quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Sri Sri Siksastaka (verso5)

Composição de Sua Onipotência Sri Krsna Caitanya Mahaprabhu
Significados de Sua Divina Graça Bhaktisiddhanta Sarasvati

Verso 5

ayi nanda-tanuja kinkaram
patitam mam visame bhavambudhau
krpaya tava pada-pankaja-
sthita-dhuli-sadrsam vicintaya

Ó Krsna, filho de Maharaja Nanda, sou Teu servo eterno, porém, de alguma forma caí no oceano de nascimentos e mortes. Por favor, retira-me deste oceano de mortes e coloca-me como uma partícula de poeira a Teus pés de lótus.
O Senhor Krsna, o filho de Maharaja Nanda, é o objeto da devoção de todos. A postura de serviço eterno ao Senhor Krsna é um aspecto inerente à identidade espiritual pura (svarupa) de toda alma espiritual. A jiva, ou alma espiritual, tendo se tornado indiferente ao serviço ao Senhor Krsna, afoga-se repetidamente no intransponível e medonho oceano da existência material, onde é atormentada pelas três classes de misérias. Em tal situação, sua única chance de sobrevivência é o recebimento da misericórdia do Senhor Supremo. Se o Senhor Sri Krsna, em virtude de Sua misericórdia sem causa, aceita a jiva como uma partícula de poeira a Seus pés de lótus, então a identidade encoberta da alma espiritual, bem como sua propensão eterna a servir o Senhor Krsna, tornam-se novamente manifestas.
A tentativa de obter os pés de lótus de Sri Krsna através do próprio empenho é chamada “arohapantha”. Krsna não pode ser obtido por esse método, senão que, somente por meio da rendição ao desejo e à misericórdia do Senhor Krsna, pode a jiva obter o serviço a Ele. O termo pada-dhuli (uma partícula de poeira a Seus pés de lótus) aqui utilizado evidencia o conceito da identidade original da jiva como parte e parcela infinitesimal de Krsna.
Até o momento em que a jiva se situe completamente em sua svarupa, ou identidade espiritual original, a presença de anarthas, ou desejos inconvenientes, é inevitável. Nesse estado, a definição da meta última permanece indeterminada, obscurecida por impurezas. O cantar puro do santo nome começa após o despertar de sambandha-jnana, e somente através de tal cantar puro é possível a obtenção de prema. Quando, por meio do contínuo cantar do suddha-nama, rati aos pés de lótus do Senhor desperta no coração da jiva, ela é então conhecida como jata-rati-bhakta, um devoto em cujo coração rati se manifestou. A diferença entre um ajata-rati-sadhaka e um jata-rati-bhakta é a qualidade do cantar de cada um. Mentirosamente apresentar-se como um jata-rati-bhakta – ou seja, apresentar-se assim antes de ter atingido tal estágio – é completamente inapropriado. Após anartha-nivrtti, a pessoa se situa em “naivantarya”, estado este caracterizado por ininterrupta estabilidade na prática do sadhana (sravana, kirtana e assim por diante). Em seguida, obtém-se “sveccha-purvika”, ou invocação voluntária dos passatempos de Krsna em meditação, um estágio avançado de lembrança do Senhor, o qual se manifesta no estágio de asakti. Este é seguido pela condição conhecida como “svarasiki”, desperta no estágio de bhava, na qual os passatempos imanifestos do Senhor manifestam-se automaticamente no coração em um fluir ininterrupto. Por fim, após estes três estágios, aufere-se a perfeição final de krsna-prema.
Tradução de Bhagavan dasa (DvS)

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