eruditos também eram grandes devotos da Suprema Personalidade de Deus, os tópicos que eles discutiam seriam sempre centrados nas instruções do Senhor Krsna no Bhagavad-gita ou em Suas atividades registradas no Srimad-Bhagavatam. Hoje, a cidade de Navadvipa mantém sua tradição de educação formal e devoção a Krsna, e muitos versados devotos do Senhor Caitanya residem neste local de peregrinação onde o Senhor apresentou Seus passatempos estudantis.

De acordo com o sistema social Védico, é responsabilidade dos brahmanas, ou intelectuais, guiar a sociedade tanto espiritual quanto intelectualmente. Os deveres de um brahmana são estudar a literatura Védica, ensinar a literatura Védica, adorar a Deidade, ocupar outros na adoração à Deidade, aceitar caridade e dar caridade. O Senhor Caitanya nasceu em uma família brahmínica, e, em tenra idade, aceitou o primeiro dever de um brahmana de estudar a literatura Védica. O profundo estudo do Senhor foi a principal atividade de Sua juventude. Srila Vrndavana dasa Thakura, que escreveu o Caitanya-bhagavata, uma biografia do Senhor Caitanya, chega até mesmo a devotar seis capítulos a descrever os passatempos do Senhor como um jovem estudante.

As regras gramaticais e as definições da língua sânscrita são extremamente intricadas, e se sugere que se estude esse ponto por doze anos antes de progredir para tópicos mais avançados. A gramática sânscrita é considerada o portão de entrada para os estudos, porque, uma vez que ela é dominada, todas as escrituras Védicas e outras literaturas sânscritas se tornam facilmente compreensíveis. Mas o Senhor Caitanya aprendia essas regras imediatamente, após ouvi-las uma única vez. Porque Ele logo começou a ganhar muitas competições gramaticais entre os estudantes, o título pandita, que significa “uma pessoa muito erudita”, foi atribuído ao Senhor, que passou a ser conhecido como Nimai Pandita. À medida que Sua reputação de estudioso erudito crescia, Ele começou a atrair estudantes que queriam estudar sânscrito sob Sua direção. O Senhor, então, começou a cumprir a segunda obrigação brahmínica, a de ensinar, muito embora Ele tivesse apenas onze anos de idade.

O Senhor Caitanya frequentemente Se sentaria às margens do Ganges discutindo tópicos literários com Seus estudantes. Uma noite, um grande erudito chamado Keshava kashmiri se encontrou com o Senhor Caitanya ali. Keshava Kashmiri, que pertencia a uma família brahmínica muito respeitada da Kashimira, estava viajando por diferentes centros de estudo por toda a Índia debatendo as literaturas Védicas sânscritas com os estudantes. A arte de se debater na língua sânscrita é extremamente rigorosa. Todos os temas devem ser examinados em termos de cinco categorias, incluindo fidelidade ao propósito do texto original, lógica, exemplos dados em termos de vários fatos, compreensão do tema – de maneira clara ou não –, e embasamento a partir de citação das escrituras autorizadas. Como um homem de vasta erudição, Keshava Kashmiri era o campeão invicto neste tipo de debate. Assim, ele carregava o título de Digvijayi, que significa “aquele que conquistou a todos em todas as direções”. O debatedor campeão havia agora vindo até Navadvipa com a esperança de aumentar sua reputação derrotando os estudiosos dali.

Naquela época, os debates não eram meros exercícios acadêmicos, senão que o perdedor era obrigado a se tornar discípulo do vencedor. Esse fato assustou os estudantes de Navadvipa. Eles tinham o plano de fazerem uma disputa entre o Senhor Caitanya e Keshava Kashmiri. Eles consideraram que, se o Senhor fosse derrotado, eles teriam outra chance de debater com o erudito, pois, afinal, o Senhor Caitanya era apenas um garoto. Mas se o Senhor derrotasse o erudito, a posição deles seria ainda mais gloriosa pelo fato de um mero garoto de sua comunidade acadêmica ter derrotado o campeão invicto.

Keshava Kashmiri sabia da reputação do Senhor Caitanya como um erudito sanscritólogo, mas, estando muito orgulhoso de sua brilhante carreira pessoal, ele se considerou muito superior ao Senhor. Assim, quando eles se encontraram nas margens do rio Ganges, Keshava Kashmiri falou asperamente com o Senhor. Com muita perícia, ele criticou o Senhor Caitanya insinuando que o “malabarismo gramatical” que o Senhor ensinava a Seus estudantes não exigia muita destreza. O Senhor Caitanya, que age de diferentes maneiras para o benefício das almas condicionadas, respondeu ao erudito de forma a aumentar seu prestígio artificial. O Senhor Se apresentou em uma posição subordinada e pediu ao erudito para ele demonstrar sua perícia poética compondo versos em glorificação ao Ganges.

Keshava Kashmiri era devoto da deusa da sabedoria, Sarasvati, e, sendo favorecido por ela, era bastante confiante de suas habilidades intelectuais. Ao pedido do Senhor Caitanya, ele imediatamente compôs cem versos glorificando o Ganges e eloqüentemente os recitou diante do Senhor Caitanya e Seus alunos.

Após ouvirem a convincente apresentação de Keshava Kashmiri, o Senhor Caitanya falou de forma a refrear o orgulho que Ele havia previamente incentivado. Glorificando de forma sarcástica o poeta, o Senhor, que havia memorizado todos os cem versos, repetiu o sexagésimo quarto verso e pediu para Keshava Kashmiri explicá-lo. O erudito, embora espantado pelo Senhor Caitanya ter memorizado um dos versos rapidamente citados, explicou o significado do verso. O Senhor Caitanya então lhe pediu para explicar os pontos positivos e as falhas do verso.

O orgulhoso poeta ficou nervoso. “Você é apenas um estudante ordinário de gramática”, ele disse. “O que Você sabe sobre adornamentos literários? Você não pode analisar esse poema, pois Você não sabe nada sobre isso”. O Senhor Caitanya novamente Se submeteu humildemente a Keshava Kashmiri e respondeu: “Certamente Eu não estudei a arte de adornar composições literárias, mas Eu ouvi sobre isso dos círculos mais elevados, e posso, portanto, analisar esse verso e apontar muitas falhas e muitos pontos positivos nele. Permita-me dizê-los, e, por favor, escute-Me sem se irritar”.

O Senhor Caitanya explicou então cinco ornatos literários e cinco falhas no verso. O Senhor analisou as falhas no verso em termos de composição imprópria, significados contraditórios e redundância. Ele em seguida glorificou o verso por seus ornatos de aliteração, analogia e significado. O Senhor concluiu: “Eu discuti apenas as cinco faltas grosseiras e cinco ornatos literários deste verso, mas, se o considerarmos em seus detalhes, encontraremos ilimitadas falhas. A explanação do Senhor Caitanya havia sido tão completa, mesmo Ele tendo ouvido o verso apenas uma única vez, que Keshava Kashmiri ficou assombrado. Quando ele tentou replicar os comentários do Senhor, ele não foi capaz de encontrar palavras para se expressar. A confiança dele em sua inteligência foi aniquilada. Seu orgulho deu lugar à insegurança.

Keshava Kashmiri havia se tornado muito orgulhoso, considerando-se invencível devido ao seu vasto conhecimento, mas seu orgulho só serviu para confundi-lo. A posição verdadeira da entidade viva é de dependência do Senhor Supremo. No Bhagavad-gita, a Suprema Personalidade de Deus explica que todo conhecimento, lembrança e esquecimento vem dEle. O orgulho de Keshava Kashmiri o fez ignorante dessa verdade, mas o Senhor Caitanya demonstrou grande misericórdia para com ele contendo seu orgulho e lhe dando dessa maneira a oportunidade de obter conhecimento transcendental.

Voltando para casa, Keshava Kashmiri adorou Sarasvati, a deusa da sabedoria, desejando saber qual ofensa havia cometido a ela para ser derrotado por um jovem garoto. Aquela noite, mãe Sarasvati apareceu para o erudito em um sonho e lhe revelou que o Senhor Caitanya era a própria Suprema Personalidade de Deus. Keshava Kashmiri pôde então entender sua posição como servo eterno do Senhor. Na manhã seguinte, Keshava Kashmiri foi ver o Senhor Caitanya e imediatamente se rendeu a Ele. O Senhor, assim, concedeu Sua misericórdia ao erudito, liberando-o do orgulho que lhe fazia cativo à vida material. Daí em diante, Keshava Kashmiri abandonou a ocupação de vencer campeonatos e se tornou um grande devoto do Senhor.

Após este incidente, o Senhor Caitanya foi aclamado como o mais importante erudito de toda Navadvipa. De fato, ele começou a debater e a derrotar todos os tipos de estudiosos dos discursos das escrituras Védicas. Mas, por causa de Seu comportamento gentil, nenhum deles ficava infeliz.

Aos dezesseis anos de idade, o Senhor dirigia Sua própria escola. Em concordância com Sua missão como a encarnação desta era, o Senhor ensinava gramática sânscrita através da Consciência de Krsna. Ele explicava as regras e definições em relação com Krsna, induzindo dessa forma Seus estudantes a cantarem os santos nomes de Deus. O propósito do Senhor era que Seus estudantes e todos nós realizássemos que não há nada em nossa experiência senão Krsna.

Durante este período, Srila Isvara Puri visitou Navadvipa. Isvara Puri era o mais querido discípulo do grande sannyasi seguidor de Srila Madhvacarya, Srila Madhavendra Puri. O Senhor Caitanya se aproximou de Isvara Puri neste tempo e ouviu a recitação de seu livro Krsna-lilamrta. Posteriormente, enquanto em Gaya, o Senhor novamente Se encontrou com Isvara Puri, e, aceitando-o como Seu mestre espiritual, foi iniciado por ele.

Apesar da reputação do Senhor Caitanya como um acadêmico erudito, Isvara Puri o repreendeu. “Você é um tolo”, ele disse. “Você não é qualificado para estudar a filosofia Vedanta, por isso Você deve sempre cantar os santos nomes de Krsna, simplesmente cante os nomes de Krsna. Nesta era de Kali, não há outro princípio religioso além do cantar do santo nome, que é a essência de todos os hinos Védicos”. Recebendo esta ordem de Seu mestre espiritual, o Senhor Caitanya imediatamente exibiu sintomas de êxtase de amor por Deus.

Isvara Puri atuando como mestre espiritual do Senhor Caitanya e o Senhor Caitanya atuando como o discípulo ideal nos instruem que é unicamente através da iniciação apropriada que é possível para as almas condicionadas amarem a Deus. No Bhagavad-gita, a Suprema Personalidade Deus nos instrui a nos aproximarmos de um mestre espiritual autêntico se sinceramente desejamos conhecimento transcendental e amor por Deus. O segredo do sucesso na vida espiritual está neste sistema de sucessão discipular. A pessoa pode ser um grande erudito ou um tolo iletrado, mas, seguindo o Senhor Caitanya e recebendo instrução de um mestre espiritual autêntico, todos podem obter esse amor por Deus que o movimento de sankirtana do Senhor está distribuindo.

Todas as glórias ao Senhor Caitanya Mahaprabhu! Todas as glórias a Srila Prabhupada!

Biógrafos do Senhor Caitanya dividiram Sua vida em três períodos. O período que consiste em Seus primeiros vinte e quatro anos, durante os quais o Senhor Caitanya residiu em Navadvipa, perfazem os passatempos de Seu nascimento, infância, juventude e casamento. Esse período de vinte e quatro anos é conhecido como adi-lila.

Ao término de Seus vinte e quatro anos, o Senhor Caitanya entrou na ordem renunciada, sannyasa. Durante esse período de Sua vida, madhya-lila, ou passatempos intermediários, o Senhor viajou continuamente por seis anos. Partindo de Sua sede principal em Jagannatha Puri, na Orissa, Ele fez peregrinações ao Sul da Índia, à Bengala e a Vrndavana.

Pelos últimos dezoito anos de Sua vida, o Senhor Caitanya permaneceu fixo em Jagannatha Puri, onde exibiu Sua antya-lila, ou passatempos finais. Ali, na companhia de Seus associados íntimos, Ele pessoalmente desfrutou do amor por Deus cantando o mantra Hare Krsna e dançando em êxtase.


Por Sesa Dasa

domingo, 27 de julho de 2008

As etapas de Bhakti Yoga (Srila Visvanatha Cakravarti Thakur )



1 - Sraddha
2 - Sadhu Sanga
3 - Bhajana Kriya
4 - Anartha Nivrtti
5 - Nistha
6 - Ruci
7 - Asakti
8 - Bhava
9 - Prema

O caminho de Sraddha até Prema pode ser muito rápido se alguém render-se completamente.
Porém, de um modo geral este caminho leva bastante tempo a ser percorrido.
Existem muitos obstáculos no caminho do serviço devocional. Depois de desenvolver alguma fé (Sraddha) e associar-se com os Sadhus e o Mestre Espiritual (Sadhu Sanga), inicia-se o processo de Bhajana Kriya (o cantar dos Santos Nomes e todas as práticas devocionais) .A fase de Bhajana Kriya é dividida em duas:

1 - Anisthita Bhajana Kriya (Instável)

2 - Anartha Nivrtti (Eliminação dos Anarthas)

3 - Nisthitha Bhajana Kriya (Estável)

Na fase de Anisthita (Instável) os obstáculos são:

1 - Utsaha Mayi - Uma pessoa que começou o serviço devocional pensa que já compreendeu tudo.
2 - Ghana Tarala - As vezes pratica diferentes formas de serviço devocional e as vezes negligencia os mesmos.
3 - Vyudha Vikalpa - A mente vacila entre a vida de renúncia e a vida familiar com extensiva especulação.
4 - Visaya Sangara - Inabilidade de abandonar a gratificação dos sentidos (Nomeadamente a actividade sexual). Consultar SB 11.20.27-28
5 - Niyamaksama - Inabilidade de seguir votos e regulações ou incrementar seu serviço devocional.
6 - Taranga Rangini - Bhakti produz muitas oportunidades para ganho material, adoração pessoal e posição (Labha, Puja e Pratistha).

Para passar as próximas fases é necessário continuar cantando seriamente os Santos Nomes e todos os obtáculos são superados até que o devoto(a) alcança Krsna Prema. A minha inabilidade em seguir algum princípio não significa que tal princípio regulador deva ser alterado ou ajustado. Devo preparar-me melhor pela pratica constante do serviço devocional.Nem é possível estabelecer- se em Nisthitha Bhajana (Estável) sem passar pelas fases anteriores como Anartha Nvritti.

Bhagavad Gita 6, 13-14
Srila Prabhupada:
"...Ninguém pode praticar corretamente Yoga através da indulgência sexual...
Sem esta prática (Brahmacarya) ninguém pode avançar em qualquer Yoga, seja Dhyana, Jnana ou Bhakti....
Enquanto outros são forçados a absterem-se da gratificação dos sentidos, um devoto do Senhor automaticamente restringe-se devido a um gosto superior. A não ser os devotos, ninguém tem informação deste gosto superior..."
p/Prahladesh Dasa

sexta-feira, 25 de julho de 2008

25/08 desaparecimento Srila Lokanatha Goswami


SRILA LOKANATHA GOSWAMI era um associado pessoal do Senhor Caitanya. O Senhor Caitanya ordenou que ele e Bhugarbha Goswami encontrassem os lugares santos perdidos de Vrindavana. Anos depois, os seis Goswamis chegaram a Vrindavana e continuaram este trabalho. Lokanatha Goswami construiu o templo de Radha-Gokulananda em Vrindavana. Srila Narottama Thakura dasa foi seu único discípulo. (Veja Sri Caitanya-caritamrta, Madhya-lila 18.49).

quinta-feira, 24 de julho de 2008


"Eu não consigo estimar quanto néctar existe nestas duas sílabas Krs-na.
Quando o santo nome de Krsna é cantado, parece que dança dentro da boca. Então desejamos muitas bocas. Quando o santo nome entra nos ouvidos, desejamos milhões de ouvidos. E quando o santo nome dança no jardim do coração, conquista as actividades da mente, e portanto todos os sentidos tornam-se inertes." (Vidagdha Madhava 1.15)

quarta-feira, 23 de julho de 2008

23/08 Desaparecimento de Sri Gopala Bhatta Goswami -



GOPALA BHATTA GOSWAMI, um dos seis Goswamis de Vrindavana, como um jovem menino recebeu a misericórdia do Senhor Caitanya. Enquanto visitava o sul da Índia, o Senhor Caitanya ficou quatro meses na casa de Gopala Bhatta. Em seguida, Gopala Bhatta Goswami se juntou ao movimento de sankirtana do Senhor Caitanya. Ele provou ser um perito nos regulamentos escriturísticos vaishnavas, escreveu livros vaishnava e estabeleceu o templo de Sri Sri Radha-Ramana em Vrindavana.

terça-feira, 22 de julho de 2008


Se alguém não toma os devidos cuidados, e além do mais deixa de regar a planta do serviço devocional, ervas inúteis crscerão e cercearão o progresso. A idéia é que, quando alguém rega um jardim, não apenas a planta desejada crescerá mais rápido, mas as plantas indesejáveis também crescerão. Se o jardineiro não vê estes obstáculos e elimina-os, eles dominarão e sufocarão a planta da devoção. Se, todavia, formos cuidadosos em impedir o crescimento das plantas indesejáveis, a planta da devoção crescerá exuberantemente e alcançará a meta última, Goloka Vrndavana. Ao saborear o fruto do amor a Deus, a entidade viva ocupada em serviço devocional se esquece de todos os rituais religiosos e melhorias de sua condição econômica. Ela perde o desejo de satisfazer seus sentidos, e não mais deseja tornar-se una com o Senhor Supremo, fundindo-se em Sua refulgência. Existem muitas fases de conhecimento espiritual e bem-aventuranç a transcendental. Em uma plataforma, estão os sacrifício ritualísticos recomendados nos Vedas, a execução de austeridades e deveres piedosos, e a prática da yoga mística. Todos eles propiciam diferentes resultados a quem os pratica. Entretanto, as recompensas destas práticas aparentam ser muito brilhantes para alguém que não se elevou ao transcendental serviço ao Senhor. O amor por Deus está latente em todos, e através da execução de serviço devocional puro, pode ser despertado de sua posição adormecida, assim como uma pessoa mordida por uma serpente pode ser despertada através do uso da amônia.
Srila Prabhupada
Ensinamentos do Senhor Caitanya/ Cap 1 (Ensinamentos a Rupa Goswami)

segunda-feira, 21 de julho de 2008




Ao situar o movimento da consciência de Krishna dentro de um contexto histórico-cultural conveniente, muita gente identifica o movimento com o hinduísmo. Mas isso é um erro. Srila Prabhupada nega por completo a relação com o panteísmo, o politeísmo e a consciência de casta que impera no hinduísmo moderno. Se bem que, a filosofia da consciência de Krishna e o hinduísmo moderno, compartilhem de uma raiz histórica comum – a antiga cultura védica da Índia – o hinduísmo, juntamente com as outras “grandes religiões”, se converteu em uma instituição sectária, enquanto que a filosofia da consciência de Krishna é universal, e transcende as relativas designações sectárias.Faz-se idéia errada do movimento para a consciência de Krishna ao representá-lo como religião hindu. Entretanto, a consciência de Krishna não é alguma forma de fé ou religião que procure destruir qualquer outra fé ou religião. Pelo contrário, é um movimento cultural essencial para toda a sociedade humana e não se considera nenhuma fé sectária particular. Este movimento cultural destina-se especialmente a educar as pessoas como elas devem amar a Deus.
Às vezes, os indianos, tanto fora quanto dentro da Índia, pensam que estamos pregando a religião hindu, mas na verdade não é isso. Ninguém encontrará a palavra “hindu” no Bhagavad-gita. Na realidade, essa palavra “hindu” não existe em nenhuma parte da literatura védica. Esta palavra foi introduzida pelos muçulmanos provenientes das províncias próximas da Índia, como o Afeganistão, o Baluchistão e a Pérsia. Existe um rio chamado Sindhu que faz fronteira com as províncias situadas ao noroeste da Índia, e, uma vez que os muçulmanos daquela região não conseguiam pronunciar corretamente a palavra Sindhu, eles chamavam o rio de “Hindu” e os habitantes desta região de “hindus”. Na Índia, segundo o idioma védico, os europeus são chamados mlecchas ou yavanas. De modo similar, “hindu” é um nome dado aos indianos pelos muçulmanos.
A verdadeira cultura da Índia é descrita no Bhagavad-gita, onde se afirma que de acordo com as diferentes qualidades ou modos da natureza existem diferentes classes de homens, que geralmente são classificados dentro de quatro ordens sociais e quatro ordens espirituais. Esse sistema de divisão social e espiritual é conhecido como varnasrama-dharma. Os quatro varnas, ou ordens sociais, são brahmana, ksatriya, vaisya e sudra. Os quatro asramas, ou ordens espirituais, são brahmacarya, grhastha, vanaprastha e sannyasa. O sistema varnasrama é descrito nas escrituras védicas conhecidas como os Puranas. O objetivo desta instituição da cultura védica é educar todos os homens no avanço do conhecimento de Krishna, ou Deus. Nisto consiste todo o programa védico.
Ao conversar com o grande devoto Ramananda Raya, o Senhor Caitanya perguntou-lhe: “Qual é o princípio básico da vida humana?” Ramananda Raya respondeu que a civilização humana começa com a aceitação do varnasrama-dharma. Antes de se chegar ao padrão de varnasrama-dharma, não se pode falar de civilização humana. Portanto, o movimento da consciência de Krishna está tentando estabelecer este sistema correto de civilização humana, que é conhecido como consciência de Krishna, ou daiva-varnasrama – cultura divina.
Atualmente na Índia, o sistema varnasrama está sendo entendido de um modo pervertido, e assim um homem nascido na família de um brahmana (a ordem social superior) exige que o aceitem como um brahmana. Mas esta exigência não é aceita pelo sastra (escritura). Nosso antepassado pode ter sido um brahmana segundo a gotra, ou a ordem hereditária da família, mas o verdadeiro varnasrama-dharma baseia-se na qualidade concreta que tenhamos obtido, independentemente de nascimento ou hereditariedade. Portanto, não estamos pregando o atual sistema dos hindus, especialmente daqueles que estão sob a influência de Sankaracarya, pois Sankaracarya ensinou que a Verdade Absoluta é impessoal, negando, desse modo, indiretamente a existência de Deus.
A missão de Sankaracarya foi especial: ele apareceu para restabelecer a influência védica após a influência do budismo. Porque o budismo foi patrocinado pelo Imperador Asoka, há 2.600 anos atrás a religião budista tinha penetrado praticamente em toda a Índia. Segundo a literatura védica, Buddha é uma encarnação de Krishna dotada de poder especial que apareceu com um propósito especial. Seu sistema de pensamento, ou fé, foi largamente aceito, porém, Buddha rejeitou a autoridade dos Vedas. Enquanto o Budismo se espalhava, a cultura védica sofreu interrupção tanto na Índia quanto em outros lugares. Portanto, já que o único objetivo de Sankaracarya era acabar com o sistema filosófico de Buddha, ele introduziu o sistema chamado Mayavada.
Estritamente falando, a filosofia Mayavada é ateísta, pois é um processo no qual se imagina que Deus existe. Este sistema Mayavada de filosofia tem existido desde tempos imemoriais. O atual sistema indiano de religião ou cultura baseia-se na filosofia Mayavada de Sankaracarya, que se coaduna com a filosofia budista. Segundo a filosofia Mayavada, na verdade Deus não existe, ou, se Deus existe, Ele é impessoal e onipenetrante, e pode, portanto, ser imaginado sob qualquer forma. Esta conclusão não está de acordo com a literatura védica. Esta literatura menciona muitos semideuses, que são adorados para diferentes objetivos, mas em todos os casos o Senhor Supremo, a Personalidade de Deus, Visnu, é aceito como o controlador supremo. Esta é a verdadeira cultura védica.
A filosofia da consciência de Krishna não nega a existência de Deus e dos semideuses, ao passo que a filosofia Mayavada nega ambas, afirmando que nem os semideuses, nem Deus existem. Para os Mayavadis, em última análise tudo é nada. Eles dizem que se pode imaginar qualquer autoridade – seja Visnu, seja Durga, seja o Senhor Siva, seja o deus do sol – porque estes são os semideuses geralmente adorados na sociedade. Mas, de fato, a filosofia Mayavada não aceita a existência de nenhum deles. Os Mayavadis dizem que, como não podemos concentrar a mente no Brahman impessoal, podemos entretanto imaginar qualquer uma dessas formas. Este é um sistema novo, chamado pancopasana. Foi introduzido por Sankaracarya, mas o Bhagavad-gita não ensina doutrinas dessa espécie, que, portanto não são autorizadas.O Bhagavad-gita aceita a existência dos semideuses. Os semideuses são descritos nos Vedas, e não se pode negar sua existência. Mas não devemos compreendê-los nem adorá-los de acordo com o método de Sankaracarya. A adoração a semideuses é rejeitada no Bhagavad-gita. O Gita [7.20] afirma claramente:kamais tais tair hrta-jnanahprapadyante ’ nya-devatahtam tam niyamam asthayaprakrtya niyatah svaya“Aqueles cujas mentes são corrompidas por desejos materiais rendem-se aos semideuses e seguem as regras e regulações particulares de adoração, conforme a própria natureza deles.” Isto também é explicado mais detalhadamente no Bhagavad-gita [7.23]:antavat tu phalam tesamtad bhavaty alpa-medhasamdevan deva-yajo yantimad-bhakta yanti mam api“Homens de pouca inteligência adoram os semideuses, e colhem frutos limitados e temporários. Aqueles que adoram os semideuses vão para os planetas dos semideuses, mas Meus devotos alcançam Minha morada suprema”. As recompensas dadas pelos semideuses são temporárias porque qualquer vantagem material está necessariamente relacionada com o corpo temporário. Qualquer que seja a vantagem material obtida, seja mediante os modernos métodos científicos, seja mediante a obtenção de bênção dos semideus. Srila Prabhupada!

domingo, 20 de julho de 2008


A consciência de Krishna é a mais elevada prática de yoga aceita por treinados yogis devocionais. O sistema de yoga, como se afirma na fórmula de prática de yoga padrão dada pelo Senhor Krishna no Bhagavad-gita, e como se recomenda na disciplina da yoga de Patanjali, é diferente da hatha-yoga praticada hoje em dia, como é geralmente entendida nos países ocidentais.
Real pratica de yoga significa controlar os sentidos e, depois que tal controle é estabelecido, concentrar a mente na forma de Narayana da Suprema Personalidade de Deus, Sri Krishna. O Senhor Krishna é a original Personalidade Absoluta, a Divindade, e todas as outras formas de Visnu – com quatro mãos, decoradas com búzio, lótus, maça e roda – são expansões plenárias de Krishna.No Bhagavad-gita recomenda-se que devemos meditar na forma do Senhor. Para praticar a concentração da mente, é preciso sentar-se em local solitário e santificado por uma atmosfera sagrada, e o yogi deve observar as regras e regulações de brahmacarya – levar uma vida de estrita auto-abstinência e celibato. Ninguém pode praticar yoga em cidades congestionadas, levando uma vida de extravagâncias, incluindo práticas sexuais irrestritas e adultério da língua.
Já afirmamos que prática de yoga significa controlar os sentidos, e começamos a controlar os sentidos controlando a língua. Não podemos permitir que a língua tome todos os tipos de alimentos e bebidas proibidos, e ao mesmo tempo nos aprimoremos na prática da yoga. É um fato muito lamentável que muitos ditos yogis, não autorizados e transviados, venham agora para o Ocidente e explorem a inclinação das pessoas pela yoga. Esses yogis não autorizados ousam mesmo dizer publicamente que se pode beber e ao mesmo tempo praticar meditação.Há cinco mil anos, no diálogo Bhagavad-gita, o Senhor Krishna recomendou a prática da yoga a Seu discípulo Arjuna, mas Arjuna abertamente expressou sua incapacidade de seguir as estritas regras e regulações da yoga. Devemos ser práticos em todos os campos de atividades. Não devemos perder nosso tempo precioso simplesmente praticando alguns exercícios de ginástica em nome da yoga. Verdadeira yoga é buscar a Superalma de quatro mãos dentro de nosso coração, e vê-lO perpetuamente em meditação. Essa meditação contínua chama-se samadhi. Se, contudo, quisermos meditar em algo vazio ou impessoal, será necessário um tempo muito prolongado para atingir algo através da pratica de yoga. Não podemos concentrar nossa mente em algo vazio ou impessoal. Verdadeira pratica da yoga significa fixar a mente na pessoa do Narayana de quatro mãos que mora no coração de todos.
Às vezes se diz que através da meditação alguém compreenderá que Deus está situado sempre dentro do coração, mesmo quando não se sabe disso. Deus está situado dentro do coração de todos. Ele está situado não somente no coração do ser humano, mas também nos corações dos cães e gatos. O Bhagavad-gita atesta isto com a declaração de que Isvara, o supremo controlador do mundo, está situado no coração de todos. Ele está presente não apenas no coração de todos, como também dentro dos átomos. Nenhum lugar é vazio; nenhum lugar é desprovido da presença do Senhor.
O aspecto do Senhor através do qual Ele está presente em toda a parte chama-se Paramatma. Atma significa a alma individual, e Paramatma significa a Superalma individual. Tanto a atma quanto o Paramatma são pessoas individuais. A diferença entre eles, contudo, é que a atma, ou alma, está presente apenas em um local particular, ao passo que o Paramatma está presente em toda a parte.
A este respeito, o exemplo do sol é muito bom. Uma pessoa individual pode estar situada em um local, mas o sol, apesar de ser uma entidade viva específica, está presente sobre a cabeça de todas as pessoas individuais. No Bhagavad-gita isto é muito bem explicado. Portanto, muito embora as qualidades de todas as entidades, incluindo o Senhor, sejam iguais, a Superalma é diferente da alma individual por quantidade de expansão. O Senhor, ou a Superalma, pode Se expandir em milhões de formas diferentes, ao passo que a alma individual não pode fazê-lo.
A Superalma, estando situada no coração de todos, pode testemunhar as atividades de todos, no passado, no presente e no futuro. Nos Upanisads se diz que a Superalma está pousada ao lado da alma individual como um amigo e testemunha. Como amigo, Ela está sempre ansiosa por trazer a alma individual de volta ao lar, de volta ao Supremo. Como testemunha, Ela é quem concede todas as bênçãos que resultam das ações do indivíduo. A Superalma dá à alma individual toda a facilidade de atingir tudo o que ela possa desejar. Mas Ela dá instruções a Seu amigo, para que ele por fim abandone todas as outras ocupações e simplesmente se renda a Deus para a bem-aventuranç a perpétua e vida eterna, plena de conhecimento. Esta é a última instrução do Bhagavad-gita, o mais autorizado e amplamente lido livro sobre todas as formas de yoga.A última palavra do Bhagavad-gita, como afirmado acima, é a última palavra quanto ao aperfeiçoamento do sistema de yoga. É afirmado ainda no Bhagavad-gita que uma pessoa que está sempre absorta em consciência de Krishna é o yogi mais elevado. Que é esta consciência de Krishna?
Assim como a alma individual está presente no corpo através de sua consciência, Paramatma está presente em toda criação através de Sua superconsciência. Esta superconsciência não pode ser imitada pela alma individual, que tem conhecimento limitado: eu posso ter consciência de meu corpo, da mesma forma a Superalma sabe o que esta acontecendo dentro de meu corpo limitado, mas não posso sentir o que está acontecendo no corpo de outrem. Eu estou presente em todo o meu corpo através de minha consciência, mas não estou presente no corpo de ninguém mais através de minha consciência. Contudo, a Superalma, ou Paramatma, estando presente dentro de todos, situada em toda a parte, é consciente de toda a existência. A teoria de que a alma e a Superalma são iguais não é aceitável, porque a consciência da alma individual não pode agir em superconsciência. Esta superconsciência só pode ser atingida, ajustando-se a consciência individual à superconsciência; e este processo de ajustamento é chamado rendição, ou consciência de Krishna.Nos ensinamentos do Bhagavad-gita aprendemos claramente que no começo Arjuna não queria lutar com seus parentes, mas, após entender o Bhagavad-gita, quando ajustou sua consciência à superconsciência de Krishna, sua consciência tornou-se consciência de Krishna. Uma pessoa em plena consciência de Krishna age segundo os ditames de Krishna, e dessa maneira Arjuna concordou em lutar na batalha de Kuruksetra.
No começo da consciência de Krishna este ditame do Senhor é recebido através do meio transparente do mestre espiritual. Quando uma pessoa está suficientemente treinada e age com submissa fé e amor por Krishna, sob a orientação do mestre espiritual fidedigno, o processo de ajustamento torna-se mais firme e acurado. Neste estágio Krishna dá ordens internamente. Externamente, o devoto é ajudado pelo mestre espiritual, o representante fidedigno de Krishna, e internamente o Senhor ajuda o devoto como caitya-guru, estando situado dentro do coração de todos.
Simplesmente entender que Deus está situado no coração de todos não é a perfeição. É preciso familiarizar- se com Deus interna e externamente e desse modo agir em consciência de Krishna. Este é o mais elevado estágio perfectivo para a forma humana de vida, e o estágio mais elevado em todos os sistemas de yoga.
Para um yogi perfeito há oito tipos de super-realizaçõ es:1. Ele pode tornar-se menor que o átomo.2. Ele pode tornar-se maior que uma montanha.3. Ele pode tornar-se mais leve que o ar.4. Ele pode tornar-se mais pesado que qualquer metal5. Ele pode realizar qualquer efeito material que deseje (criar um planeta, por exemplo).6. Ele pode, assim como o Senhor, controlar os outros.7. Ele pode viajar por qualquer parte dentro (ou além) do universo.8. Ele pode escolher seu próprio momento e local de morte, e renascer onde quer que deseje.Mas, quando nos elevamos ao estágio perfectivo de receber ordens do Senhor, estamos acima do estágio das realizações materiais acima mencionadas.O exercício respiratório do sistema de yoga que geralmente é praticado é apenas o começo do sistema. Meditação na Superalma é apenas um passo adiante. Obtenção de admirável sucesso material também é apenas um passo adiante. Mas, atingir contato direto com a Superalma e receber ordens dEla é o mais elevado estágio perfectivo.
Os exercícios respiratórios e as práticas de meditação da yoga são muito difíceis nesta era. Mesmo há cinco mil anos atrás eram muito difíceis, pois, senão, Arjuna não teria rejeitado a proposta de Krishna. Esta era de Kali é considerada uma era decaída. No momento atual, as pessoas em geral têm vida curta e são muito lentas para o entendimento da auto-realizaçã o, ou vida espiritual. Elas são, na sua maioria, desventuradas, e, sendo assim, se alguém desperta um pouquinho de interesse pela auto-realizaçã o, é desencaminhado por muitas fraudes. O único método verdadeiro para compreensão do estágio perfeito da yoga é seguir os princípios do Bhagavad-gita tais como foram postos em prática pelo Senhor Caitanya Mahaprabhu. Esta é a mais simples e a mais elevada perfeição da prática de yoga.
O Senhor Caitanya demonstrou praticamente a yoga da consciência de Krishna, simplesmente cantando os santos nomes de Krishna, tais como são mencionados no Vedanta, no Srimad-Bhagavatam e em Puranas muito importantes. A grande maioria dos indianos segue esta prática de yoga, e em muitas cidades dos Estados Unidos e outros países também esta prática está crescendo gradualmente. Ela é muito fácil e exeqüível para esta era, especialmente para aqueles que estão seriamente interessados em alcançar sucesso na yoga. Nenhum outro processo pode ser bem sucedido nesta era.O processo de meditação adotado com seriedade era possível na Era Dourada, Satya-yuga, porque as pessoas naquela época vivam cem mil anos em média.Na era atual, contudo, se você quer sucesso em yoga prática, adote o cantar de Hare Krishna, Hare Krishna, Krishna Krishna, Hare Hare/ Hare Rãma, Hare Rãma, Rãma Rãma, Hare Hare, e sinta você mesmo que está avançando. Devemos nós mesmos saber o quanto estamos avançando na prática de yoga.No Bhagavad-gita, esta prática da consciência de Krishna é descrita como raja-vidya, o rei de toda a erudição; raja-guhyam, o mais confidencial sistema de compreensão espiritual; pavitram, o mais puro de tudo que é puro; susukham, executado muito alegremente; e avyayam, inexarível.
Aqueles que adotaram este muito sublime sistema de bhakti-yoga, está prática de serviço devocional com amor transcendental por Krishna, podem atestar como estão desfrutando agradavelmente de sua alegre e fácil execução. Yoga significa controlar os sentidos, e bhakti-yoga significa purificar os sentidos. Quando os sentidos se purificam, eles também são, automaticamente, controlados. Você não pode suspender as atividades dos sentidos por meios artificiais, mas, se você purifica os sentidos, não somente eles se abstêm de ocupações imundas, mas também ocupam-se positivamente no transcendental serviço ao Senhor.
A consciência de Krishna não foi fabricada por nós através da especulação mental. Ela é prescrita no Bhagavad-gita, o qual diz que quando pensamos em Krishna, cantamos em Krishna, vivemos em Krishna, comemos em Krishna, conversamos em Krishna, esperamos em Krishna e nos sustemos em Krishna, regressamos a Krishna sem sombra de dúvida. E esta é a essência da consciência de Krishna.
Srila Prabhupada