sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Krishna Balarama Ki jay



Foto de uma escultura do Século X de Sri Balarama, que se encontra nos Templos Sasbahu, em Udaipur.




“Krishna então falou para Seu irmão mais velho, Balarama: ‘Meu querido irmão, Você é superior a todos nós, e Seus pés de lótus são adorados pelos semideuses. Veja só como estas árvores cheias de frutas se curvaram para adorar Seus pés de lótus. Parece que assim elas tentam sair das trevas de terem sido obrigadas a aceitar a forma de árvores. De fato, as árvores nascidas em Vrindavana não são entidades vivas comuns. Elas estão nesta condição de vida estacionária por terem defendido o ponto de vista impessoal em suas vidas passadas, mas agora elas têm a oportunidade de vê-lO em Vrindavana e oram por mais avanço na vida espiritual, aproveitando-se da associação pessoal com Você. De modo as árvores são entidades vivas no modo da escuridão e os filósofos impersonalistas estão nesta escuridão, mas eles a erradicam tirando pleno proveito de Sua presença. Acho que os zangões que estão zumbindo ao Seu redor foram Seus devotos em vidas passadas. Eles não conseguem deixar Sua companhia, porque ninguém pode ser um senhor melhor e mais carinhoso do que Você, que é o Deus supremo e original. Esses zangões tentam difundir Suas glórias através do canto constante e acho que alguns deles devem ser grandes sábios, devotos de Sua Onipotência, que estão disfarçados de zangões porque são incapazes de abandonar Sua companhia sequer por um momento. Meu querido irmão, Você é a suprema Divindade adorável. Veja só como os pavões estão dançando em Sua frente com grande êxtase. Os veados, cujo comportamento é igual ao das gopis, estão Lhe dando boas-vindas com o mesmo afeto. E os cucos que moram nesta floresta recebem-nO com grande júbilo porque consideram muito auspicioso Você ter vindo até a casa deles. Embora sejam árvores e animais, estes moradores de Vrindavana estão glorificando-O e estão dispostos a acolhê-lO da melhor maneira que podem, como é a prática das grandes almas ao receberem em casa outra grande alma. Quanto à terra, ela é tão piedosa e afortunada que as pegadas de Seus pés de lótus estão marcando seu corpo.’‘É muito natural para estes habitantes de Vrindavana receber assim uma grande personalidade como Você. As ervas, trepadeiras e plantas também são afortunadas de poderem tocar em Seus pés de lótus. E por Você tocar em seus ramos, estas plantinhas também se tornam gloriosas. E a respeito das colinas e rios, eles também são gloriosos porque Você está olhando para eles. Acima de tudo, as meninas de Vraja, as gopis, atraídas por Sua beleza, são as mais gloriosas, porque Você as abraça com Seus braços fortes.’"


Trecho do Cáp. 15 do livro "Krishna, A Suprema Personalidade de Deus", escrito por Sua Divina Graça A.C. Bhaktivedanta Swami Prabhupada

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

13/08 - Desaparecimento de Gauridasa Pandita


GAURIDASA PANDITA é considerado o emblema do amoroso serviço devocional mais elevado a Deus. Ele sacrificou tudo pelo serviço do Senhor Nityananda. O Senhor Caitanya e o Senhor Nityananda apareceram pessoalmente como formas de Deidade em Sua casa.

13 agosto - Desaparecimento de Srila Rupa Goswami


Srila Rupa Goswami (o principal dos 6 goswamis de Vrindavana) é considerado o mais proeminente de todos os Goswamis. Os devotos atuais na linha do Senhor Chaitanya são chamados rupanugas, ou seguidores de Rupa Goswami. Rupa tinha sido um ministro no governo muçulmano, e assim tinha sido excluído da sociedade hindu. Mas depois de conhecer o Senhor Caitanya ele deixou seu serviço do governo para se unir à missão do Senhor. Na cidade santa de Allahabad, o Senhor Caitanya o instruiu na ciência da consciência de Krishna durante dez dias. Depois, Rupa se mudou para Vrindavana e escreveu muitos livros, o principal dos quais é Bhakti-rasamrta-sindhu que está disponível como um estudo sumário em O Néctar da Devoção.

terça-feira, 12 de agosto de 2008


"A beleza de Bhakti Yoga, diferente de outros sistema de Yoga, é que todo o progresso depende mais ou menos da misericórdia do Guru e de Krsna. Noutros caminhos de Yoga, alguém obtém sucesso pelo esforço pessoal, austeridade e ocupação apropriada. Porém, em Bhakti Marga, atingir o objectivo ou Prema não depende de um processo mecânico de ouvir e cantar; depende somente da misericórdia de Krsna. O Senhor Gauranga diz, Guru Krsna Krpaya; pela misericórdia do Guru e de Krsna. Quando Sri Guru e Sri Krsna estão plenamente satisfeitos com os esforços sinceros de alguém, pode-se obter conhecimento divino e perfeição espiritual. É simplesmente uma questão de misericõrdia e nada mais. O caminho da devoção (Bhakti Marga) depende completamente da misericórdia do Senhor. Portanto, devemos procurar esta misericórdia - implorá-la, pedi-la e orar por ela.
Os Gaudiya Vaisnavas entendem este princípio, e assim eles sempre oram a Sri Guru e as misericordiosos Vaisnavas do passado e do presente por misericórdia, bençãos e guia. Isto aplica-se especialmente ao cantar do Santo Nome pelo qual temos pouca ou nenhuma atração.
Orações muito sentidas irão atrair Krsna e Seus devotos. Pela sua misericórdia sem causa poderemos obter força para cantar e o gosto para manter isto.

"Por mim mesmo, não tenho nenhuma força para cantar o Santo Nome de Hari.
Por favor, Oh! Vaisnava Thakur! Seja misericordioso por dar-me um pouco de fé, e de-me o grande tesouro do Santo Nome de Krsna." (Saranagati)


Do livro "Art of Chanting Hare Krsna" de Mahanidhi Swami

segunda-feira, 11 de agosto de 2008


Por causa de sua confiança na proteção do Senhor, um devoto puro, na verdade, nunca sofre, mesmo que externamente ele pareça estar em grandes dificuldades. Estando situado em conhecimento transcendental pela graça do Senhor, ele sabe que todo sofrimento concerne apenas ao corpo material, que é apenas fonte de sofrimento em todo caso, e é ilusório. Na verdade, a rainha Kunti, em sua famosa oração, pede que Krsna traga a ela mais e mais calamidades, porque tais calamidades lhe são uma oportunidade de se lembrar de Krsna e se refugiar em Seus pés de lótus! (SB 1.8.25)

domingo, 10 de agosto de 2008


“Deve-se agir de acordo com a ordem de Krsna. Esse é um ponto muito importante. A ordem de Krsna vem através da sucessão discipular do mestre espiritual fidedigno. Assim, a ordem do mestre espiritual deve ser tida como o dever primário da vida. Se alguém aceita um mestre espiritual genuíno e age de acordo com suas direções, então a perfeição da vida em Consciência de Krsna está garantida” (Bg. 18.57 sig).

sábado, 9 de agosto de 2008

A maravilhosa história do Aparecimento do Senhor Jagannatha


Há muitos milhares de anos atrás, em Bharatavarsa, o rei Indradyumna, da dinastia Surya Vamsa, governava a província de Utkal, atualmente Orissa. Seu grande desejo era realizar alguma obra maravilhosa que superasse o que outros homens haviam feito.
Como era um devoto de Vishnu, foi inspirado pelo senhor a que construísse o maior templo do mundo. Mas para construir este templo, Primeiro, pensou o rei, devo ter a deidade mais bela deste planeta. Mas, onde consegui-la?
Nesta noite, o rei teve um sonho revelador. Viu uma colina muito bonita, rodeada de bosques muito verdes, flores e arbustos. Uma voz disse-lhe que a colina chamava-se Nilacala e que possuía uma caverna, dentro da qual se encontrava a Deidade de Nilamadhava, uma forma do senhor Krishna de cor azul. Quando acordou o rei pensou em sair imediatamente à procura da Deidade, mas nem ele, tampouco nenhum de seus conselheiros sabiam onde ficava Nilacala. Após instruir seus mensageiros, os enviou a procura da colina. Um deles era um jovem de aspecto muito nobre, cujo nome era Vidyapati, o qual estava determinado a encontrar a colina.
Depois de muitos dias de buscas inúteis, e através de várias florestas, sua comida e água haviam acabado, e ao procurar uma aldeia onde reabastecesse suas provisões, ele se perdeu. Seu cavalo estava exausto. Assim, ele desmontou e prosseguiu caminhando durante vários dias. Finalmente, cansado e faminto ele sentou-se embaixo de uma árvore. Pouco depois ouviu um som de cascavel e alguém cantando. Ele pensou estar delirando quando viu aparecer um menino vaqueiro e muitas vacas.
Ao notar o estado de Vidyapati, o menino ordenhou uma das vacas e deu-lhe leite fresco para beber, com o qual Vidyapati se revigorou. O menino perguntou-lhe o que fazia um jovem de aparência palaciana naquele lugar e Vidyapati explicou-lhe sua missão e perguntou se o menino conhecia a colina Nilacala. O vaqueirinho disse-lhe que conhecia a colina, mas que não podia dizer-lhe onde estava que deveria procurá-la pessoalmente com fé e sinceridade, que assim a encontraria.
Vidyapati viu que o menino desapareceu e se deu conta que o Senhor manifestou-se para ajudá-lo. Continuando seu caminho chegou a um rio, onde várias jovens pegavam água; elas se assustaram ao vê-lo, mas como notaram que ele não tinha más intenções, uma delas aproximou-se: seu nome era Lalita, filha de Visvavasu, chefe de uma aldeia tribal situada a pouca distância. Ela o apresentou ao seu pai, que o recebeu como a um convidado. Devido a seu pressentimento Vidyapati não mencionou sua missão; passou muitos dias neste lugar recuperando- se e gostou tanto da hospitalidade desse povo que desejou ficar e viver ali. Lalita, com sua beleza e atenções roubou-lhe o coração, e depois de algum, tempo casaram-se. Vidyapati notou algo estranho no comportamento do seu sogro: a cada amanhecer Visvavasu saia para algum lugar fora da aldeia e voltava ao anoitecer. Isto o intrigou e ele perguntou a Lalita se sabia algo sobre o comportamento de seu pai. Lalita disse que não podia dizer-lhe nada porque seu pai se zangaria com ela, e que, por outro lado, não era nada importante que o preocupasse. Vidyapati disse-lhe, que não era bom haver segredos entre esposo e esposa. Então, Lalita contou-lhe que seu pai ia à caverna de uma colina para adorar o Senhor Nilamadhava, uma deidade que apenas ele sabia onde estava.
No dia seguinte, Vidyapati pediu a Visvavasu que lhe mostrasse sua deidade, e obteve uma resposta negativa. Visvavasu queria manter segredo da existência da deidade e, para isso, apenas ele deveria conhecer onde Ela se encontrava.
Finalmente, diante dos apelos de sua filha, Visvavasu aceitou levar Vidyapati à colina, mas com uma condição: ele cobriria seus olhos até a caverna, pois assim Vidyapati não saberia como chegar por seus próprios meios. Vidyapati concordou.
Nessa noite, Vidyapati foi à cozinha e pegou um punhado de sementes de mostarda, pôs em uma bolsa e escondeu dentro de suas roupas. Pela manhã, puseram-se a caminho, Visvavasu na frente e Vidyapati vendado atrás. À medida que avançavam ia deixando cair às sementes de mostarda no chão. Embora se sentisse muito triste em enganar o sogro, sabia que tinha um dever a cumprir com o rei. Quando chegaram à colina, Visvavasu conduziu Vidyapati à caverna e descobriu seus olhos. Então, diante dele, apareceu a mais bela forma que ele jamais havia visto: o todo atrativo Krishna, com Seu rosto de lótus sorrindo bondosamente, Sua maravilhosa cor azul, Sua forma sempre jovem estava ali. Realmente era a deidade digna para o templo que o rei queria construir. Enquanto estava assim encantado olhando o Senhor, Visvavasu voltou a cobrir seus olhos. Isto desgostou o jovem, o qual protestou pedindo-lhe que o deixasse olhar um pouco mais, mas Visvavasu disse que esta era a sua caverna, sua deidade e que ele deveria estar agradecido por haver podido vê-la uma vez. Visyavasu foi conduzido novamente com seus olhos cobertos de volta à aldeia. Ele então esperou a estação das chuvas pacientemente e alguns dias depois que estas chegaram, saiu procurando as plantas de mostarda que haviam brotado das sementes que ele espalhou.
Uma vez encontradas as primeiras, foi fácil seguir o caminho marcado por elas. Assim, chegou até a colina e sua caverna. Entrou na caverna e ali estava o Senhor! Agora podia olhá-la o quanto quisesse: ninguém o impediria. Havendo encontrado o que o rei tinha lhe encomendado, Vidyapati decidiu partir. Voltou à aldeia e pediu autorização a Visvavasu para voltar ao seu reino junto com Lalita. Visvavasu concordou e deu-lhe suas bênçãos.
Uma vez no palácio, Vidyapati relatou o sucedido ao rei Indradyumna, o qual, com grande êxtase, organizou rapidamente uma caravana, protegida por um grande exército e partiu para pegar a deidade de Nilamadhava.
Encabeçando a caravana ia Vidyapati, atrás, em um grande elefante ia o rei acompanhado de sua esposa Gundicha.
O rei comentou com sua esposa, que tiraria a deidade do egoísta Visvavasu e que Ela seria só sua dali em diante.
Gundicha ficou desgostosa ao escutar a bobagem do rei e o repreendeu, dizendo-lhe que o Senhor pertence a todos os Seus devotos e que Sua aparição na forma da deidade é para beneficiar a todas as entidades vivas e que ninguém pode dizer-se o dono do Senhor. Mas o dano já estava feito. O Senhor Nilamadhava não gostou do comportamento do rei e nesse mesmo momento um vento muito forte começou a levantar-se na colina de Nilacala, convertendo- se em um furacão de areia e terra que fortemente se abateu sobre a colina. Depois de um momento o vento parou. Nilacala já não existia, nem os bosques. Apenas o deserto se via agora ali. O Senhor se escondera dos olhos dos homens.
Quando, dias depois Yndradyumna chegou, só encontrou um deserto. Vidyapati estava desorientado, e não entendia o que havia acontecido. Nesse momento os guardas viram um homem escondendo-se atrás de umas poucas árvores que ficaram. O homem foi preso e conduzido até o rei. Vidyapati se deu conta que era seu sogro, Visvavasu e contou ao rei. O rei interrogou acerca do paradeiro da deidade e Visvavasu contou-lhe como a tempestade havia coberto toda a colina de Nilacala. Mas o rei não acreditou na estória e o manteve preso pensando que tudo isso era um plano para esconder Nilamadhava. Yndradyumna estava frustrado e devido a sua tristeza lágrimas rolavam de seus olhos.
Nessa noite o rei teve um sonho onde o Senhor apareceu e disse-lhe que suas lágrimas haviam-no comovido! O Senhor disse: “Eu não posso aparecer mais como Nilamadhava, esta Minha forma deixou o mundo para sempre, mas, aparecerei na forma de um Daru (tronco de madeira) flutuando no mar. Vá à praia amanha e Eu aparecerei”.
Na manha seguinte o rei foi com seus homens à praia e começaram a procurar. Depois de uma intensa busca, um grupo de guerreiros viu um grande tronco de árvore flutuando perto da beira-mar. Os sacerdotes a analisaram e viram que possuía os quatro símbolos de Vishhnu desenvolvidos naturalmente. Logo trataram de tirá-la da água com um elefante, mas o tronco de madeira nem se moveu. O rei mandou que todos os elefantes, cavalos e homens presentes o retirassem, mas tampouco conseguiram. Yndradyumna se deu conta que o Senhor havia colocado um novo obstáculo em seu caminho. Começou a orar à Vishnu e pouco depois uma voz o fez saber que deveria libertar Visvavasu, o qual era um devoto muito querido do Senhor e que junto com ele poderiam mover o tronco de árvore para tirá-la do mar.
O rei foi imediatamente libertar Visvavasu. Logo após fazê-lo o rei ofereceu suas reverências e implorou seu perdão por todas as ofensas cometidas. Continuando o rei lhe contou tudo sobre a manifestação do Senhor como um Daru. Ambos foram ao mar, entraram e muito facilmente e sem ajuda de ninguém levantaram o Daru e o retiraram. Com o consentimento de Visvavasu, Yndradyumna começou a fazer arranjos para colocar o Daru no templo, da maneira como o haviam encontrado.
Entretanto Gundica, a esposa do rei, propôs mandar talhar uma Murti de Nilamadhava no Daru. O rei gostou da idéia e convocou os melhores artistas do planeta para que fizessem à obra, mas eles não conseguiram fazer nem uma marca na madeira. Suas ferramentas se quebravam. Assim, um novo obstáculo apareceu. Quando o rei estava conversando com Gundica sobre o que fazer, um ancião apareceu diante deles dizendo que podia fazê-lo.
Yndradyumna entendeu que esta pessoa devia ser Visvakarma, o arquiteto dos planetas celestiais, que havia se disfarçado para passar despercebido. O rei começou a explicar-lhe o que queria, mas o ancião disse que lhe talharia uma Murti de acordo com o seu gosto, e que necessitava de uma residência por quinze dias para trabalhar sem ser perturbado. Ninguém deveria ousar abrir a porta neste período, pois se o fizesse, ele desapareceria deixando o trabalho incompleto. O rei concordou e o Daru foi colocado em um quarto onde o ancião se trancou.
Depois de dez dias, Gundicha começou a alarmar-se, pois já não se escutava nada. Ela disse ao rei que talvez o homem houvesse morrido de fome ou sede, e que seria melhor abrir a porta. Apesar das advertências feitas por Visvakarma, também o rei começou a duvidar se não havia acontecido algo anormal dentro do quarto. Então decidiram entrar e ver por si mesmo.
Quando a porta se abriu, não encontraram o ancião e sobre a mesa de trabalho apenas viam-se três formas muito estranhas talhadas na madeira. Eles pensaram que ao quebrarem sua promessa, Visvakarma havia ido embora deixando assim sua obra incompleta.
O rei caiu em um estado de profunda tristeza, enquanto Gundica culpava-se do que havia acontecido. Ambos estavam chorando, quando nesse momento apareceu Narada Muni. Depois de ser adorado apropriadamente, Narada informou-lhes que estava regressando de Vaikunta e que o Senhor Vishnu lhe havia pedido que informasse que era Seu desejo aparecer naquelas formas neste planeta, tal como estava sobre a mesa de trabalho de Visvakarma. As formas de Jagannatha (o Senhor Krishna) e as de Baladeva e Subadra (Suas expansões com Seu irmão e irmã).
Isto causou muita felicidade ao rei o qual decidiu começar imediatamente a construção do templo mais belo e opulento da face da terra. Milhares de artistas e operários utilizando suas energias ao máximo trabalharam durante meses.
O gigantesco templo foi tomando forma, enquanto isso o rei reuniu milhares de vacas em um curral próximo ao templo em construção, com a finalidade de doá-las aos brahmanas, aos pobres e aos operários no dia em que o templo estivesse pronto.
Por fim templo ficou pronto; como havia prometido o rei deu as vacas. Quando estas saíram do curral onde haviam permanecido durante tanto tempo viram que havia se formado um profundo poço devido às pegadas das vacas. Uma corrente subterrânea surgiu criando-se assim um lago de águas claras e doces. Rapidamente este se povoou de pássaros, peixes e tartarugas. Narada o batizou de “Lago Yndradyumna”. Narada estava tão feliz de ver o templo terminado que propôs ao rei irem juntos convidar o senhor Brahma para vir á terra para que esse visse o templo. O rei concordou e despediu-se de Gundica. Ela sentiu-se mal, pois compreendeu que não varia mais a seu esposo; Yndradyumna porém não se deu conta do que ela queria dizer e despediu-se como se regressasse logo.
Ao chegar a Brahmaloka, o senhor Brahma estava meditando, assim tiveram que esperar algumas horas. Quando Brahma terminou sua meditação e abriu seus olhos, Narada lhe ofereceu respeitosas reverências e o convidou a visitar o templo de Vishnu tão bonito e opulento que Yndradyumna havia construído. O senhor Brahma concordou e pediu-lhes que fossem na frente para fazer os preparativos.
Eles passaram apenas um dia em Brahmaloka, o planeta mais elevado do universo, mas isso na terra significa que milhares de dinastias haviam surgido e desaparecido. Diferentes reis haviam governado Utkal enquanto Yndradyumna visitava Brahmaloka por um dia.
Um deles, chamado Gala Madhava, encontrava-se um dia percorrendo a costa a cavalo, enquanto pensavam na grande dinastia que, segundo a história havia existido neste lugar, a milhares de anos atrás. Nesse momento seu cavalo tropeçou e ambos caíram no chão. O rei procurou a causa da queda do cavalo e viu algo parecido com a ponta da torre de um templo enterrado na areia. Curioso com o achado ordenou a escavação e logo viu surgir entre as areias um fabuloso templo: o templo que Yndradyumna havia construído! Depois de muitas gerações, o templo havia sido abandonado e coberto pela areia. O rei não sabia quem o havia construído, nem a história da deidade, mas ele estava satisfeito por sua descoberta e decidiu restaurá-lo e instalou suas deidades nele.
Um tempo depois Narada e Yndradyumna desceram a terra, Yndradyumna notou que as coisas estavam diferentes, isto não era o que ele havia deixado antes de acontecido, explicou ao rei que devido à sua alegria por ver o templo terminado e desejando convidar ao senhor Brahma para que o visse, não havia levado em conta as diferenças de tempo. Ele pediu que o rei o perdoasse. O rei estava desesperado. Sua esposa Gundica, seus filhos, seu reinado! Tudo perdido!
Narada o consolou, pregando-lhe sobre a transcendência e lhe aconselhou que dedicasse sua vida ao templo como sacerdote. O rei aceitou os conselhos e ambos dirigiram-se ao templo. Quando entraram viram Gala Madhava adorando suas deidades, ele perguntou-lhes como ousavam entrar tão ruidosamente e interromper a cerimônia. Indradyumna apresentou-se e reclamou a posse do templo, sendo respaldado por Narada, mais Gala Madhava pensava que eles eram loucos: “Um rei que governou a milhares de anos atrás e ainda assim estava vivo?”
Ele pediu provas a Yndradyumna de que o templo lhe pertencia. Eles saíram do templo enquanto falavam e chegaram à frente do lago. Yndradyumna disse-lhe que todas as pessoas que ele conhecera, haviam desaparecido há muitos anos atrás. Quem provaria sua identidade?
Neste momento uma grande tartaruga saiu do lago e começou a falar. Ela disse que se eles estivessem dispostos a acreditar em uma velha tartaruga, ela seria a prova que Yndradyumna precisava. Seu nome era Akupar e recordava-se de Yndradyumna como o rei que construiu o templo e completou lembrando-lhes que a tartaruga possuía uma grande memória.
No mesmo momento o senhor Brahma se fez presente confirmando assim o que havia sido dito pela tartaruga. Gala Madhava se desculpou com Yndradyumna, o qual imediatamente entrou no templo a procura das deidades de madeira, que permaneciam esquecidas em um canto do templo.
Depois, Yndradyumna preparou a instalação das três Murtis. O senhor Brahma pessoalmente realizou o Pranapratistha Puja (a cerimônia de instalação), logo ao terminar, disse a Yndradyumna que lhe pedisse um desejo. Yndradyumna pediu que depois que ele abandonasse o corpo ninguém reclamasse a posse do templo, senão que pertenceria a toda a humanidade. Brahma gostou do seu pedido e deu a deidade o nome de Jagannatha Swami “O Senhor do universo” e também abençoou ao rei com a fama imperecível.
Yndradyumna é lembrado em Orissa até esta data. Aqueles que o ajudaram em seu serviço tampouco são esquecidos. As memórias de Gundica Devi, Vidyapati, Lalita e Visvavasu, continuam no magnífico festival de carros do Senhor Jagannatha, o Ratha Yatra, que todos os anos se realizam em Puri.
Todas as glórias a Jagannatha Swami, o Senhor do universo! Todas as glórias a Srila Prabhupada!

sexta-feira, 8 de agosto de 2008


Qualquer serviço devocional realizado com sinceridade irá certamente ser aceito por Krsna; as atividades devocionais jamais são anuladas por algum pecado. Em reciprocação ao serviço devocional oferecido a Ele, Krsna ilumina a alma com o conhecimento de como seguir com a purificação de sua vida e de como se aproximar mais dEle.

www.romapadaswami. com

quinta-feira, 7 de agosto de 2008


"Muitos de nós estamos familiarizados com os antigos pregadores do fogo-e-enxofre que estão eternamente prevendo o escaldante fim de uma vida pecaminosa. Eles advertem que os pecadores irão queimar para sempre em uma existência escura e infernal. Essa concepção pode levar à relutância em adorar um Deus que se propõe a lançar seus filhos, partes dEle mesmo, em uma fornalha terrível pela eternidade. Castigo, por definição, é uma forma de retificação, não de aniquilação. Nós condenaríamos quaisquer pais na sociedade que tratassem sua prole de maneira tão cruel a matá-los por um pequeno, ou mesmo por um grande erro. Por que então nós aceitamos uma visão tão cruel do Deus do amor, sem contestarmos? Dada a natureza amorosa de Deus, o conceito de um inferno no qual queimamos eternamente não pode ser real. Isto é verdade mesmo se dissermos que o inferno é controlado pelo Diabo. Seria o Diabo mais poderoso que Deus, de forma que Deus não possa se conectar novamente com uma alma que esteja no inferno? O conceito de inferno é mais complexo do que normalmente se lida com ele. Ele se baseia em castigo de acordo com as necessidades de cada indivíduo.

É importante compreender o inferno para que a pessoa esteja equipada com conhecimento para se afastar dele o máximo possível. Pode-se dar encorajamento positivo a uma criança mostrando a ela coisas positivas. Mesmo assim, uma compreensão do que pode acontecer caso ela se aproxime do negativo pode levar a uma ação mais focada e premeditada. Conhecimento sobre os planetas infernais pode trazer à tona um medo necessário para que a pessoa permaneça fortificada e focada no Divino.

Há centenas e milhares de planetas infernais que a alma pode ter de visitar. Apesar de serem reais em um sentido, sua existência é baseada na consciência da pessoa. O inferno é, na realidade, um conceito mental e é experimentado de acordo com diversas variáveis. A experiência é baseada na cultura, religião, compreensão e consciência da pessoa. "

Bhakti Tirtha Swami

quarta-feira, 6 de agosto de 2008


Védico vem da palavra veda. Veda, em sânscrito, significa conhecimento. Veda é o conhecimento da escritura original do mundo. Foi escrito em sânscrito, há cinco mil anos, e, na época, dividido em quatro seções, para uma melhor compreensão entre diferentes pessoas da sociedade. Por exemplo: segundo o grau de conhecimento do estudante, o tema é explicado com mais ou menos detalhes. Falando para estudantes que estão começando, o professor deve explicar tudo detalhadamente; porém, explicando para estudantes avançados, basta fazer referências – tal processo, tal teoria – sem muitos detalhes. No passado, os seres humanos eram muito vais avançados do que hoje em dia. A teoria de que a sociedade vem evoluindo é um exemplo típico de projeção. Ou seja, que projetamos nossa experiência em áreas ou circunstâncias fora de nossa percepção. Os psicólogos chamam este processo de projeção. Assim, na Europa, após a queda do império romano, os homens eram muito primitivos, e posteriormente fizeram algum progresso. Devido a essa experiência de avanço nas áreas de filosofia e das ciências, pensavam que o mundo inteiro fosse como eles, como sua experiência. Do ponto de vista da história, cinco mil anos são muito pouco, porque, na verdade, o homem existe há milhões e milhões de anos, mais por apenas mil anos de experiência, eles pensam – projetam – que todos eram primitivos e moravam nas cavernas. Se você estudar os livros de antropologia, ou arqueologia, verá que todos os dados que apoiam essa teoria quase não existem. Eles estão imaginando que seja assim. Os Vedas existem por milhões de anos e há cinco mil anos foram divididos porque as pessoas, agora, são de menor inteligência e, por isso, é necessário explicar com mais detalhes. No Veda original havia instruções como “faça sacrifício para Deus, medite em Deus, conheça a Verdade Absoluta”, mas hoje em dia, essa instrução é insuficiente. Por isso o Veda foi dividido, junto com outras literaturas complementares, quando foram adicionados, também, muitos detalhes e explicações. Entre esses livros encontramos o Bhagavad-gita, o livro falado pelo próprio Krsna, o Senhor Supremo. Segundo nosso conhecimento, o Senhor Supremo esteve na Terra, há cinco mil anos. Assim como no Ocidente se sabe que o filho de Deus apareceu há dois mil anos, possuímos informações de que o próprio Deus apareceu, há cinco mil anos, e isto é sabido por todos na Índia. Há um bilhão de pessoas que sabem disto, mas, devido às circunstâncias políticas e econômicas, nós desconhecemos este fato. Na Índia encontramos um corpo de literatura muito avançada em conhecimento espiritual. Mas, devido a que o Ocidente ficou dominando o mundo, científica, econômica e politicamente, as escrituras desse poder político ficaram proeminentes. E, devido a que a Índia foi conquistada e dominada política e economicamente, suas escrituras foram menosprezadas como primitivas. Além disso, houve um domínio político e militar, fazendo com que as pessoas do Ocidente digam que suas escrituras são muito mais elevadas. Quando dizemos védico, é como se disséssemos cristãos. Cristo, cristão. Veda, védico. Veda quer dizer conhecimento, mas, obviamente também se refere a um corpo de literatura da Índia e ao conhecimento que emana dela.
Hrdayananda Maharaj

Os Vedas são conhecimento divino. E, a propósito, nós estamos traduzindo estes mesmos Vedas para aproximadamente 25 idiomas. O Bhagavad-gita Como Ele É, nosso livro mais conhecido e famoso, faz parte desses Vedas e é tema de estudo nas principais universidades do mundo. Os Vedas são eternos e não têm nenhuma origem mundana. Os eruditos mundanos nunca conseguiram achar um começo, ou princípio, para os Vedas. Porque o conhecimento védico existe sempre, inclusive em outros planetas. Não é algo que pertença a uma seita, algum país, alguma região ou a algum estágio histórico. Nos mesmos Vedas está dito que o Senhor Supremo os produziu de Sua própria respiração. Os Vedas são então conhecimento eterno e perfeito.

Hridayananda Maharaj

terça-feira, 5 de agosto de 2008

Compreendendo Krsna e Cristo


1974. Próximo ao centro da ISKCON em Frankfurt am Main, Alemanha Ocidental, Srila Prabhupada e vários de seus discípulos dão uma caminhada matinal com o Padre Emmanuel Jungclaussen, um monje beneditino do Mosteiro Niederalteich. Notando que Srila Prabhupada traz consigo contas de meditação semelhantes ao rosário, Padre Emmanuel explica que ele também canta uma oração constante: “Senhor Jesus Cristo, tem misericórdia de nós”. A seguinte conversação sucede:

Srila Prabhupada: Qual é o significado da palavra Cristo?

Padre Emmanuel: Cristo vem do grego Christos, significando “o ungido.”

Srila Prabhupada: Christos é a versão grega da palavra Krsna.

Padre Emmanuel: Isso é muito interessante.

Srila Prabhupada: Quando uma pessoa indiana chama por Krsna, muitas vezes ela diz: “Krsta.” Krsta é uma palavra sânscrita que significa “atração.” Assim quando nos dirigimos a Deus como “Cristo”, “Krsta”, ou “Krsna”, indicamos a mesma Suprema Personalidade de Deus todo-atrativa. Quando Jesus dizia: “Pai Nosso, que estais no céu, santificado seja o Vosso nome,” esse nome de Deus era “Krsta” ou “Krsna.” O senhor concorda?

Padre Emmanuel: Creio que Jesus, como o filho de Deus, tem nos revelado o verdadeiro nome de Deus: Cristo. Podemos chamar Deus de “Pai”, mas se quisermos chamá-lO por Seu nome verdadeiro, teremos que dizer “Cristo.”

Srila Prabhupada: Sim. “Cristo” é outra forma de dizer Krsta, e “Krsta” é outra maneira de pronunciar Krsna, o nome de Deus. Jesus disse que devemos glorificar o nome de Deus, mas ontem eu ouvi um teólogo dizer que Deus não tem nome – que só podemos chamá-lO de “Pai.” Um filho pode chamar seu pai de “Pai,” mas o pai também tem um nome específico. De forma semelhante, “Deus” é o nome geral da Suprema Personalidade de Deus, cujo nome específico é Krsna. Portanto, quer o senhor chame Deus de “Cristo,” “Krsta,” ou “Krsna,” em última análise o senhor está se dirigindo à mesma Suprema Personalidade de Deus.

Padre Emmanuel: Sim, se falamos do verdadeiro nome de Deus, estão devemos dizer: “Christos.” Em nossa religião, temos a trindade: Pai, Filho e Espírito Santo. Cremos que só poderemos conhecer o nome de Deus pela revelação do Filho de Deus. Jesus Cristo revelou o nome do pai, e por isso consideramos Cristo como o nome revelado de Deus.

Srila Prabhupada: Na verdade, não importa -Krsna ou Cristo- o nome é o mesmo. O ponto principal é seguir os preceitos das escrituras védicas que recomendam o cantar do nome de Deus nesta era. O método mais fácil é cantar o maha-mantra: Hare Krsna, Hare Krsna, Krsna Krsna, Hare Hare/ Hare Rãma, Hare Rãma, Rãma Rãma, Hare Hare. Rãma e Krsna são nomes de Deus, e Hare é a energia de Deus. Então, quando cantamos o maha-mantra, dirigimo-nos a Deus juntamente com Sua energia. Esta energia é de dois tipos, a espiritual e a material. No momento estamos nas garras da energia material. Por isso, oramos a Krsna para que Ele, por favor, nos salve do serviço à energia material e nos aceite no serviço à energia espiritual. Essa é toda a nossa filosofia. Hare Krsna significa: “Ó energia de Deus, ó Deus [Krsna], por favor, ocupai-me em Vosso serviço.” É nossa natureza prestar serviço. De alguma forma, acabamos servindo a coisas materiais, mas, quando este serviço é transformado no serviço à energia espiritual, então nossa vida é perfeita. Praticar bhakti-yoga [serviço amoroso a Deus] significa livrar-se de designações, tais como “hindu,” “muçulmano,” “cristão,” isso ou aquilo, e simplesmente servir a Deus. Criamos as religiões cristã, hindu e maometana, mas quando chegamos a uma religião sem designações, em que não pensamos que somos hindus, ou cristãos, ou maometanos, então podemos falar de religião pura, ou bhakti.

Padre Emmanuel: Mukti?

Srila Prabhupada: Não, bhakti. Quando falamos de bhakti, mukti [liberação das misérias materiais] está incluída. Sem bhakti não há mukti, mas se agimos na plataforma de bhakti, então mukti está incluída. Aprendemos isso no Bhagavad-gita [14.26]:mam ca yo ‘vyabhicarenabhakti-yogena sevatesa gunam samatityaitanbrahma-bhuyaya kalpate“Aquele que se ocupa em serviço devocional pleno, que não cai em nenhuma circunstância, imediatamente transcende os modos da natureza material e desse modo chega ao nível de Brahman.”

Padre Emmanuel: Por acaso Brahman é Krishna?

Srila Prabhupada: Krishna é Parabrahman. Brahman é compreendido sob três aspectos: como Brahman impessoal, como Paramatma localizado e como Brahman pessoal. Krishna é pessoal e é o Brahman Supremo, pois em última análise Deus é uma pessoa. No Srimad-Bhagavatam [1.2.11] isto é confirmado: vadanti tat tattva-vidastattvam yaj-jnanam advayambrahmeti paramatmetibhagavan iti sabdyate “Transcendentalistas eruditos que conhecem a Verdade Absoluta chamam esta substância não dual de Brahman, Paramatma ou Bhagavan.” O aspecto da Personalidade Suprema é a compreensão última de Deus. Ele tem plenamente todas as seis opulências: Ele é o mais forte, o mais rico, o mais belo, o mais famoso, o mais sábio e o mais renunciado.

Padre Emmanuel: Sim, eu concordo.

Srila Prabhupada: Porque Deus é absoluto, Seu nome, Sua forma e Suas qualidades também são absolutas e não são diferentes dEle. Portanto, cantar o santo nome de Deus significa associar-se diretamente com Ele. Quando nos associamos com Deus, adquirimos qualidades divinas, e quando nos purificamos completamente, tornamo-nos companheiros do Senhor Supremo.

Padre Emmanuel: Mas nosso entendimento do nome de Deus é limitado.

Srila Prabhupada: Sim, nós somos limitados, mas Deus é ilimitado. E por Ele ser ilimitado, ou absoluto, Ele tem nomes ilimitados, cada um dos quais é Deus. Podemos entender Seus nomes na medida do desenvolvimento de nossa compreensão espiritual.

Padre Emmanuel: Posso fazer-lhe uma pergunta? Nós, cristãos, também pregamos o amor a Deus, e tentamos compreender o amor a Deus e prestar-Lhe serviço com todo o nosso coração e toda nossa alma. Agora, qual é a diferença entre o seu movimento e o nosso? Por que vocês mandam seus discípulos pregar o amor a Deus nos países ocidentais quando o evangelho de Jesus Cristo está propondo a mesma mensagem?

Srila Prabhupada: O problema é que os cristãos não seguem os mandamentos de Deus. O senhor não concorda comigo?

Padre Emmanuel: Sim, em grande parte o senhor está certo.

Srila Prabhupada: Então, qual é o significado do amor que os cristãos têm por Deus? Se o senhor não segue as ordens de Deus, então onde está o seu amor? Por isso, nós viemos ensinar o que significa amar a Deus: se o senhor O ama, não pode desobedecer às Suas ordens. E se o senhor é desobediente, o seu amor não é verdadeiro.Em todo o mundo, as pessoas amam, não a Deus, mas sim a seus cães. O movimento para a consciência de Krishna é portanto necessário para ensinar as pessoas a reviver seu amor esquecido por Deus. Não somente os cristãos, mas também os hindus, os maometanos e todos os demais são culpados. Eles se rotulam como “cristão,” “hindu,” ou “maometano,” mas não obedecem a Deus. Esse é o problema.

Visitante: O senhor poderia dizer de que maneira os cristãos são desobedientes?

Srila Prabhupada: Sim. O primeiro ponto é que eles violam o mandamento “Não matarás,” mantendo matadouros. O senhor concorda que este mandamento está sendo violado?

Padre Emmanuel: Pessoalmente, eu concordo.

Srila Prabhupada: Bom. Então, se os cristãos querem amar a Deus, eles têm que parar de matar animais.

Padre Emmanuel: Mas o ponto mais importante.. .

Srila Prabhupada: Se deixar passar um ponto, haverá erro em seu cálculo. Não importando se o senhor vai adicionar ou subtrair depois disso, o erro já está no cálculo, e tudo que vier a seguir também será defeituoso. Não podemos simplesmente aceitar aquela parte da escritura da qual gostamos, e rejeitar o que não gostamos, e ainda assim esperar obter o resultado. Por exemplo, uma galinha põe ovos com sua parte traseira e come com seu bico. Talvez um fazendeiro considere: “A parte da frente da galinha dá muitos gastos, porque eu tenho que alimentá-la. É melhor tirá-la fora.” Mas se estiver faltando a cabeça, não haverá mais ovos porque o corpo estará morto. Analogamente, se rejeitamos a parte difícil das escrituras e obedecemos à parte que gostamos, tal interpretação não nos ajudará. Temos que aceitar todos os preceitos das escrituras tais como eles são dados, e não apenas aqueles que nos convêm. Se o senhor não segue a primeira ordem, “Não mataras,” então qual será a possibilidade de amar a Deus?

Visitante: Os cristãos consideram este mandamento aplicável aos seres humanos, e não aos animais.

Srila Prabhupada: Isso significa que Cristo não era inteligente o bastante para usar a palavra certa: assassinar. Há o termo matar e o termo assassinar. O termo assassinar refere-se aos seres humanos. O senhor acha que Jesus não era inteligente o bastante para usar a palavra certa-assassinar - em vez da palavra matar? Matar significa qualquer tipo de matança, e especialmente matança de animais. Se Jesus tivesse querido se referir simplesmente à matança de seres humanos, ele teria usado a palavra assassinar.

Padre Emmanuel: Mas no Velho Testamento o mandamento “Não matarás” refere-se a assassínio. E quando Jesus dizia, “Não matarás,” ele estendia este mandamento para significar que um ser humano deve não somente abster-se de matar outro ser humano, mas também deve tratá-lo com amor. Ele jamais falou sobre a relação do homem com outras entidades vivas, mas somente sobre sua relação com outros seres humanos. Quando ele dizia, “Não matarás,” ele também se referia ao sentido mental e emocional – de que não devemos insultar ninguém nem magoar ninguém, nem tratar mal, e assim por diante.

Srila Prabhupada: Não estamos interessados neste ou naquele testamento, mas apenas nas palavras usadas nos mandamentos. Se o senhor quer interpretar essas palavras, isso é outra coisa. Entendemos o significado direto. “Não matarás” significa, “os cristãos não devem matar.” O senhor poderá propor interpretações a fim de manter o atual modo de ação, mas nós entendemos claramente que não há necessidade de interpretação. A interpretação se faz necessária quando as coisas não estão claras. Mas aqui o significado é claro. “Não matarás” é uma instrução clara. Por que haveríamos de interpretá-la?

Padre Emmanuel: Mas comer plantas também não é matar?

Srila Prabhupada: A filosofia Vaisnava ensina que nem as plantas nós devemos matar desnecessariamente. No Bhagavad-gita [9.26], Krishna diz:patram puspam phalam toyamyo me bhaktya prayacchatitad aham bhakti-upahrtamasnami prayatatmanah “Se alguém Me oferecer, com amor e devoção, uma folha, uma flor, uma fruta ou um pouco dágua, Eu aceitarei.” Nós só oferecemos a Krishna o tipo de alimento que Ele exige, e então comemos os restos. Se oferecer alimentos vegetarianos a Krishna fosse pecaminoso, então este seria um pecado de Krishna, e não nosso. Mas Deus é apapa-viddha – as reações pecaminosas não são aplicáveis a Ele. Ele é como o sol, o qual é tão poderoso que pode purificar até mesmo a urina – algo que para nós é impossível. Krishna também pode ser comparado a um rei, que pode mandar enforcar um assassino, mas que está além da punição, por ser muito poderoso. Comer alimentos oferecidos primeiramente também pode ser comparado a um soldado que mata durante o tempo de guerra. Durante uma guerra, quando o comandante manda um homem atacar, o soldado obediente que mata o inimigo receberá uma medalha. Mas se o mesmo soldado matar alguém por sua própria conta, ele será castigado. De modo semelhante, quando comemos apenas prasada [os restos do alimento oferecido a Krishna], não cometemos nenhum pecado. Isso é confirmado no Bhagavad-gita [3.13]:yajna-sistasinah santomucyante sarva-kilbisaihbhunjate te tv agham papaye pacanty atma-karanat “Os devotos do Senhor são liberados de todos os tipos de pecado porque comem alimentos que são primeiramente oferecidos em sacrifício. Os demais, que preparam os alimentos para desfrute pessoal dos sentidos, na verdade comem apenas pecado.”

Padre Emmanuel: Krishna não pode dar permissão para se comer animais?

Srila Prabhupada: Sim – no reino animal. Mas o ser humano civilizado, o ser humano religioso, não se destina a matar e comer animais. Se o senhor parar de matar animais e cantar o santo nome Cristo, tudo será perfeito. Eu não estou aqui para ensiná-lo, mas sim para solicitar-lhe que, por favor, cante o nome de Deus. A Bíblia também exige isto de vocês. Portanto, cooperemos amavelmente e cantemos, e se o senhor tem preconceito contra cantar o nome Krishna, então cante “Christos” ou “Krishta” – não há diferença. Sri Caitanya dizia: namnam akari bahudha nija-sarva-saktih. “Deus tem milhões e milhões de nomes, e, porque não há diferença entre o nome de Deus e Ele mesmo, cada um desses nomes tem a mesma potência que Deus.” Portanto, mesmo que o senhor aceite designações, tais como “hindu”, “cristão”, ou “maometano”, se o senhor simplesmente cantar o nome de Deus encontrado em suas próprias escrituras, o senhor alcançará a plataforma espiritual. A vida humana destina-se à auto-realizaçã o – a aprender como amar a Deus. Essa é a beleza eterna do homem. Quer o senhor cumpra este dever como hindu, cristão ou maometano, isso não importa – mas cumpra-o!

Padre Emmanuel: Concordo com o senhor.

Srila Prabhupada: [apontando para um colar com 108 contas para meditação]: Nós sempre levamos essas contas conosco, assim como o senhor tem seu rosário. O senhor está cantando, mas por que os outros cristãos também não cantam? Por que haveriam eles de perder essa oportunidade como seres humanos? Os cães e gatos não podem cantar, mas nós podemos porque temos uma língua humana. Se cantarmos os santos nomes de Deus, nada teremos a perder; pelo contrário, ganharemos e muito. Meus discípulos praticam o cantar de Hare Krishna constantemente. Eles poderiam também ir ao cinema, ou fazer tantas outras coisas, mas eles abandonaram tudo. Eles não comem peixe, nem carne, nem ovos; eles não tomam intoxicantes, não bebem, não fumam, não jogam, não especulam e não tem relações sexuais ilícitas. Mas eles cantam o santo nome de Deus. Se o senhor quer cooperar conosco, então vá às igrejas e cante, “Cristo”, “Krsta” ou “Krsna.” Qual poderia ser a objeção?

Padre Emmanuel: Nenhuma. Por mim, eu teria prazer em me juntar a vocês.

Srila Prabhupada: Não, estamos falando com o senhor como representante da Igreja Cristã. Em vez de manter as igrejas fechadas, por que não dá-las a nós? Cantaríamos o santo nome de Deus ali por vinte e quatro horas diariamente. Em muitos lugares compramos igrejas que estavam praticamente fechadas porque ninguém as estava freqüentando. Em Londres, vi centenas de igrejas que estavam fechadas ou eram usadas para propósitos mundanos. Compramos uma de tais igrejas em Los Angeles. Ela foi-nos vendida porque ninguém a freqüentava mais. Mas se o senhor visitar essa mesma igreja hoje em dia, encontrará milhares de pessoas. Qualquer pessoa inteligente pode entender o que é Deus em cinco minutos; não são necessárias cinco horas.

Padre Emmanuel: Compreendo.

Srila Prabhupada: Mas as pessoas não. A doença delas é que elas não querem compreender.

Padre Emmanuel: Eu acho que compreender Deus não é uma questão de inteligência, mas sim de humildade.

Srila Prabhupada: Humildade significa inteligência. Os mansos e humildes têm o reino de Deus. Isso é afirmado na Bíblia, não é? Mas a filosofia dos patifes é que todos são Deus, e hoje em dia esta idéia tem se tornado popular. Portanto, ninguém é manso e humilde. Se todos acham que são Deus, por que seriam mansos e humildes? Por isso, eu ensino a meus discípulos como se tornar manso e humilde. Eles sempre oferecem suas respeitosas reverências no templo e ao mestre espiritual, e dessa maneira eles avançam. As qualidades de humildade e mansidão nos levam rapidamente à compreensão espiritual. Nas escrituras védicas se diz: “Àqueles que têm fé firme em Deus e no mestre espiritual, que é Seu representante, o significado das escrituras védicas é revelado.”

Padre Emmanuel: Mas essa humildade não deveria ser oferecida a todos os demais também?Srila Prabhupada: Sim, mas há dois tipos de respeito: o especial e o comum. Sri Krishna Caitanya ensinou-nos que não devemos esperar honra para nós próprios, mas devemos sempre respeitar a todos os demais, mesmo aqueles que nos desrespeitem. Mas, deve-se dar respeito especial a Deus e a Seu devoto puro.

Padre Emmanuel: Sim, eu concordo com o senhor.

Srila Prabhupada: Acho que os sacerdotes cristãos devem cooperar com o movimento para a consciência de Krishna. Eles devem cantar o nome Cristo ou Christos e devem parar de indultar a matança de animais. Este programa obedece aos ensinamentos da Bíblia; não é minha filosofia. Por favor, aja de acordo com esses ensinamentos e o senhor verá que a situação do mundo mudará.

Padre Emmanuel: Muito obrigado.

Srila Prabhupada: Hare Krishna.

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

4 de Agosto desaparecimentos de:


VAMSIDASA BABAJI MAHARAJA era um devoto paramahamsa que às vezes vivia em Navadvipa na época de Srila Bhaktisiddhanta Saraswati Thakura. Usava só uma tanga e comia o que chegava até ele. Vamshidasa Babaji Maharaja viajou por toda a Índia, visitando lugares santos. Ele adorava o Senhor Krishna em uma plataforma espontânea que os neófitos no caminho de devoção não podem imitar.

RAGHUNANDANA THAKURA era o filho do grande devoto Mukunda Dasa. (Veja Sri Caitanya-caritamrta, Adi-lila 10.78-79).

sábado, 2 de agosto de 2008


O propósito desta vida humana é entender que não somos este corpo, mas antes uma alma espiritual por natureza serva eterna do Senhor Supremo. Entendendo isso, temos de reviver nossa esquecida relação amorosa com Deus. E nosso dever é apenas observar as atividades que ajudarão nessa realização e reviverão nosso amor por Deus, como mencionado nas escrituras. Ouvir e cantar sobre o Senhor Supremo é o melhor meio pelo qual podemos obter esse reavivar. Outros deveres não são contraditórios ou independentes, mas apenas subsidiários a este dever primordial.

sexta-feira, 1 de agosto de 2008


"Ouvir e cantar a respeito do santo nome, da forma, das qualidades, da parafernália e dos passatempos do Senhor Vishnu, que são todos transcendentais, lembrar-se deles, servir aos pés de lótus do Senhor, oferecer ao Senhor respeitosa adoração com dezesseis classes de artigos, oferecer orações ao Senhor, tornar-se Seu servo, considerar o Senhor o melhor amigo de todos e entregar-Lhe tudo (em outras palavras, servi-Lo com corpo, mente e palavras)-, estes nove processos são aceitos como serviço devocional puro. Alguém que dedicou sua vida a servir a Krishna através desses nove métodos deve ser considerado a pessoa mais erudita, pois adquiriu conhecimento completo.”

Prahlada Maharaja