quarta-feira, 21 de março de 2007

Gita-Govinda de Jayadeva - Por Raghunatha Dasa

Raghunatha Dasa (Rogério Duarte) traduziu o grande clássico Vaishnava, Gita Govinda. Com sua permissão iremos publicar periodicamente este grande livro

Composto especialmente para a apresentaçãode dança das bailarinas devadasi, no Templode Jagannatha, durante a noite do festival deadoração do Senhor Jagannatha, o Gita-Govinda de Jayadeva é um poema líricodramático,com doze capítulos, subdivididosem vinte e quatro canções, chamadas deprabhanda. As canções são formadas, namaioria, por oito pares de versos denominadosashtapadi, que em Sânscrito quer dizer ‘oitopassos’. Esses ashtapadi podem sermusicados em diferentes estruturas melódicasindianas, ou ragas.A primeira canção tem quatro estrofesintrodutórias seguidas por onze ashtapadi, quedescrevem as atividades dos dez avataras deVishnu, terminando sempre com a saudação"Jaya jagadisha Hare" – “Viva Hare, o Senhordo Universo!”. O último ashtapadi é umalouvação a Krishna, por seus gloriosos passatemposassumindo as diferentes formas decada um dos avataras.A segunda canção descreve o relacionamentoconfidencial de Krishna e Radha. E a terceiracanção descreve a Primavera, com seusvariegados encantos, como as extasiantesfragrâncias, os ventos refrescantes, os docessons das abelhas e dos papagaios, e as gopisprocurando por Krishna nos bosques deVrindavana. O refrão repete que a Primavera éuma estação cruel para os amantes abandonados.A quarta canção é uma descrição dadança da rasa de Krishna com as gopis.Na décima primeira canção, o poeta descrevea vipralambha srnigara. Krishna, o Deus doAmor, espera por Radha nas margens do rioYamuna. Ele compara Krishna e Radha seabraçando a um relâmpago numa nuvemnegra.Na décima segunda canção, Jayadeva descrevea dor da separação e o sentimento deabandono de Radha na ausência de Krishna.Todas as nuances do relacionamento amorosoestão descritas nas outras canções.
Existem muitas histórias sobre como foi escritoo Gita-Govinda. Acredita-se que o final dasegunda canção foi escrito pelo próprioJagannatha. Mas esses detalhes são muitoconfidenciais, e não nos sentimos qualificadospara explicá-los adequadamente. Somente opróprio texto do poeta, devidamente apresentadono seu contexto devocional, pode revelara doçura nectária e sublime da madhurya lila, amais elevada forma de amor a Deus, queconstitui o tema principal do poema deJayadeva.Sri Caitanya Mahaprabhu, o Avatar Douradode Krishna – que viveu na Índia dois séculosdepois de Jayadeva – nos últimos anos de suapermanência neste mundo, ouvia constantementeo Gita-Govinda de Jayadeva. E experimentavaa mesma intensa saudade que Radhasentia de seu amado Krishna.Srila Prabhupada, no comentário do verso13.42 do Adi-Lila do Caitanya Caritamrita,nos dá a seguinte nota biográfica sobreJayadeva, o autor do Gita-Govinda: “Jayadevanasceu durante o reinado de Maharaja
Laksmana Sena, da Bengala, no século Xl ouXll da era Saka. Seu pai foi Bhojadeva e suamãe, Vamadevi. Por muitos anos, viveu emNavadvipa, a então capital da Bengala. Suaterra natal ficava no distrito de Birbham, naaldeia de Kendubilva. Contudo, na opinião dealgumas autoridades, ele nasceu em Orissa, eainda outros dizem que ele nasceu no sul daÍndia. Ele passou os últimos dias de sua vidaem Jagannatha Puri. Um dos seus livrosfamosos é o Gita-Govinda, que é pleno dedoces e transcendentais sentimentos de separaçãode Krishna. As gopis sentiam a separaçãode Krishna antes da dança da rasa, comose menciona no Srimad Bhagavatam, e o Gita-Govinda expressa tais sentimentos. Há muitoscomentários sobre o Gita-Govinda de muitosvaisnavas".O Gita-Govinda é, sem dúvida, o mais importantepoema de amor da literatura indiana. E étambém a maior manifestação de poesiareligiosa do vaishnavismo. O seu tema é adevoção a Krishna. Ele descreve os passatemposamorosos de Radha e Krisna como umritual da estação da Primavera. Jayadevaexpressa a mais elevada plenitude do amor aDeus, através da paixão erótica, ao mesmotempo divina e humana, de Govinda (Krishna)e Radharani.Srila Prabhupada adverte no mesmo comentáriodo Adi-lila que: "Não se deve confundir ospassatempos de Radha e Krishna com atividadesde qualquer rapaz e moça mundanos. Asatividades sexuais mundanas de rapazes emoças são muito abomináveis. Portantoaqueles que estão em consciência corpórea eque desejam gozo dos sentidos são proibidosde dedicar-se a conversações sobre os passatempostranscendentais de Sri Radha eKrishna".Do ponto de vista da forma literária, o quemais notabiliza o poema é sua elaboradíssimaconstrução métrica e sonora. As rimas,assonâncias e aliterações dão ao texto umamusicalidade tão densa que as melodias comoque fluem das próprias palavras, ao mesmotempo sugerindo infinitas linhas melódicas efazendo-o até prescindir das melodias pararessoar com a harmoniosa doçura que tãoelevado tema demanda:
“Srita kâmala kucha mândala drita kúndala êTalita lalitavanamala jaya jayadeva harêDinamani mândala mândana bhava khândana êMuni janamana hamsa jaya jayadeva hare.”

2 comentários:

Anônimo disse...

Todas as glórias a Srila Prabhupada!
Que maravilhosa iniciativa, estamos ávidos por ouvir a tradução livre do Raghunatha Prabhu, sabemos a dedicação com que ele realizou este serviço; somos testemunhas dos dias e noites de esmero e minúncias dedicados a ele. Ouvimos algumas canções experimentais e podemos dizer que são belissímas!
Obrigada por partilhar este néctar conosco!
Hare Krishna!

Yoga Body-Mind Brasil disse...

voces publicaram no Blog a traducao do Guita Govinda por Rogerio Duarte?Como posso ter acesso a esse material?Estou na India e pesquisando o Guita govinda atraves da danca Odissi,gostaria muitt'issimo de ter acesso a esse material pela autenticidade da traducao.Gratidao, Annanda
yogabodymind.brasil@gmail.com