domingo, 11 de março de 2007

Jagannatha-vallabha-nataka, de Ramananda Raya


(Shrimati Radharani costumava lamentar-Se:) “ ‘Nosso Krishna não compreende o quanto temos sofrido pelos ferimentos impostos no transcurso de nossos casos amorosos. Na realidade, somos maltratadas pelo amor, pois o amor desconhece onde golpear e onde não golpear. Nem mesmo Cupido sabe de nossa condição tão fraca. O que devo contar aos outros? Ninguém pode entender as dificuldades alheias. Na verdade, nossa vida não está sob nosso controle, pois a juventude permanecerá dois ou três dias mais e logo terminará. Nesta condição, ó Criador, qual será nosso destino? Oh! O que direi de Meu sofrimento? Depois que encontrei Krishna, Minhas propensões amorosas brotaram, mas, o separar-Me dEle foi para Mim um grande choque, que agora perdura como os padecimentos de uma doença. Embora o único médico para esta doença seja o próprio Krishna, Ele não está cuidando do rebento desta planta de serviço devocional. Que posso dizer sobre o comportamento de Krishna? Externamente, Ele é um jovem amante muito atrativo, mas, no fundo, Ele é um grande enganador, muito perito em matar as esposas alheias. Minha querida amiga, não compreendo os princípios reguladores prescritos pelo Criador. Amei a Krishna em busca de felicidade, mas o resultado que obtive foi exatamente o oposto. Agora estou num oceano de angústia. Deve ser porque agora vou morrer, pois Minha força vital está minguando. Este é o Meu estado de espírito. Por natureza, os romances amorosos são muito tortuosos. Não são dotados de conhecimento suficiente, nem consideram se os lugares são adequados ou não, nem prevêem os resultados. Krishna, que é tão cruel, atou Meu pescoço e Minhas mãos com as cordas de Suas boas qualidades, e não consigo soltar-Me. Em Meus romances amorosos, há uma pessoa chamada Madana. Suas qualidades são as seguintes: pessoalmente, Ele não possui corpo grosseiro, todavia, é muito perito em causar dores aos outros. Ele tem cinco flechas, e, fixando-as em Seu arco, atira-as nos corpos de mulheres inocentes. Assim, essas mulheres ficam quase inválidas. Seria melhor se Ele tirasse Minha vida sem hesitar, mas Ele não faz isso. Simplesmente causa-Me dor. As escrituras dizem que uma pessoa jamais poderá saber da infelicidade da mente de outra. Portanto, que posso dizer de Minhas queridas amigas, Lalita e as demais? Tampouco podem elas entender a infelicidade que existe dentro de Mim. Elas só fazem tentar consolar-Me repetidamente, dizendo: ‘Querida amiga, sê paciente.’ Eu digo: ‘Minhas queridas amigas, estais pedindo que Eu seja paciente, ao dizerdes que Krishna é um oceano de misericórdia e que em algum momento no futuro, Ele me aceitará. Contudo, devo dizer que isto não Me consolará. A vida da entidade viva é muito efêmera. É como água na folha de uma flor de lótus. Quem viverá o bastante para aguardar a misericórdia de Krishna? O ser humano não vive mais que cem anos. Deveis também considerar que a juventude da mulher, que é a única atração para Krishna, dura apenas alguns dias. Se dizeis que Krishna é um oceano de qualidades transcendentais e, portanto, algum dia será misericordioso, só posso dizer que Ele é como o fogo, que atrai moscas com seus brilho reluzente e as mata. Tais são as qualidades de Krishna. Aos mostrar-nos Suas qualidades transcendentais, Ele atrai nossas mentes, e então, mais tarde, ao separar-Se de nós, afoga-nos num oceano de infelicidade. ’

Um comentário:

Anônimo disse...

" Ó herói da caridade, por favor, entrega-nos o néctar dos Teus lábios. Com este néctar sentimos mais desejos de luxúria e ele diminui a lamentação do mundo material. Por favor, concede-nos o néctar dos Teus lábios, que recebeu o contato de Tua flauta que vibra transcendentalmente, pois este néctar faz todos os seres humanos esquecerem-se de todos os outros apegos."
SB 10.31.14