terça-feira, 27 de novembro de 2007

A Apreciação de Srila Prabhupada a Ramanujacarya (2)


Verdades Eternas
Todos os acaryas Vaisnavas concordam nesse ponto, 35
35 “Não há, portanto, diferentes conclusões entre os acaryas Vaisnavas no que diz respeito ao Senhor e aos devotos. O Senhor Caitanya estabelece que a entidade vida (jiva) é eternamente o servo do Senhor e que ele é simultaneamente uno e diferente do Senhor. Esse tattva do Senhor Caitanya é compartilhado por todas as quatro sampradayas da escola Vaisnava (todos aceitam o serviço ao Senhor como eterno, mesmo após a salvação), e não há acarya Vaisnava autorizado que pense que ele e o Senhor são idênticos”. [VedaBase: Srimad-Bhagavatam 2.4.21]
, e Sri Ramanujacarya lhes deu uma forte fundamentação escritural e lógica. Srila Prabhupada apreciou esse feito de erudição; enquanto que considerou os ensinamentos de Adi Sankaracarya como “necessários em determinado momento, mas não um fato permanente 36
36 VedaBase: ESC 20: O Objetivo do Estudo do Vedanta
“. Ele tratou os ensinamentos de Sri Ramanujacarya como verdades eternas a serem minuciosamente estudadas 37
37 VedaBase: Conversation with Indian Guests – 12 de abril de 1975, Hyderabad.
: “Um Vaisnava deve estudar os comentários ao Vedanta-sutra escritos pelos acaryas das quatro sampradayas – Sri Ramanujacarya, Madhvacarya, Visnu Svami e Nimbarka – porque esses comentários se baseiam na filosofia de que o Senhor é o mestre e todas as entidades vivas são Seus servos eternos. Uma pessoa interessada em estudar a filosofia Vedanta, apropriadamente, deve estudar esses comentários, especialmente se essa pessoa for um Vaisnava. Esses comentários são sempre muito apreciados pelos Vaisnavas”.
A apreciação de Srila Prabhupada a Sri Ramanujacarya era também fundamentada em bases pragmáticas. A Madhva-Gaudiya- sampradaya afirma ser o Srimad-Bhagavatam o comentário perfeito ao Vedanta Sutra e aos Upanisads. Assim, não haveria necessidade do estudo de outros comentários. 38
38 Até onde nos diz respeito, Madhva-Gaudiya Sampradaya, nossos acaryas aceitam o Srimad-Bhagavatam como o comentário perfeito ao Brahma-sutra. Bhashyam brahma-sutranam vedartha-paribrimhi tam. Esse Srimad-Bhagavatam é o verdadeiro bhashya do Brahma-sutra [...] O Srimad-Bhagavatam também é escrito por Vyasadeva, e Vyasadeva é o autor original do Brahma-sutra. Então, tendo o autor comentado sua própria obra, não haveria necessidade de outro comentário. Esse é o siddhanta Gaudiya, o siddhanta Gaudiya-Vaisnava” . [VedaBase: Bhagavad-gita 13.8-12 – 30 de setembro de 1973, Bombaim].
Todavia, Srila Prabhupada não era como vários sadhus ou babajis que ficam satisfeitos com sua iluminação pessoal. Ele era um missionário que entendia que um sucesso duradouro dependeria da obtenção de credibilidade para o seu movimento. Considere a seguinte referência de Srila Prabhupada a um famoso acontecimento histórico 39
39 Agradeço a Sua Santidade Vedavyasapriya Maharaja por chamar minha atenção para essa história.
: “Mas, algumas vezes, em Jaipur, eram lançados desafios, ‘A Gaudiya-sampradaya não tem um comentário ao Vedanta-sutra’. Então, procurou-se Visvanatha Cakravarti Thakura [para que ele escrevesse o comentário Gaudiya] ... porque ele era um grande erudito, um erudito já de idade, que vivia naquela época em Vrndavana ... Ele já era idoso; então ele autorizou Baladeva Vidyabhushana, ‘faça o comentário’. Não havia nenhuma necessidade, mas as pessoas estavam exigindo: ‘onde está seu comentário ao Vedanta-sutra?’. Então, Baladeva Vidyabhusana, com a ordem de Govindaji de Jaipur, escreveu o comentário ao Brahma-sutra. Seu nome é Govinda-bhashya. Assim, a Gaudiya-Brahma- sampradaya passou a também ter seu comentário ao Brahma-sutra. Foi necessário”. [Carta – 30 de setembro de 1973, Bombaim] 40
40 Comentários ao Bhagavad-gita 13.8-12
As principais autoridades de Jaipur eram os Ramanandis (um desdobramento da sampradaya Sri Vaisnava no norte da Índia) 41
41 A relação entre os Ramanandis e a sampradaya Sri Vaisnava é complexa, ou até mesmo ambígua. Alguns relatos escritos dos Ramanandis traçam uma conexão entre a sampradaya Sri Vaisnava e a Sri Ramananda, embora alguns Ramanandis posteriores (embora continuem prezando Sri Ramanujacarya) afirmam serem de uma tradição espiritual independente. No tempo de Baladeva Vidyabhusana, tal divisão dentro dos Ramanandis era, provavelmente, institucionalizada.
Para uma discussão detalhada sobre esse assunto: WILLIAM, R. Pinch. Of saints and simple people, Peasants and Monks in British India. Oxford University Press, Nova Delhi.
, e Sri Baladeva (começo do século dezoito) percebeu a importância estratégica de ter a aprovação deles. O brilhante comentário de Sri Baladeva foi tão estimado pelos examinadores Ramanandis que lhe presentearam com o título de Vidyabhusana: “adornado com sabedoria”. Eles até quiseram tornar-se seus discípulos; mas Sri Baladeva Vidyabhushana recusou. Ele aclamou a sampradaya de Ramanujacarya como a pioneira em dasya-bhakti (servidão amorosa), e considerou inapropriado que o Ramanandis abandonassem tal herança gloriosa. 42
42 Esses eventos são narrados no site iskcon.com: About Sri Baladeva Vidyabhusana.
Ortodoxia da ISKCON
Srila Prabhupada dedicou sua primeira grande obra – seu comentário ao Bhagavad-gita 43
43 Veja a dedicação na edição de 1972 da MacMillan
- a Sri Baladeva Vidyabhushana. Srila Prabhupada, assim, também estabelecia a autoridade da Madhva-Gaudiya- sampradaya (agora no ocidente), atestando que sua Sociedade Internacional para a Consciência de Krsna (ISKCON) não se tratava de um novo culto, mas de um movimento ortodoxo. Srila Prabhupada também demonstrou exemplar humildade insistindo que não estava tendo superar os grandiosos mestres do passado, mas queria apenas trazer a tona seus ensinamentos:
Dr. Patel: Senhor, eu li seu comentário ao Bhagavad-gita e o de Ramanujacarya. Eles são similares.
Prabhupada: Sim. Dr. Patel: Eu acho que você tirou o seu dali… (risos) Prabhupada: Como eu poderia… Dr. Patel: Estou brincando. Prabhupada: Não, não. Nosso processo é pegar dos acaryas. Nós não estamos criando nada. Nós não somos patifes e tolos que criam coisas. Nós apenas pegamos os remanentes dos acarya e explicamos de forma que as pessoas modernas possam entender... É isso que fazemos.
Dr. Patel: São idênticos. Prabhupada: Sim.… Se são idênticos, sou bem-sucedido. [3 de novembro de 1975, Bombaim] 44
44 VedaBase: Morning Walk – 3 de novembro de 1975, Bombaim.
Vide também: “Nosso movimento é aprovado por todos os grandes acaryas da Índia. Ramanujacarya, Madhvacarya, o Senhor Caitanya, e muitos outros”. [VedaBase: What Is a Guru?]
Vide também VedaBase, Madhya 25.26; e VedaBase, Srimad-Bhagavatam 1.2.34 – 13 de novembro de 1972, Vrndavana.
Similaridades e Diferenças
Não restam dúvidas que existem algumas diferenças entre as sampradayas Sri Vaisnava e a Madhva-Gaudiya. Sri Vaisnavas acreditam que Sriman Narayana é a Pessoa Suprema e a origem de todas as encarnações; Madhva-Gaudiyas defendem que Sri Krsna é o Supremo, e que Sriman Narayana e os demais são suas encarnações. 45
45 Vide Sri Brahma-samhita 5.39. Considere também:
“Essa afirmação do Srimad-Bhagavatam (1.3.28) nega definitivamente o conceito de que Sri Krsna é um avatara de Visnu ou Narayana. O Senhor Sri Krsna é a original Personalidade de Deus, a suprema causa de todas as causas. Esse verso indica claramente que as encarnações da Personalidade de Deus, tais como Sri Rama, Nrsimha e Varaha são todas, indubitavelmente, pertencentes ao grupo de Visnu, mas todas Elas são ou porções plenárias ou porções de porções plenárias da original Personalidade de Deus, o Senhor Sri Krsna” [VedaBase: Caitanya-caritamrta , Adi-lila 2.67]
Portanto, Madhva Gaudiyas (a) preferem adoram Radha-Krsna a Sriman Narayana, 46
46 Comentário ao Srimad-Bhagavatam 7.9.18 – 25 de fevereiro de 1976, Mayapur.
(b) consideram Goloka Vrndavana, e não Vaikuntha, como o planeta mais elevado 47
47 Vide Sri Brahma-samhita 5.43. Considere também:
Yasodanandana: Nas outras sampradayas Vaisnavas, como a Madhva-sampradaya e a Ramanuja-sampradaya , eles não entendem que Krsna tem Seu próprio planeta, Goloka Vrndavana. Eles pensam que existe apenas Vaikuntha e nada mais.
Prabhupada: O conhecimento deles é imperfeito. No Brahma-samhita está declarado: goloka-namni nija-dhamni tale cha tasya [Bs. 5.43].
, e (c) consideram certos humores devocionais acessíveis apenas através de sua sucessão discipular 48
48 Tamala Krsna: Só para pegar o ponto de Maharaja Acyutananda, parece, então, que os Ramanujis e os Madhvites não aceitam Caitanya Mahaprabhu como a Suprema Personalidade de Deus. Então, como eles podem...
Prabhupada: Então eles não podem entender as rasas superiores [VedaBase: Conversation with Devotees – 31 de março de 1975, Mayapur.
. Há também interessantes episódios com “discussões” entre Sri Vaisnavas e Vaisnavas da Madhva-Gaudiya. Todavia, Srila Prabhupada participava de tais diálogos com grande sensibilidade e respeito mútuo. 49
49 Destaque para a conversão de Venkata Bhatta por Caitanya Mahaprabhu; vide Sri Caitanya-caritamrta , Madhya-lila, capítulo 9.
Sem comprometer sua fidelidade aos princípios peculiares à Madhva-Gaudiya- sampradaya, ele sempre frisava a unidade:
“Todas trazem a mesma conclusão. Os acaryas Vaisnavas, assim como nosso Ramanujacarya, Madhvacarya e Nimbarka, e [...] Visnusvami. Eles são todos do mesmo movimento”. (Carta datada de 19 de fevereiro de 1976, Mayapur)
“Não há diferença. Isso é Vaisnavismo. Todos os Vaisnavas entendem que Visnu é o Supremo. Às vezes acontecem coisas como entender Krsna como uma encarnação de Visnu, e às vezes entender Visnu como uma encarnação de Krsna. Isso são sampradayas... Mas seja como Krsna, seja como Visnu, Ele é o Supremo, isso é aceito por todas”. (DataBase: Discussion. 6 de maio de 1975, Perth)
“Na sampradaya Vaisnava, alguns devotos adoram Radha-Krsna, e outros adoram Sita-Rama e Laksmi Narayana. Alguns também adoram Rukmini-Krsna. Todos esses casais são o mesmo casal, e todos os devotos são Vaisnavas. Se se canta Hare Krsna ou Hare Rama, isso não é importante. A adoração aos semideus, todavia, não é recomendada”. (Ensinamentos do Senhor Kapila, verso 44)
“No verso 154 [Caitanya-caritamrta, Madya-lila, capítulo 9], Sri Caitanya Mahaprabhu deixou isso de forma bem clara: ishvaratve bheda manile haya aparadha. ‘É ofensivo fazer distinção entre as formas do Senhor”. (Caitanya-caritamrt a, Madya-lila, 9.155, significado) .
Tomando uma visão panorâmica, fica claro que o respeito de Srila Prabhupada por Sri Ramanujacarya era intelectual, afetuoso e profundo. Srila Prabhupada, em suas aulas e significados autorizados, citou Sri Ramanujacarya centenas de vezes. Aqui estão alguns exemplos: quando explicando termos-chaves como sanatana dharma 50
50 VedaBase: Bhagavad-gita, Introdução
, bhakti-vedanta 51
51 VedaBase: Narada Bhakti Sutra 29
, e asura 52
52 VedaBase: Bhagavad-gita 7.1 – 14 de fevereiro de 1972, Madras; VedaBase: Sri Caitanya-caritamrta , Madhya-lila 20.353-354 – 26 de dezembro de 1966, Nova Iorque.
, ou o conceito único do Pancha-tattva da Madhva-Gaudiya- sampradaya 53
53 VedaBase: Caitanya-caritamrta , Adi-lila, Introdução
; definindo vida humana como a busca pela verdade Absolua, 54
54 VedaBase: Jacques Maritain
ou fornecendo uma perspectiva correta para o varnashrama- dharma 55
55 VedaBase: Srimad-Bhagavatam 5.19.19
; explicando como essa criação é real e una com Deus, e ao mesmo tempo subordinada a Ele 56
56: Ensinamentos do Senhor Caitanya, 20: O Objetivo do Estudo do Vedanta e Adi-lila 7.122
e Sua eterna propriedade 57
57 VedaBase: Srimad-Bhagavatam 11.12.20
; grifando que a pluralidade de almas é um fato eterno 58
58 VedaBase: Bhagavad-gita 2.8-12 — 27 de novembro de 1968, Los Angeles.
; enfatizando a natureza real e transcendental da personalidade, forma e passatempos do Senhor 59
59 VedaBase: Caitanya-caritamrta , Adi-lila 7.110 e Stotra-ratna 12, VedaBase: Bg 7.24
; embasando a relevância singular do conhecimento escritural 60
60 VedaBase: Caitanya-caritamrta , Madhya-lila 6.135
; falando sobre a meticulosa citação de textos Vedânticos 61
61 “Você vê o comentário de Ramanujacarya ao Bhagavad-gita. Nada mudou. Mas, em cada shloka, ele traz evidências dos Vedas, dos Upanisad. Um acarya nunca muda”. [VedaBase: Interview with Professors O’Connell, Motilal e Shivaram – 18 de junho de 1976, Toronto].
Vide também VedaBase: Room Conversation – 19 de janeiro de 1976, Mayapur; VedaBase: Interview with Professors O’Connell, Motilal and Shivaram — 18 de junho de 1976, Toronto; VedaBase: Evening Darshana, 6 de julho de 1976, Washington, D.F.
; reconhecendo grandes autoridades do Vedanta 62
62 VedaBase: Caitanya-caritamrta , Adi-lila 10.105
; dando exemplo de habilidades polêmicas 63
63 “Dentre os Vaisnavas, ele foi o maior acarya, Ramanujacarya. .. Ainda hoje, no sul da Índia, os Mayavadis e os Ramanujas têm encontros para discussões, e os Mayavadis são sempre derrotados”. [VedaBase: Morning Walk —20 de novembro de 1975, Bombaim. Vide também VedaBase: Krsna, a Suprema Personalidade de Deus 88: A Liberação do Senhor Shiva; VedaBase: Carta a Atreya Rsi — 26 de janeiro de 1972, Nairobi]
; proclamando que, em última instância, todas as escrituras glorificam a Pessoa Suprema 64
64 VedaBase: Srimad-Bhagavatam 10.82.29-30
; exaltando a natureza doce do serviço devocional 65
65 VedaBase: Caitanya-caritamrta , Madhya-lila 8.57
; enfatizando que o serviço a Deus continua após a liberação 66
66 VedaBase: Srimad-Bhagavatam 6.10.11
; ilustrando o poder transformador da castidade feminina 67
67 VedaBase: Bhagavad-gita 1.40 — 28 de julho de 1973, Londres
; afirmando haver completa aversão pelo prazer material após se provar bem-aventuranç a espiritual 68
68 VedaBase: Bhagavad-gita 16.10 — 6 de fevereiro de 1975, Havaí; VedaBase: Srimad-Bhagavatam 1.5.12-13 — 11 de junho de 1969, New Vrndaban.
; indicando o caráter imaculado da moral Vaisnava 69
69 VedaBase: Srimad-Bhagavatam 7.9.52 — 7 de abril de 1976, Vrndavana
, a necessidade de vairagya 70
70 VedaBase: Srimad-Bhagavatam 5.5.1-2 — 7 de setembro de 1973, Stockholm
ou a audácia necessária no serviço devocional 71
71 VedaBase: Srimad-Bhagavatam 1.2.5 — 16 de outubro de 1972, Vrndavana
; justificando a transcendência ao sistema de castas 72
72 VedaBase: Bhagavad-gita 2.26 — 30 de novembro de 1972, Hyderabad; VedaBase: Srimad-Bhagavatam 4.8.54
; exemplificando a distribuição liberal dos santos nomes como ápice da compaixão 73
73 VedaBase: Bhagavad-gita 6.25-29 —18 de fevereiro1969, Los Angeles; VedaBase: Bhagavad-gita 18.67-69 — 9 de dezembro de 1972, Ahmedabad; VedaBase: Srimad-Bhagavatam 4.22.11; VedaBase: Madhya 7.130; VedaBase: Path of Perfection 5: Determination and Steadiness in Yoga; VedaBase: Srimad-Bhagavatam 1.2.11 — 26 de abril de 1974, Tirupati; VedaBase: Room Conversation With John Lennon, Yoko Ono, and George Harrison — 11 de setembro de 1969, Londres, em Tittenhurst; VedaBase: Carta a Satsvarupa — 14 de novembro de 1968, Los Angeles.
; justificando a necessidade de templos 74
74 VedaBase: Srimad-Bhagavatam 7.15.21; VedaBase: Bhagavad-gita 13.15 — 9 de outubro de 1973, Bombaim; VedaBase: Srimad-Bhagavatam 3.26.4 — 16 de dezembro de 1974, Bombaim.
; glorificando o poder da pregação 75
75 VedaBase: Srimad-Bhagavatam 4.28.30
ou exaltando proezas espirituais 76
76 VedaBase: Srimad-Bhagavatam 4.21.33
. Mesmo quando explicava a seus discípulos como proceder com a tradução de seu querido Srimad-Bhagavatam 77
77 “Viraraghavacarya [um acarya Sri Vaisnava], Sanatana Gosvami, Visvanatha Cakravarti. Nós estamos apenas tentando explicar suas idéias. Nós somos muito pequenos”. [VedaBase: Room Conversation About 10th Canto – 16 de outubro de 1977, Vrndavana].
, mesmo nesse mais íntimo serviço, Srila Prabhupada considera Sri Ramanujacarya um valioso aliado. É raro encontrar, em qualquer era ou lugar, tal magnanimidade em um grande erudito.
Com escrupulosa etiqueta, Srila Prabhupada sempre reconheceu a contribuição de outras sampradayas, seja em nível filosófico, social, pessoal ou institucional. Mesmo enquanto líder sem concorrentes de um movimento mundial, ele permaneceu humilde e sempre atento às qualidades dos outros. Sua vida foi exemplar. Isso não se baseia apenas em sua pureza de coração, mas também no seu reconhecimento de si mesmo como um embaixador. Srila Prabhupada via a si mesmo como o candelabro que serviria de suporte para Sri Ramanujacarya, Madhvacarya, Sri Caitanya Mahaprabhu, e outros archotes espirituais. Ele não deixaria, e não deixou, nenhum de seus seguidores ou ilustres predecessores ficarem apagados.
Uma Comparação Salutar
Em seu significado ao Caitanya Caritamrta, Adi-lila 7.128, Srila Prabhupada escreve: “Os argumentos de Sankara, que são os dentes da filosofia Mayavadi, são sempre quebrados pelos argumentos dos filósofos Vaisnavas, como os de Ramanujacarya. Sripada Ramanujacarya e Madhvacarya quebram os dentes dos filósofos Mayavadis, que podem, portanto, ser chamados de Vidantis, ‘desdentados’”.
Há muito, muito tempo atrás, o que era o berço da cultura Védica se tornou a morada do ateísmo. As pessoas não acreditavam mais em Deus, na alma imortal, ou nos Vedas. Adi Sankaracarya formulou, então, a filosofia Advaita com o objetivo de deter essa degradação. A filosofia Advaita cumpriu bem sua função, e as pessoas estava de volta no caminho Vedântico: havia, novamente, um Ser Espiritual Supremo e Transcendental, a alma era imortal, e os Vedas e Upanisads ganharam novamente autoridade.
Todavia, o gênio acabou se tornando maior que a lâmpada. O comentário de Adi Sankaracarya a neti neti, tat tvam asi e aham brahmasmi se tornou os três dentes do gênio, agora conhecido como Mayavada. Ao invés de ser o precursor do teísmo devocional, a filosofia Mayavada se tornou seu inimigo.
Sri Ramanujacarya, com a maça de seu Sri-bhashya, quebrou os três dentes da filosofia Mayavada e proclamou a era de ouro do Vaisnavismo. Aqueles que vieram após Sri Ramanujacarya, como Madhvacarya, Nimbarka Svami, Vallabhacarya e Sri Caitanya Mahaprabhu, distribuíram a devoção ao longo daquela terra.
A filosofia Mayavada caíra, mas não morrera. Por séculos ela ficou caída, lambendo as próprias feridas. Gradualmente, seus dentes renasceram mais afiados do que nunca, agora, com o suporte de diversas doutrinas não encontradas nos trabalhos originais de Adi Sankaracarya. Com o advento do colonialismo e do transporte moderno, o mundo estava se tornando uma vila global. A filosofia Mayavada viu alguma esperança nos pastos frescos, nas vilas virgens. Trazendo à vida uma tropa de gurus freelancers, a filosofia Mayavada se apresentou mundialmente como o Vedanta.
Assim, quando a filosofia Mayavada estava encontrando grande prazer: nasce um homem – um homem tão destemido quanto gentil. Armado com as obras de grandes acaryas Vaisnavas, ele perseguiu a filosofia Mayavada e provou ser ela uma grande farsa. Primeiro a América, então a Europa, África, Rússia, Austrália – em todos os lugares as pessoas foram levadas de volta ao Supremo. Talvez lhe tenha sido especialmente gratificante, junto com a ascensão mundial do Vaisnavismo, os indianos reencontrem suas próprias raízes devocionais. Por fim, ele voltou para sua amada Vrndavana, adorado por devotos de Krsna de todas as raças, cores, idades e berços – uma verdadeira Nação Unida.
O que Sri Ramanujacarya deu início no começo do milênio, Srila Prabhupada concretizou em seu final. Sri Ramanujacarya derrotou a filosofia Mayavada na Índia; Srila Prabhupada a derrotou no mundo inteiro. Sri Ramanujacarya contou com um batalhão de incansáveis Vaisnavas; Srila Prabhupada começou sozinho, sem a ajuda sequer de seus irmãos espirituais. Sri Ramanujacarya cantou bem alto os santos nomes da torre de um templo; Srila Prabhupada cantou nos subúrbios de Nova Iorque. Sri Ramanujacarya pregou para aqueles que acreditavam no athato brahma-jijnasa (Vedanta-sutra 1.1.1) 78
78 Vedanta-sutra 1.1.1
: insatisfeito com a religiosidade ritualística, pregou a busca pela espiritualidade genuína; Srila Prabhupada pregou para todos – mesmo vagabundos, drogados e mulherengos – athato brahma-jijnasa: vocês já experimentaram de tudo, agora experimentem Krsna. Sri Ramanujacarya deixou bem claro que o propósito de sua filosofia era desenvolver devoção pelo Senhor; Srila Prabhupada era a própria personificação de Bhakti e do Vedanta 79
79 O título “Bhaktivedanta” foi dado a Srila Prabhupada no ano de 1947 pela Gaudiya Vaisnava Society.
. Sri Ramanujacarya construiu uma fundação na qual todos os Vaisnavas podem se apoiar; Srila Prabhupada construiu uma sociedade na qual todos podem viver.

p/ Dr. A.D. Srirangapriya Ramanujadasan
Tradução por Bhagavan dasa (DvS)

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